hertzonline
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* Victor Nogueira
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O novo Ministro da Educação, José Hermano Saraiva, o agora bonacheirão, populista e apreciado «historiador» e apresentador com cadeira cativa na Televisão do regime «democrático», apesar de admirador confesso de Salazar e do seu regime, fez na TV de então um discurso inaugural intimidatório mas que se revelou inútil.
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Dossier sobre o 40º Aniversário da Crise Académica - 1962-2002 (Auto executável-zip)
Domingo, Abril 17, 2005
17 DE ABRIL DE 1969
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Entre 1965 e 1968 não foi permitido aos estudantes a escolha dos seus corpos gerentes.Em 1968, por iniciativa do Conselho de Republicas (CR) e de vários Dirigentes de Organismos Autónomos, foi criada uma Comissão de Pró-Eleições: o objectivo era de promover o Acto Eleitoral, sendo apenas possível após a recolha de 2500 assinaturas num abaixo assinado que foi entregue ao Reitor da Universidade de Coimbra, Andrade Gouveia.
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Após vários recuos e avanços, as eleições realizam-se no final do mês de Fevereiro. Comparecem a este acto eleitoral duas listas: a do Conselho de Repúblicas (CR) e a do Movimento de Renovação e Reforma (MRR). O Conselho de Repúblicas ganha as eleições com cerca de 75% dos votos, avançando com uma linha crítica de contestação à Universidade e a todo o Regime em geral.
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Um mês mais tarde a Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra eleita é convidada para a cerimónia de inauguração do edifício das Matemáticas da Faculdade de Ciências. A DG não só aceita o convite como afirma publicamente a intenção intervir na cerimónia proferindo algumas palavras de descontentamento sobre a situação do ensino da Universidade de Coimbra e no resto do país."Em conversa tida com o Magnifico Reitor expusemos conjuntamente (Associação Académica de Coimbra e a Junta de Delegados das Ciências), a nossa pretensão em nos fazermos ouvir.
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Foi-nos alegado:
1. O Magnífico Reitor ao discursar, representava a Universidade;
2. A possibilidade de um estudante falar vinha prejudicar as prescrições protocolares;
3. O senhor presidente da república tinha de visitar o edifício, o que não lhe permitia um alargar da secção;
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… verdadeiramente conscientes, dum dever irmos esgotar todas as vias para que os estudantes, estando presentes, possam participar na sessão inaugurativa"
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Na manhã de dia 17 de Abril de 1969 vivia-se em frente ao Departamento de Matemática um cenário pouco característico para uma ditadura, onde as palavras de ordem eram: "Impõe-nos o diálogo de silêncio", "Intervenção das AEs na vida e reforma da Universidade", "Ensino para todos", "Estudantes no Governo da Universidade", "Exigimos Diálogo", "Democratização do Ensino". No interior do edifício, na actual Sala 17 de Abril, o presidente da DG/AAC, Alberto Martins, acompanhado por Luís Lopes, presidente do TEUC, e Luciano Vilhena Pereira, presidente do CITAC, pede a palavra a Américo Tomás, Presidente da República, que lhe responde de forma inconclusiva.
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A cerimónia termina abruptamente e toda a comitiva se retira protegida pelos agentes da Pide/DGS.Nessa noite Alberto Martins é preso à porta da Associação Académica de Coimbra por volta das duas horas da madrugada.A notícia da prisão de Alberto Martins corre rapidamente, os estudantes mobilizam-se em frente à esquadra, originando confrontos e feridos. Na manhã seguinte Alberto Martins é libertado. Durante a tarde do dia 18 há Assembleia Magna, resultando na conclusão da necessidade do aumento da participação activa dos estudantes na vida universitária.Decreta-se o "Luto Académico" a 22 de Abril.
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O período do "Luto Académico" e da "Greve às Aulas" caracterizou-se pelo debate em torno dos problemas das faculdades, da Universidade e do país. As iniciativas de contestação ao regime, também se repercutiram nas actividades culturais e desportivas, ao ponto da Queima das Fitas de 1969 ter sido cancelada:"O Conselho de Veteranos decretou o luto, com capa e batina fechada e proibição do uso de insígnias, e a Reunião Geral de Grelados deliberou o cancelamento da Queima das Fitas".
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Mais tarde e após a Assembleia Magna do dia 28 Maio, nos jardins da AAC, com a participação de cerca de 6000 estudantes, iniciam-se novas formas de luta: ao a "Greve aos Exames" (com uma adesão de 85%), a "Operação Balão" e a "Operação Flor".
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O 17 de Abril de 69 foi o início de um processo de contestação estudantil em que "o objectivo era pôr em causa a Universidade para pôr em causa a sociedade", que viria a terminar com a "Revolução dos Cravos" cinco anos mais tarde no 25 de Abril de 1974, na medida em que conseguiu bloquear a acção do Governo e consciencializar social e politicamente as gerações futuras.
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1969
Coimbra. Crise estudantil - Escadas Monumentais
| 3 de Fevereiro Assassínio, em Der-es-Salam, de Eduardo Mondlane, líder da FRELIMO. 17 de Abril 15 de Maio 26 de Outubro 17 de Novembro . ver também 1969 - Da crise de Coimbra às eleições marcelistas... . |
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