Discurso de Lula da Silva (excerto)

___diegophc

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cartas de amor



Todas as cartas de amor...



Fernando Pessoa
(Poesias de Álvaro de Campos)
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Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
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Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
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As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
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Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
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Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
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A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
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(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

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Álvaro de Campos, 21/10/1935

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Titulo da Música: Cartas De Amor
Artistas; Francisco José/ Toni de Matos
Música e Letra: Alves Coelho Filho
 
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Letra:
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Como jurei,
Com verdade o amor que senti
Quantas noites em claro passei
A escrever para ti
Cartas banais
Que eram toda a razão do meu ser
Cartas grandes extensas iguais
Ao meu grande sofrer
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Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
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Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem
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Porém de ti
Nem sequer uma carta de amor
Uma carta vulgar recebi
Pra acalmar minha dor
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Mas mesmo assim
Eu para ti não deixei de escrever
Pois bem sabes que tu para mim
És todo o meu viver
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Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
.
Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem.
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Wednesday, April 20, 2005


Cartas de amor


As cartas de amor já não se usam. Digo isto sem rancor ou saudosismo. Foram substituídas por SMS palpitantes e conversas de Messenger agitadoras. Nada de mal com isso. As cartas de amor são ridículas. Até o incontestavelmente brilhante Fernando Pessoa teve momentos muito pouco dignos ao escrever à sua Ofélia coisas como: “ Mando um meiguinho chinez (sic). E adeus até amanhã, meu anjo. Um quarteirão de milhares de beijos do teu, sempre teu, Fernando” (não, não sou eu que estou a inventar isto). Depois desta explicação destrutiva das cartas de amor, resta acrescentar a esta nota prévia que o post que se segue é sobre uma das várias cartas de amor que eu já escrevi na vida. E sim, eu devia ter vergonha.
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A carta em questão foi escrita pura e simplesmente por falta de coragem de fazer as coisas de outra maneira. Porque o rapazinho em questão me deixava em pânico descontrolado e a hipótese de lhe tentar dar um beijo levaria por certo a que eu lhe vazasse um olho com o meu nariz. Porque falar com ele em pessoa seria ter de lidar cara a cara com um "não" mais que provável. Porque não aguentava mais aquela onda pateta do “eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes”.
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Então, escrevi uma carta onde despejei o que me ia na alma. Nunca tive resposta. A carta foi escrita faz agora um ano. E soube ontem, numa confissão a medo de uma amiga comum, que aquela carta foi lida por meio mundo. Passou de mão em mão com um sorriso e um “olha lá o que ela me escreveu”.
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Esta revelação poderia ter-me custado muito, mas a verdade é que até nem custou. Primeiro, porque serviu como prova de que o amor nos tolda mesmo os juízos de valor (e deu um novo significado à alcunha do rapaz em questão, conhecido devido à sua profissão como “Palhaço”). Mas sobretudo porque a partir do momento em que se tem um blog, partilhar o que fervilha cá dentro com amigos, conhecidos ou completos estranhos já não me mete grande confusão. E, modéstia à parte, aquela carta foi dos melhores posts que já escrevi.
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posted by SR | 12:59 PM
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