ANTROPOLOGIA
por DN.ptHoje
O 'homem dos Gelos' tinha 46 anos e pesva cerca de 50 quilos quando morreu
Fotografia © Nature Communications
Um grupo de cientistas conseguiu sequenciar o genoma completo de Otzi, o homem dos gelos, com mais de 5300 anos, cujo corpo foi encontrado em 1991.
A investigação foi publicada pela revista 'Nature Communications' e revela que tinha os olhos castanhos, era de grupo sanguíneo O e intolerante à lactose; além do mais, tinha predisposição genética a padecer de doenças cardiovasculares.
A análise do ADN revelou ainda estar aparentado aos atuais habitantes da Córsega e da Sardenha, ou não tivesse sido encontrado nos Alpes italianos.
Albert Zink, do Instituto Eurac em Bolzano (Itália), que dirigiu a investigação, explicou que a análise do ADN representa um grande avanço para conhecer a fundo uma das múmias naturais más estudads pela comunidade científica.
A análise do ADN sugere ainda que, provavelmente, os seus antepassados emigraram para o Médio Oriente numa época de transição para a agricultura, o que pode explicar a intolerância à lactose.O 'Homem dos Gelos' media 1,59 e pesava cerca de 50 quilos e teria 46 quando morreu. A causa de morte foi um ferimento por flecha, provavelmente no decurso de um confronto.
A múmia do Homem do Gelo (DR)Reconstituição de Ötzi
Homem do Gelo tinha olhos castanhos, tez branca e intolerância à lactose
28.02.2012 - 23:20 Por Nicolau Ferreira
A múmia mais completa de sempre, encontrada em 1991, nos Alpes italianos, continua a ser uma fonte de informação. Agora foram reveladas as conclusões da análise genética do seu ADN. Ötzi teria olhos castanhos e pele branca, era intolerante à lactose e tinha disposição genética para ter problemas cardíacos, revela o estudo publicado nesta terça-feira na revista Nature Communications.
A história deste representante do neolítico, que morreu há 5300 anos, por motivos mais ou menos misteriosos, mas que envolveram certamente uma seta que carrega no ombro esquerdo e um corte na mão direita, é rica em detalhes conhecidos nos últimos 20 anos.
Em 1991, um casal de alpinistas alemão encontrou no Vale Ötzal, a 3120 metros de altura, um corpo mumificado, que estava protegido há milénios da deterioração pelo frio, pela escuridão e pelo gelo. O Homem do Gelo foi encontrado e descrito.
Como múmia, Ötzi é mais completo do que os faros egípcios, pois continua a ter todos os órgãos, que nos faraós foram retirados. Tinha 1,59 metros, pesava em vida 50 quilos e quando morreu teria cerca de 46 anos. Vestia coro de cabra e tinha se alimentado, recentemente, de carne de veado e cabra.
O cabelo era rico em arsénio e cobre, o que poderá indicar que trabalhava com a fundição de cobre. Com ele viviam uma série de parasitas: piolhos do cabelo, piolhos do corpo, lombrigas. Sofria de artrose. Tratava-se para algumas destas maleitas e, para um homem do neolítico, viveu bastante.
Já a causa da sua morte é mais especulativa. Primeiro julgou-se que tinha sido apanhado numa tempestade de neve. Depois descobriu-se que tinha uma seta enfiada no ombro esquerdo que o terá ferido mortalmente e uma outra ferida profunda na mão direita. Os cortes terão-no feito perder sangue durante horas, em sofrimento, até morrer e indicam ter havido uma luta. Mas por quem e em que contexto, não se sabe.
Os novos dados caracterizam a genética e fisiologia deste antepassado. A equipa liderada por Albert Zink, do Instituto de Múmias e do Homem do Gelo, ligado ao Museu Arqueológico de Bolzano, na Itália, onde está a múmia, analisou o ADN celular pela primeira vez.
Até agora, só se tinha sequenciado o ADN das mitocôndrias, as baterias das células. Desta vez, com a ajuda de uma nova tecnologia, sequenciou-se o ADN dos cromossomas de Ötzi.
Os resultados mostram que o Homem do Gelo tinha “provavelmente olhos castanhos, pertencia ao grupo sanguíneo O e era intolerante à lactose [o açúcar do leite]”, revela o artigo. Além disso, tinha pele branca e tendência genética para aterosclerose coronária.
“Andámos a estudar o Homem do Gelo durante 20 anos. Sabemos tantas coisas sobre ele – onde viveu e como morreu – mas sabíamos muito pouco sobre a sua genética e a informação genética que carregava consigo”, disse Zink à BBC News. A equipa também encontrou informação genética da bactéria que causa a doença de Lyme, que é transmitida pela carraça. É a indicação mais antiga desta doença.
Mas esta nova análise de Ötzi também serviu para comparar a sua assinatura genética com as populações humanas que existem hoje na Europa. Os resultados foram surpreendentes. A população mais próxima do Homem do Gelo vive hoje na ilha da Sardenha, no Mediterrâneo.
Uma das hipóteses é a população na Sardenha “representar uma relíquia da população genética que existia na Itália durante a pré-história, mas que agora está transformada devido fenómenos de migrações e mistura genética posteriores”, sugeriu Peter Underhill, citado num blogue da Scientific American. O investigador da Universidade de Stanford, na Califórnia, fez parte da extensa equipa de investigadores.
A análise da sequência genética vai continuar. “Gostaríamos de aprender mais com estes dados – estamos apenas no início da sua análise”, disse Zink. Ficamos à espera dos próximos capítulos sobre a história de Ötzi.
Sem comentários:
Enviar um comentário