Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 21 de novembro de 2010

Digestivo nº 453 >>> Cinema em 2000-2009

Digestivo nº 453 >>> Cinema em 2000-2009
Ainda que se tenha divulgado que o “cinema de autor” teria morrido, a década de 2000 continuou sendo, felizmente, dos diretores. Foi quando assistimos, por exemplo, à consagração de Pedro Almodóvar, que fechou os 1990 com Tudo sobre Minha Mãe, tendo emplacado nos anos 2000 três obras-primas: Fale com Ela, A Má Educação e Volver. Também os Irmãos Cohen alcançaram o mainstream, abrindo a década com E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, seguido de O homem que não estava lá, Matadores de Velhinha, sua obra-prima Onde os fracos não têm vez e, ainda, Queime depois de ler. Woody Allen oscilou entre a inspiração e o “pastelão”; seus melhores momentos foram: Melinda e Melinda, Match Point (destacando Scarlett Johansson) e Vicky Cristina Barcelona (homenageando Almodóvar, ao “roubar-lhe” Penélope Cruz). Clint Eastwood, mais que ator, foi eminente diretor, em acertos como Cowboys do Espaço, Sobre Meninos e Lobos (consagrando Sean Penn), Menina de Ouro e Gran Torino. Caminhando para o experimentalismo, Gus Van Sant alternou entre o hermetismo de Gerry e Últimos Dias (sobre Kurt Cobain) e a genialidade de Elephant (sobre o massacre na Columbine School) e Milk. David Lynch começou “inteligível” com História Real, ficando no meio do caminho em Mulholland Drive e descambando em Império dos Sonhos. Já Tarantino, que se perdera em Jackie Brown, lançou mais uma obra-prima, em dois volumes, Kill Bill; fechando a década com Bastardos Inglórios. Alejandro González Iñárritu cresceria nos 2000, com Amores Brutos, 21 Gramas e Babel (ainda que tenha se separado de Guillermo Arriaga). No Brasil, Fernando Meirelles atingiria os píncaros da glória com Cidade de Deus, Jardineiro Fiel (já uma produção internacional) e Ensaio Sobre a Cegueira (menos unânime). Walter Salles teve seu grande momento com Diários de Motocicleta; enquanto João Moreira Salles não ficou atrás com Nelson Freire e Santiago. Guel Arraes acertou mais com Auto da Compadecida; e Andrucha Waddington foi bem com Eu Tu Eles e Casa de Areia. Entre os atores, George Clooney esteve no auge com Onze Homens e um Segredo, Boa Noite e Boa Sorte e Conduta de Risco (entre outros). Brad Pitt tomou o lugar que era de Tom Cruise, com Snatch (de Guy Ritchie), O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford e O Curioso Caso de Benjamin Button (entre muitos outros). Matt Damon foi a grande revelação, com a trilogia Bourne. Ainda, Philip Seymour Hoffman, com Deu a Louca nos Astros (de David Mamet), Quase Famosos e Capote (entre outros). Javier Bardem deixou de ser um “ator espanhol”, para conquistar o mundo em Antes do Anoitecer (sobre Reinaldo Arenas), Mar Adentro e, de novo, Onde os fracos não têm vez. Entre os veteranos, brilhou, ainda, Jack Nicholson, com Confissões de Schmidt, Alguém tem que Ceder e Os Infiltrados (uma produção mediana de Scorsese, que patinou, junto com DiCaprio). E teve “desaparecimento precoce”, Heath Ledger, que brilhou em O Segredo de Brokeback Mountain, Não estou lá (encarnando Bob Dylan) e, obviamente, Batman: O Cavaleiro das Trevas. No Brasil, Rodrigo Santoro foi longe com Bicho de Sete Cabeças, Abril Despedaçado, Carandiru (embora Babenco tenha estado melhor em O Passado), Che (de Soderbergh – embora seu melhor filme tenha sido Traffic) e, até, Lost. Entre os “latinos”, foi uma revelação também Gael García Bernal, que trabalhou com Iñárritu, Salles, Almodóvar, Babenco e Meirelles (na mesma década). Ainda entre os brasileiros, Selton Mello esteve trabalhando bastante com Lavoura Arcaica, Os Maias (como “João da Ega”), O Cheiro do Ralo e Meu nome não é Johnny (entre muitos outros). Outras revelações foram João Miguel em Cidade Baixa (com Alice Braga), Cinema, Aspirinas e Urubus e O Céu de Suely; e Gero Camilo, em Cronicamente Inviável, Madame Satã e Narradores de Javé (entre outros). Quanto às atrizes, cresceu, indiscutivelmente, Cate Blanchett, desde Senhor dos Anéis até Indiana Jones 4, passando por O Aviador. Meryl Streep se consagrou, desde A.I. – Inteligência Artificial (o melhor de Spielberg foi Munique) até O Diabo Veste Prada, passando por Adaptação (com Nicolas Cage), As Horas e Dúvida. Nicole Kidman vinha de seu encontro com Kubrick, “trombou” com Lars von Trier em Dogville e parece que nunca mais se recuperou... Scarlett Johansson foi a “revelação”, despontando em Encontros e Desencontros (com Bill Murray, que esteve igualmente ótimo em Flores Partidas) e se consagrando através de Woody Allen. Já Penélope Cruz foi a revelação “latina”, indo de Almodóvar a Allen (também). No Brasil, consagrou-se Maria Luisa Mendonça, desde As Três Marias até Os Sete Afluentes do Rio Ota (no teatro), passando por minisséries e telenovelas. Revelou-se, aqui, Leandra Leal, desde Dias de Nietzsche em Turim até Cazuza (como Bebel Gilberto), passando por Zuzu Angel, Nome Próprio (baseado no livro de Clarah Averbuck) e, igualmente, outras produções televisivas. Ainda na década de 2000, o DVD ameaçou morrer (como o CD) e o Blu-ray não decolou. 2010 acena com o “3D”... – como no caso da animação (onde a Pixar reinou), o Oscar ganharia uma nova “categoria”? 
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