Discurso de Lula da Silva (excerto)

___diegophc

sábado, 25 de junho de 2011

João Abel Manta - Caprichos e Desastres

Clicar na hiperligação
http://multimedia.publico.pt/PhotoGallery/Pagina?page=13

João Abel Manta - Caprichos e DesastresJoão Abel Manta - Caprichos e Desastres
João Paulo Cotrim 
Editora: 
Assírio & Alvim 
Colecção: 
B.D. / Cartoons / Ilustração 
Tema: 
Arte 
Ano: 
2008 
Tipo de capa: 
Cartonada 
ISBN 9789723713527 | 207 págs.
Peso: 1.345 Kg

  


CONTEÚDO
Depois de Rafael Bordalo Pinheiro, Stuart Carvalhais e André Carrilho, dedicamos este volume à obra de João Abel Manta (Lisboa, 1928). O texto é, como nos volumes anteriores, de João Paulo Cotrim, que aponta «a força das imagens» como critério decisivo na selecção das reproduções que aqui figuram. Formado em arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, começou desde cedo a publicar desenhos em órgãos de imprensa. Desenhou para O Século Ilustrado, Gazeta Musical e de Todas as Artes, Seara Nova, Eva e sobretudo para o Diário de Lisboa, ficando conhecido maioritariamente pelas caricaturas que fez da sociedade portuguesa, e cujo traço grosso e simples é ainda hoje reconhecido.
.
Actualmente, João Abel Manta dedica-se à pintura.
.
«Em João Abel Manta cruzam-se, além das disciplinas da pintura e do design, que convoca amiúde para o seu labor de livre comentador, um agudo sentido de observação, o desejo de intervir muito para além do acto criativo, a persistência na abordagem de questões-chave como a condição humana, tocada pelo absurdo, e uma obsessão com as questões da nacionalidade, no que constitui uma relação bastante dúbia com os acontecimentos. Além de uma rara capacidade para traduzir interpretações em imagens poderosas, que o foram em datas concretas, contribuindo em muito para um imaginário colectivo da sociedade portuguesa do pós 25 de Abril.»
(excerto)

.
.

Arte: Obra gráfica de João Abel Manta recordada em "Caprichos e Desastres"

Lisboa, 23 Jun (Lusa) - A obra gráfica de João Abel Manta, "um clássico contemporâneo" das artes plásticas portuguesas, é recordada na obra "Caprichos e Desastres", que o investigador João Paulo Cotrim lança esta semana pela Assírio & Alvim.

Lusa
15:29 Segunda feira, 23 de junho de 2008
Expresso










Lisboa, 23 Jun (Lusa) - A obra gráfica de João Abel Manta, "um clássico contemporâneo" das artes plásticas portuguesas, é recordada na obra "Caprichos e Desastres", que o investigador João Paulo Cotrim lança esta semana pela Assírio & Alvim.
O livro, uma antologia selectiva só da obra gráfica de João Abel Manta, é o quarto que o autor publica na Colecção Prémio Stuart, juntando-se a obras dedicadas a Rafael Bordalo Pinheiro, Stuart de Carvalhais e André Carrilho.
Aproveitando os 80 anos que João Abel Manta cumpre em 2008, João Paulo Cotrim aborda a obra gráfica de um artista que considera "um clássico contemporâneo", como explicou à agência Lusa.
Nascido em Lisboa em 1928 no seio de uma família de pintores, João Abel Manta é uma referência no cartoonismo português com "uma obra gráfica muito forte", que reflectiu um "grande desejo de intervenção social".
Ao longo das cerca de 200 páginas de "Caprichos e Desastres", João Paulo Cotrim desvenda um pouco a história de João Abel Manta, um homem que "tem uma biografia confidencial", e apresenta ensaios de enquadramentos da obra gráfica do artista, formado em Arquitectura.
"Foi uma referência no cartoonismo quase por razões circunstanciais", explica João Paulo Cotrim, já que muita da sua obra gráfica foi produzida ainda durante o Estado Novo, nas páginas dos jornais, com desenhos e caricaturas de figuras e situações políticas.
Abel Manta viu muito do seu trabalho ser censurado, mas com o 25 de Abril, os cartoons nas páginas de jornais passaram a ser vistos como ícones, defendeu João Paulo Cotrim.
"Ele tinha uma grande fixação por temas sobre Portugal, sobre os fantasmas da Nação e revelava uma reflexão crítica muito forte", disse de João Abel Manta, que começou a publicar cartoons em finais dos anos 1940.
João Paulo Cotrim dedicou cerca de um ano a pesquisar e a escrever este ensaio sobre a obra gráfica de Abel Manta, recorrendo ao espólio depositado no Museu Bordalo Pinheiro e vários jornais onde o artista publicou os seus trabalho, nomeadamente Diário de Lisboa e Jornal de Letras, onde foi um dos fundadores.
Além da caricatura e do cartoon, a obra gráfica de Abel Manta estende-se à filatelia, design de livros e cartazes e ilustração.
"Ele quase nem precisava da actualidade para desenhar, mergulhava nas raízes dos acontecimentos", referiu João Paulo Cotrim, que em "Caprichos e Desastres" aborda a relação de Abel Manta com a imagem, a palavra, através dos retratos de vários escritores, e a realidade.
Filho dos pintores Abel Manta e Clementina Carneiro de Moura, João Abel Manta teve uma "formação plástica muito forte", aliada a um pensamento social e posições ideológicas de esquerda.
Actualmente João Abel Manta dedica-se sobretudo à pintura.
O lançamento de "João Abel Manta: Caprichos e Desastres" está marcado para o dia 25 no Hotel Ritz, em Lisboa, com apresentação de David Santos, director do Museu do Neo-Realismo, na mesma ocasião em que serão entregues os prémios da quinta edição do Prémio Stuart de Desenho de Imprensa.
SS.
Lusa/fim

.





Jornal de Notícias, 11 de Agosto de 2008
Retalhos de Manta
Pedro Cleto
Convite à descoberta da obra gráfica de João Abel Manta


Em "João Abel Manta - Caprichos e Desastres", com o pretexto (desnecessário) dos 80 anos do artista, João Paulo Cotrim leva-nos num longo e detalhado passeio pela obra gráfica de Manta, um dos mais interessantes e estimulantes artistas plásticos que o século XX deu a Portugal, "uma obra múltipla que respira, que não se consegue prender no fio de uma metáfora apenas".

Nas mais de duas centenas de páginas deste álbum, Cotrim apresenta alguns (dos muitos) momentos significativos da sua arte, propondo-os ao leitor da forma como os vê, à luz do tempo em que foram executados - mas também à luz do tempo em que são (re)interpretados - enquanto nos desafia a (re)vê-los à nossa maneira, à luz da nossa formação/da nossa intuição, nas suas múltiplas leituras.

Contido nas palavras, dando espaço às imagens, Cotrim ajuda-nos a descobrir uma imensa manta de retalhos. Retalhos (de Manta) multiformes nas técnicas utilizadas (desenho livre ou trabalhado, colagens, fotocomposições e técnicas mistas várias) ou nas temáticas abordadas (dos trabalhos mais conhecidos à ilustrações de obras literárias, das célebres capas do "JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias" aos retratos de personalidades da vida cultural portuguesa, passando até por obras que a censura forçou à gaveta), com os quais o artista construiu um retrato lúcido e mordaz, marcante, por vezes incomodativo, deste país que é Portugal, afinal mote (quase) único de toda a sua criação, nas suas grandezas e misérias. Ou, talvez, na grandeza das suas misérias.



O cartoonista da Revolução


João Abel Manta - Caprichos e Desastres
João Paulo Cotrim
Assírio & Alvim, El Corte Inglés e C.M.L. - Museu Bordallo Pinheiro


Com uma diversificada obra como arquitecto, pintor, caricaturista, designer e cenógrafo, João Abel Manta, nascido a 29 de Janeiro de 1928, assinou as primeiras obras nos anos 40 do século passado e diplomou-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1951.

E foi/é também cartoonista, especialmente após o 25 de Abril - sendo por muitos considerado "o cartoonista da revolução" por excelência - sendo de sua autoria as marcantes "Caricaturas Portuguesas dos anos de Salazar" ou um dos mais conhecidos cartazes do MFA.
.
Copyright: © 2008 Jornal de Notícias; Pedro Cleto
.
http://www.bedeteca.com/index.php?pageID=recortes&recortesID=2286
.

 Avante!
  Aconteceu






Abel Manta em exposição

Está patente desde anteontem, no Museu Rafael Bordalo Pinheiro, em Lisboa, uma exposição com mais de 90 peças do artista plástico João Abel Manta, que retratam o «Portugal Pitoresco» dos anos 60 a 80.
.
A mostra, organizada pelo Museu Rafael Bordalo Pinheiro e Câmara Municipal de Lisboa, insere-se no âmbito das comemorações dos 80 anos de João Abel Manta e é baseada no livro «Caprichos e Desastres» do «cartoonista», apresentando uma selecção de caricaturas e cartoons.
.




OPINIÃO - ARTES
Em louvor de João Abel Manta


O nosso maior desenhador humorístico e talentoso ilustrador fez 80 anos este ano e a Assírio & Alvim acaba de publicar uma lindíssima antologia deste mestre, um tributo mais do que merecido a alguém que pode emparceirar com Rafael Bordalo Pinheiro ou Leal da Câmara: “João Abel Manta, Caprichos e Desastres”, por João Paulo Cotrim, Assírio & Alvim 2008.
.
Nascido em meio artístico (filho dos pintores Maria Clementina Carneiro de Moura e Abel Manta), cresceu rodeado de arte, a detestar o Estado Novo, viajou e pôde comparar. Frequentou tertúlias, ouviu os amigos dos pais, conviveu com intelectuais oposicionistas, caso de Lopes Graça, Keil do Amaral ou Abranches Ferrão. E ao formar opinião na oposição ao regime, foi naturalmente influenciado pelos modernismos, o neo-realismo e o surrealismo. Cursou arquitectura, que irá marcar indelevelmente o seu traço na ilustração e no desenho de humor. Abandonou depois a sua profissão para se dedicar às artes plásticas, e dos anos 60 aos anos 80 foi a figura cimeira do desenho de humor e um dos nossos mais criativos ilustradores. Nos anos 50, lançou-se como ilustrador e publicou desenhos no “Século Ilustrado”.
.
A sua ruptura com o modernismo é visível na colaboração que deu à revista “Almanaque”, aqui descobriu uma nova linguagem, uma nova paleta, seguramente que não foi insensível ao trabalho de um dos nossos maiores desenhadores, Sebastião Rodrigues. O que aprendeu na arquitectura e urbanismo, o que reformulou a partir do desenho e das linhas tradicionais, do que assimilou da fotomontagem e da desconstrução surrealista, a par da fórmula solta dos abstraccionismos, trouxe um resultado inovador que o tornou no desenhador moderno que ainda hoje pasma todas as gerações, todos os seus desenhos e grafismos continuam a cortar a nossa respiração. Aos 80 anos, o artista é um clássico numa arte que continua menorizada a despeito de contributos geniais como os de Goya, Daumier, Groz ou Saul Steinberg.
.
O que deixou em o “Almanaque”, “Eva” ou no “Diário de Lisboa” confirma um olhar vivíssimo de onde soube extrair o caricatural, a ironia cáustica ou dissimulada de um quotidiano de um país que abandonava os ritmos agrários, se industrializava e abria ao exterior pela emigração, pelo turismo, pela guerra colonial, pelas trocas comerciais. Tornou-se único, irrepetível, a despeito do experimentalismo que foi introduzindo em todas as fases do seu trabalho. Único, pela vivacidade dos enquadramentos e do que se percepciona a partir das formas e volumes arquitectónicos, o sentido cenográfico minimalista, a acusação não panfletária mas directa que comportam alguns desenhos e os cartazes de luta. Irrepetível, na medida em que manipulou soluções originais onde se misturam em doses exclusivas a arquitectura, as artes gráficas, uma estética refinada de materiais reelaborados por uma vasta cultura que se regista sem qualquer tique exibicionista.
.
A homenagem da Assírio & Alvim inclui sob forma antológica e com comentários de João Paulo Cotrim alguns destes desenhos já intemporais e que apareceram em publicações onde a minha geração o procurava com avidez: Diário de Lisboa, O Jornal de Letras, o suplemento literário do Diário de Lisboa, os livros de José Cardoso Pires e de tantos outros. Desenhos que resistiram à Censura ou que foram cortados, desenhos que constam de um dos livros mais primorosos do humor à escala mundial, “Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar”. Desenhos alquímicos, desenhos de liberdade a seguir ao 25 de Abril, desenhos da condição humana, imagens fixadas de uma sociedade portuguesa que estava resignada ao Salazarismo, ou que dela se afastava, virando as costas ao saudosismo. Minucioso, concebeu o desenho a partir de uma perspectiva de um aluno de arquitectura, desenho de quem soube saborear uma aventura na cenografia teatral. Temos pois o desenho da descoberta, quando ele chega ao Diário de Lisboa, em 1969. O cartoon de combate quando defendeu o Gonçalvismo. O desenho esquemático para uma leitura imediata nos painéis de azulejos. E, acima de tudo, um desenho que quase sempre prescinde da palavra mesmo quando ilustra os livros.
Há quem diga que as ilustrações que dedicou ao “Dinossauro Excelentíssimo”, de José Cardoso Pires, nasceram inultrapassáveis, na sua afoiteza de fotomontagem e da leitura barroca que impedissem a sua destruição pela Censura. Mas esta obra de homenagem compara todos os tipos de ilustração e o resultado, para quem não conhecia ou já tinha esquecido (será possível?) a obra gráfica do Mestre Manta é um achado pela surpresa, pela frescura, pela sua continuidade no tempo presente. Sem nunca fugir ao pitoresco, aos problemas reais e ao combate político, mudou em definitivo o alcance da caricatura e as suas possibilidades geniais. “Caprichos e Desastres” é um livro que só se pode emprestar aos amigos que restituem os nossos tesouros de afecto e cultura, e rapidamente. “Caprichos e Desastres” faz parte dos livros que devem estar de preferência num cofre, ao lado dos valores mais queridos.
.

Sem comentários: