Para Cecília
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Umas das facetas de Malhoa, também pintor da vida quotidiana do povo, neste caso no seu lado menos "nobre", das vielas, túgurios e da mulher-objecto, em "Não Venhas Tarde", apesar do Conde de Vimioso, do Marquês de Marialva e d'O Embuçado ou seja, entre a pobreza e a "Nobreza". (VN)
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prima por extravagante e ocioso. Fadista que pertence a família distinta ou que o aparenta.» O Marquês de Marialva propriamente dito foi Dom Pedro de ...
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Marialvismo
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Carregado por BentoMachado em 21 de Nov de 2008
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João Ferreira Rosa : Embuçado
Letra e música: João Ferreira RosaPaulo LimaNoutro tempo a Fidalguia.
Que deu brado nas toiradas
Andava p'la Mouraria
Onde muito falar se ouvia
Dos Cantos e Guitarradas
A história que eu vou contar
Contou-me certa velhinha
Certa vez que eu fui cantar
Ao salão de um Titular
Lá para o Paço da Rainha
E nesses salão doirado
De ambiente Nobre e sério
Para ouvir cantar o Fado
Ia sempre um Embuçado
Personagem de mistério.
Mas certa noite ouve alguém
Que lhe disse, erguendo a fala:
- Embuçado, nota bem:
Que hoje não fique ninguém
Embuçado nesta sala!
Perante a admiração geral
Descobriu-se o Embuçado
Era El-Rei de Portugal
Houve beija-mão real
E depois cantou-se o Fado
DINA TERESA CANTA «O VELHO FADO DA SEVERA» por pborgesalmeida
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Carregado por GalaicoBorges em 22 de Abr de 2008
Não venhas tarde!,
Dizes-me tu com carinho,
Sem nunca fazer alarde
Do que me pedes, baixinho.
Não venhas tarde!,
E eu peço a deus que no fim
Teu coração ainda guarde
Um pouco de amor por mim.
Tu sabes bem
Que eu vou p'ra outra mulher,
Que ela me prende também,
Que eu só faço o que ela quer,
Tu estás sentindo
Que te minto e sou cobarde,
Mas sabes dizer, sorrindo,
Meu amor, não venhas tarde!
Não venhas tarde!,
Dizes-me sem azedume,
Quando o teu coração arde
Na fogueira do ciúme.
Não venhas tarde!,
Dizes-me tu da janela,
E eu venho sempre mais tarde,
Porque não sei fugir dela
Tu sabes bem
Que eu vou p'ra outra mulher,
Que ela me prende também,
Que eu só faço o que ela quer,
Sem alegria,
Eu confesso, tenho medo,
Que tu me digas um dia,
Meu amor, não venhas cedo!
Por ironia,
Pois nunca sei onde vais,
Que eu chegue cedo algum dia,
E seja tarde demais!
Dizes-me tu com carinho,
Sem nunca fazer alarde
Do que me pedes, baixinho.
Não venhas tarde!,
E eu peço a deus que no fim
Teu coração ainda guarde
Um pouco de amor por mim.
Tu sabes bem
Que eu vou p'ra outra mulher,
Que ela me prende também,
Que eu só faço o que ela quer,
Tu estás sentindo
Que te minto e sou cobarde,
Mas sabes dizer, sorrindo,
Meu amor, não venhas tarde!
Não venhas tarde!,
Dizes-me sem azedume,
Quando o teu coração arde
Na fogueira do ciúme.
Não venhas tarde!,
Dizes-me tu da janela,
E eu venho sempre mais tarde,
Porque não sei fugir dela
Tu sabes bem
Que eu vou p'ra outra mulher,
Que ela me prende também,
Que eu só faço o que ela quer,
Sem alegria,
Eu confesso, tenho medo,
Que tu me digas um dia,
Meu amor, não venhas cedo!
Por ironia,
Pois nunca sei onde vais,
Que eu chegue cedo algum dia,
E seja tarde demais!
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Fado “Embuçado” é dedicado
a D. Carlos que aprendeu a tocar guitarra
16 juin 2008
O Rei D. Carlos, assassinado há cem anos, gostava de toiradas e de fados, indo ao encontro de uma tendência cultural das época que visava “revalorizar as coisas nacionais”, diz o historiador Rui Ramos.
O fado “Embuçado”, da autoria de Gabriel de Oliveira, “é uma homenagem ao Rei que ia muito aos fados e tinha até aprendido a tocar guitarra portuguesa com João Maria dos Anjos”, diz o fadista Miguel Silva, 91 anos, que conviveu com o poeta, falecido em 1953.
“O Gabriel, que ficou conhecido aqui na Mouraria [Lisboa] como ‘Gabriel Marujo’ era um integralista monárquico, e fez o fado para a Natália dos Anjos, que foi sua companheira cantar em homenagem ao Rei”, afirma Miguel Silva.
O tema “Embuçado” tornou-se conhecido na voz de João Ferreira Rosa, que o começou a cantar em 1962, com música de Alcídia Rodrigues, habitualmente designada como “Fado Tradição”.
“Quem me deu a letra foi a fadista Márcia Condessa e gravei o fado em 1965, e de facto escolhi pela música do fado Tradição”, disse João Ferreira Rosa.
Originalmente, Natália dos Anjos cantava-o na música do “Fado Natália” de autoria de José Marques ‘Piscalarete’.
O musicólogo Rui Vieira Nery afirma “que há de facto essa tradição oral de que o Rei ia aos fados e há documentação relativamente ao facto de ter aprendido a tocar guitarra portuguesa, ainda na juventude, com João Maria dos Anjos”.
“Sabe-se que o Rei ia muito a patuscadas, nomeadamente para a Costa de Caparica, e neste contacto com as classes populares era natural haver fado”, disse Nery.
Não há notícia de alguma vez ter tocado guitarra portuguesa em público, adiantou Nery, mas “sabe-se que aplaudiu entusiasticamente o guitarrista Petrolino, quando este actuou na embaixada inglesa em Lisboa, no âmbito da visita de Eduardo VII”.
“Sabe-se também que o próprio Rei chegou a convidar o fadista Fortunato Coimbra para cantar no iate Amélia”, acrescentou o musicólogo.
Nesta altura, explicou o investigador, começa a tornar-se hábito, fadistas populares serem “expressamente convidados para actuarem nos palácios dos condes de Anadia, de Burnay, de Fontalva, de Pinhel, da Torre ou dos marqueses de Castelo Melhor para além das casa agrícolas de grandes latifundiários como os Palha Blanco ou Camilo Alves”. O historiador Rui Ramos salienta que o gosto de D. Carlos enquadra-se “numa viragem no fim do século XIX em que se revaloriza o que é nosso, a vida rural, as toiradas, o fado, etc.”.
“D. Carlos está muito identificado com esta tendência. Gosta do Alentejo, de se vestir de lavrador alentejano, gosta de estar e ser um deles, usa até expressões populares nas suas cartas”, afirmou Rui Ramos.
Por outro lado, acrescentou o investigador da Universidade de Lisboa, este gosto vem “ao arrepio da tradição da monarquia liberal que é erigida contra a vida marialva que caracterizava a fidalguia, no esteio da fama de D. Miguel I”.
“D. Luís, seu pai, não gostava de toiradas que foram aliás abolidas em 1834 pois eram vistas como um desporto bárbaro e que incentivava à ferocidade da população”, acrescentou.
Segundo Rui Ramos, biógrafo do monarca, D. Carlos “não tem da vida uma concepção austera ou trágica como D. Pedro V, seu tio”.
“Vive de estímulos externos, gosta da vida ao ar livre, gosta de caçadas, vela, nadar, jogar ténis, pratica esgrima, equitação. Não é um intelectual, não tem uma vida interior, no sentido de reflectir muito”, disse.
Rui Vieira Nery afirmou que, de facto, o Rei “era dado a uma alegre convivência” e segundo Rui Ramos, D.Carlos gostava de companhias femininas e “teve várias amantes”.
“Sabe-se que a partir de dada altura o casal real não tem vida conjugal. Viviam no Palácio das Necessidades [Lisboa] mas separadamente, D.ª Amélia na ala residencial e D. Carlos na ala conventual”.
“Relativamente às suas amantes, há até documentação, nomeadamente sobre um caso com a mulher do embaixador brasileiro, através dos escritos deixados pelo médico da Corte, Thomaz de Mello Breyner”.
Rui Ramos salientou ainda “a dimensão de ‘dandy’ do Rei, sempre vestido ‘muito à moda’, usava por exemplo chapéu de abas moles, chamado na época ‘republicano’”, afirmou.
“Esta dimensão aproxima-o do Príncipe de Gales, seu contemporâneo”, futuro Eduardo VII que quando visitava Lisboa ia ouvir fado.
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