Discurso de Lula da Silva (excerto)

___diegophc

sábado, 30 de agosto de 2008

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Natal - Presépio

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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

João Nogueira Garcia - Poesia e Arte


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Espaço de homenagem a João Nogueira Garcia, um dos fundadores da povoação do Quitexe. Onde se falará da sua grandeza de alma, dos seus poemas, da sua literatura e pintura.
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Sábado, 11 de Agosto de 2007

O TERRORISMO

É a resposta brutal

A todas as injustiças

A todo o mal social

Terrorista Guerrilheiro

Condenado, perseguido

É um homem destemido

Que não luta por dinheiro

Em vida dá o que tem

Dá o bem e faz o mal

Quando procura afinal

Que esse mal seja um bem

Na hora da Libertação

Já não é mais terrorista

É o herói da Nação

O seu maior Estadista

E é nesta contradição

Que não é racional

Que se procura a razão

que há entre o bem e o mal



publicado por Quimbanze às 08:38
link do post


Domingo, 10 de Junho de 2007
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EM MEMÓRIA AOS VELHOS DO QUITEXE (todos meus amigos)

Velho, velho, Maculundo

De tão alva carapinha

Tens a verdade do Mundo

Que ninguém mais adivinha

E quando um dia

Descer à cova

Este velho que foi justo

Que na vida até foi Soba


A mando do Muniputo

Ficará dele uma história

Por sinal bem aflita

Levou com a palmatória

Do cipaio e do capita

Humilhado e surrado

Este homem resoluto

Em vida tão mal tratado

A mando do Muniputo



publicado por Quimbanze às 23:50
link do post
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Terça-feira, 29 de Maio de 2007
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RECORDAÇÕES

Acordei já não dormi

Pus-me então a recordar

O que a saudade faz lembrar

Do tempo que já vivi

Neste mundo que rebola

Que gira sempre, sem findar

Recordei terras de Angola

Onde um dia fui parar

Nada aqui é igual

Do que é em Portugal

Tudo é diferente

Os costumes e a gente

São diferentes no sorrir

E no jeito de vestir

Na maneira de tratar

E na forma de falar

Quando aqui desembarquei

Tinha um desejo muito meu

Ser patrão sempre sonhei!

Vejam só, o que então aconteceu:

Como numa sentença lida,

Eu fui logo promovido

Na hierarquia da vida.

Não me senti ofendido


Mas fiquei muito surpreso,

Com tamanha distinção,

Eu que sempre fui um teso

A ser chamado de patrão

Mas é já uma tradição

É o trato desta gente

Aqui todo o branco é patrão

Mesmo que seja servente



publicado por Quimbanze às 21:34
link do post
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Domingo, 27 de Maio de 2007
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Homenagem

João Nogueira Garcia foi, sem dúvida, um grande varzeense, com um carinho muito especial pela terra adoptiva, o Quitexe. Sempre viveu intensamente tudo o que dizia respeito a estas duas localidades. Tudo o empolgava, como se de um legado pessoal se tratasse. Porque a Várzea (Vila Nova do Ceira) era a sua terra. Aí nasceu,em 1926, estudou e cresceu até que, aos treze anos, ainda menino da sua mãe, foi para Lisboa aprender o ofício de caixeiro. O miúdo, franzino, viu-se, de repente, feito homem na grande urbe, longe dos carinhos maternos. Subiu todos os degraus da profissão e em 1947, com 21 anos, rumou a Angola, no porão de um navio, em busca da terra prometida. Rapidamente a sua experiência no comércio lhe permitiu construir a sua própria casa comercial no posto administrativo do Quitexe, a terceira a ser edificada no local.

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Casou em 1951 com Maria Aline que o acompanhou nas aventuras angolanas e ao longo da vida. O bom relacionamento e o respeito que nutria pelos povos desta região angolana foram fundamentais na expansão das suas actividades. Já em colaboração com o seu irmão Alfredo foi também agricultor de café e industrial. No Quitexe, que rapidamente cresceu e se tornou vila, nasceram os seus filhos. Envolvido na barbárie que toldou os espíritos de portugueses e angolanos em Março de 61, soube afirmar o seu carácter no respeito pela dignidade humana, contra a violência, a vingança e o terror. Deixou-nos o relato desses dias negros no repositório de memórias que é o livro “Quitexe 61 – Uma Tragédia Anunciada”.

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De regresso à sua terra, é aqui que vai refazer a sua vida e empenhar a sua capacidade empreendedora.

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Foi com enorme prazer que o acompanhei, desde miúdo, nesses seus múltiplos empenhos., Em 1964 fundou a Empresa Cerâmica da Várzea, fomentando a criação de emprego e a dinamização do comércio e indústria na sua terra.

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Dedicado Varzeense foi um abnegado impulsionador, fundador e dirigente da Cooperativa Silvo-Agro-Pecuária de Vila Nova do Ceira e esteve na vanguarda do ressurgimento da Filarmónica Varzeense.

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Lutador pela liberdade, contra a ditadura salazarista, participou activamente na oposição democrática, nomeadamente nas campanhas eleitorais de Humberto Delgado, em Angola, e da CDE em 69.

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Não esqueço, como nas eleições de 69, aos 12 anos, ajudei a colar selos nos envelopes que levavam aos eleitores os boletins de voto da Oposição Democrática. Naquele tempo os eleitores tinham que ser portadores do boletim de voto! Eram tempos negros em que a opressão era a lei.

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Foi de uma geração em que, para se ser político interveniente, fora da corte salazarista da União Nacional, era necessário muita coragem, determinação e, acima de tudo, amor à causa da liberdade e desprendimento de valores materiais. Talvez por isso, foi crescendo a sua desilusão com esta sociedade em que o dinheiro é cada vez mais rei e os princípios, as amizades e os compromissos são espezinhados na voragem da ascensão rápida a cargos e honrarias.

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De facto, a sua intervenção não era marcada apenas pelo obreirismo, esgotando aí a sua realização pessoal. Pelo contrário, visava objectivos políticos bem determinados e balizados. E um deles era a esperança que depositava no cooperativismo, como expressão da solidariedade social, sem fins lucrativos, e a negação da exploração humana. Era nestes ideais que acreditava e, por isso, era determinado na sua defesa o que lhe acarretou incompreensões, desapontamentos e até ingratidão.

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Diria, em síntese, que foi um Homem que não se limitou a plantar uma árvore, mas uma floresta inteira;

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Não se limitou a escrever um livro, escreveu muito mais do que apenas as palavras: redigiu um testemunho vivo de que os valores da dignidade, da exaltação da vida, da amizade e da solidariedade são universais, eternos e compensadores;

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Não se limitou a ter filhos, antes cultivou o sentido da família como ponto central de afectos, união, amizades e cumplicidades.


Ao meu Pai, o meu obrigado!

[João Luís Garcia)



publicado por Quimbanze às 15:50
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sábado, 23 de agosto de 2008

As Mulheres - Vítimas do Diabólico Islão ou também na Cristianíssima Civivização Cristã e «Ocidental» ?





Milo Manara (italiano)







Courbet - A Origem do Mundo

Santo Ofício ou Santa Inquisição Católica, Apostólica e Romana - as mulheres -
«filhas do diabo, perdição da humanidade», ou as «Bruxas de Salém», segundo os «puritanos»


Estas são brancas caucasianas «passeando» por estradas Cristãs
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Iraque e bombardeamentos dos EUA
em nome da «Civilização e da Democracia» ou da «Liberdade Infinita»
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* Henrique Ferreira
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Victoríssimo

Bom dia.

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Tens carradas de razão - e os exemplos que utilizas são, de algum modo, elucidativos. Mas, não se pode justificar uma aberração - com outra. Um procedimento reprovável - com outro. Um crime - com outro. Deixemos para trás «coisas» extremamente reptováveis, como as cruzadas, as «conversões» - ou o Cristo ou a espada - a «Santa Inquisição», os «Autos de fé» e muitos mais. Existiram, lamentavelmente. Péssimo!

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Mas, Amigo, o Islão não é brincadeira de crianças. Eu, que andei por muitos países muçulmanos, vi bem (não me contaram, vi, repito) o que se passava, passa e passará numa enorme maioria, em relação os «seres inferiores» que são as mulheres. É uma absoluta diminutis capito, como diziam os Romanos... Não é preciso nada mais: nas mesquitas, a maioria dos «espaços de oração» é interdita às mulheres. E é o local primeiro do Islão...

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Em Meca - vi coisas indescritíveis. Em Meca. Local tão sagrado como... Roma ou Bodigaya... Ou mais. E na Arábia Saudita, e no Irão, e nos Emiratos, e no Iraque, e na Jordânia e em mais dois ou três países em que estive. Estive lá - e vi lá. O fanatismo é reinante. Mais um exemplo? O fundamentalismo islâmico. Também o há no cristianismo, no budismo, no hinduismo e noutros ismos; mas o islâmico é o supra sumo.

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Alem do mais, o poder islâmico, sendo teocrático, é ditatorial. E daí as punições públicas que vão das vergastadas, até à lapidação. Sim, à lapidação - das mulheres!

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Um abração

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Henrique, o Aéfe

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Imagens da responsabilidade do edittor do blog (VN)

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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sergey Khachatryan - violinista

Olá cavaleiro andante

Em resposta aos 3 acenos, a divinal música do jovem violinista Sergey Khachatryan - Fantasía Carmen. Ele, sim, era um teenager verdadeiro quando tive o privilégio de o ouvir na Gulbenkian, nos seus 16 anitos. E até deu um autógrafo à Irina.

Bjs da menina da cor do trigo em flor, com alma peregrina de teenager

Sergey Khachatryan - Fantasía Carmen

alcoyo

http://www.youtube.com/watch?v=9k3SjPOUddA


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----- Original Message -----

From: Victor Nogueira

To: L.M..

Sent: Wednesday, August 13, 2008 5:59 PM

Subject: RE:Teen Olá

Viva

3 acenos e uma esquina de beijos para a menina da cor do trigo em flor :-)

Kant_O_XimPi aka Victor Manuel


De: L.M.
Enviada: quarta-feira, 13 de Agosto de 2008 10:48
Para: vicnog
Assunto: Olá

Olá Víctor, cavaleiro da bruma

Nem um aceno????!!!!

Bjs Madalena


terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cartas de amor



Todas as cartas de amor...



Fernando Pessoa
(Poesias de Álvaro de Campos)
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Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
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Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
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As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
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Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
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Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
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A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
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(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

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Álvaro de Campos, 21/10/1935

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Titulo da Música: Cartas De Amor
Artistas; Francisco José/ Toni de Matos
Música e Letra: Alves Coelho Filho
 
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Letra:
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Como jurei,
Com verdade o amor que senti
Quantas noites em claro passei
A escrever para ti
Cartas banais
Que eram toda a razão do meu ser
Cartas grandes extensas iguais
Ao meu grande sofrer
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Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
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Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem
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Porém de ti
Nem sequer uma carta de amor
Uma carta vulgar recebi
Pra acalmar minha dor
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Mas mesmo assim
Eu para ti não deixei de escrever
Pois bem sabes que tu para mim
És todo o meu viver
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Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
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Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem.
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Wednesday, April 20, 2005


Cartas de amor


As cartas de amor já não se usam. Digo isto sem rancor ou saudosismo. Foram substituídas por SMS palpitantes e conversas de Messenger agitadoras. Nada de mal com isso. As cartas de amor são ridículas. Até o incontestavelmente brilhante Fernando Pessoa teve momentos muito pouco dignos ao escrever à sua Ofélia coisas como: “ Mando um meiguinho chinez (sic). E adeus até amanhã, meu anjo. Um quarteirão de milhares de beijos do teu, sempre teu, Fernando” (não, não sou eu que estou a inventar isto). Depois desta explicação destrutiva das cartas de amor, resta acrescentar a esta nota prévia que o post que se segue é sobre uma das várias cartas de amor que eu já escrevi na vida. E sim, eu devia ter vergonha.
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A carta em questão foi escrita pura e simplesmente por falta de coragem de fazer as coisas de outra maneira. Porque o rapazinho em questão me deixava em pânico descontrolado e a hipótese de lhe tentar dar um beijo levaria por certo a que eu lhe vazasse um olho com o meu nariz. Porque falar com ele em pessoa seria ter de lidar cara a cara com um "não" mais que provável. Porque não aguentava mais aquela onda pateta do “eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes”.
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Então, escrevi uma carta onde despejei o que me ia na alma. Nunca tive resposta. A carta foi escrita faz agora um ano. E soube ontem, numa confissão a medo de uma amiga comum, que aquela carta foi lida por meio mundo. Passou de mão em mão com um sorriso e um “olha lá o que ela me escreveu”.
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Esta revelação poderia ter-me custado muito, mas a verdade é que até nem custou. Primeiro, porque serviu como prova de que o amor nos tolda mesmo os juízos de valor (e deu um novo significado à alcunha do rapaz em questão, conhecido devido à sua profissão como “Palhaço”). Mas sobretudo porque a partir do momento em que se tem um blog, partilhar o que fervilha cá dentro com amigos, conhecidos ou completos estranhos já não me mete grande confusão. E, modéstia à parte, aquela carta foi dos melhores posts que já escrevi.
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posted by SR | 12:59 PM
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ln
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sábado, 16 de agosto de 2008

HaiKai - Relação de Sites


Poesia
Luiz Alberto Machado
Editor do seu Guia de Poesia na Internet

Google

Web www.sobresites.com


HAIKAI

Saiba das atualizações por e-mail

Alfredo Rossetti
Sítio do poeta Alfredo Rossetti, reunindo seus haicais, poemas visuais, versos livres e poemas concretos. Ele é autor das obras Em busca do verso (a elegia do olhar) e Dia de Chuva.
Textos sobre Haikai
Página do professor, pesquisador e literato Paulo Franchetti, especialista em poesia japonesa. Contém diversos links para seus ensaios, resenhas e artigos sobre haikai, haikaístas brasileiros e japoneses, além da transcrição de uma entrevista concedida sobre o assunto. Vale uma visita, principalmente pela profundidade e abrangência de seus textos.
Ainda não sei
Excelente blog de haikais editado pela poeta, pesquisadora, cientista social e mestre em Antropologia paranaense, Lílian Schmeil, autora de diversos textos científicos publicados em revistas e livros especializados.
Millôr Fernandes
Sítio do poeta, cronista, dramaturgo e cartunista carioca, Millôr Fernandes, considerado um dos maiôs humoristas brasileiros contemporâneos. A página reúne suas charges, teatro, vídeo, postais, livros, imprensa, poemas e, inclusive, seus haicais.
Sumaúma Haicai
Sítio do Grêmio Sumaúma de Haicai, reunindo teorias, mestres, revista, artigos, renga, Haiga e eventos realizados para difusão desse modelo poético.
Olga Savary
Página destacando o trabalho poético, especialmente os haicais publicados pela poeta, ficcionista, crítica, jornalista e tradutora paraense, Olga Savary, autora de vários livros e de tantos outros prêmios nacionais de literatura.
Lena Jesus Ponte
Sitio da poeta, escritora e professora capixaba radicada no Rio de Janeiro, Lena de Jesus Ponte. Ela é autora dos livros de haicais Estações interiores (1997) e Na trança do tempo (2000). No site está disponível sua biografia, livros, oficina, novidades e links.
Alice Ruiz
Páginas da poeta e haijin, Alice Ruiz, reunindo sua biografia, bibliografia, discografia, fotos, agenda e inéditos, além do seu livro de haikais, Desorientais, lançado pela Iluminuras.
Haiku
Sítio que conta a origem, evolução, características desde gênero poético, bem como o haiku ocidental e japonês, o espírito zen, poema de Bashô e outras vias.
Vale dos Haicais
Página contendo os trabalhos da poeta e artista plástica paulista Débora Novaes de Castro, além de biografia, comentários, haicais, mural, livros, links e notícias.
Sítio dos Haikais
Blog editado por Carlos Alberto Silva, dispondo atualizações sobre o haikai, seus poetas, links e sites, objetivando difundir a forma poética surgida no Japão durante o período medieval.
Universo do Haicai
Espaço destinado a divulgação, estudo e cultivo do haicai, sob a coordenação do haicaista Antônio Seixas, membro da Academia Mageense de Letras (RJ).

Terebess Asia On Line
Site dedicado aos haikaistas brasileiros, abordando forma, esquema, bibliografia e diversas informações acerca desse modelo poético.

Haikai
Página poética contendo os dez mandamentos do haikai, além de disponibilizar livros selecionados, postais virtuais, Os olhos do Lago de Alonso Alvarez e The Stuart Jackson Gallery.

Revista do Haijin
Publicação do site Sumaúma de Haijai moderno, contendo diversos poetas brasileiros que cultivam esse estilo poético.

Os Olhos do Lago
Um casamento perfeito entre conteúdo e forma. Este site é o livro virtual de haikais do poeta e designer Alonso Alvarez. Vencedor do prêmio Jabuti de 1991, Alvarez já participou de antologias de haikai e poesia brasileira. Com versos precisos e etéreos, aproximando-se dos koan zen-budista, Alvarez impressiona mostrando-os através de uma tela de Mondrian. Destaque também para as informações anexas sobre a arte e a técnica do haikai.

Caqui
Revista brasileira de haikai, contendo informações sobre o estilo, a forma, o conteúdo, as técnicas de composição e tradução, e sua história. No site há um excelente texto sobre o haikai no Brasil, escrito por Masuda Goga, um dos pioneiros no haikai em língua portuguesa. Além disso, está disponível uma boa antologia do haikai japonês traduzido, incluindo as referências bibliográficas.

Caixa de Haikai
Este site é curioso porque propõe uma navegação aleatória pelos vários haikai aqui catalogados. Apesar de as páginas carregarem um pouco devagar, um visual escuro remete à própria idéia de caixa de onde saltam os poemas, o que acaba tornando a idéia bem convidativa a sucessivos haikais.
Algum Haiku
Aqui está um bom site de haikais do inspirado poeta paulista Jean Portela. O autor apresenta seus haikais e traduções, sua biografia-manifesto e oferece uma excelente referência bibliográfica sobre o haikai, com diversos links. Vale a pena conferir.
History of Haiku
Como o nome sugere, este site apresenta a história do haikai, desde os primórdios, nos séculos XV e XVI, até o aclamado Koi Nagata (falecido em 1997), passando pelo mestre Matsuo Bashô. A história contada aqui levanta 10 entre os muitos haikaístas mais importantes de todos os tempos, além de pôr alguns exemplos de haikai on-line. O site está em inglês, mas disponibiliza traduções em japonês e francês.
Paulo Franchetti
Página que reúne uma série de haicais do poeta e professor de Teoria Literária de Estudos da Linguagem da Unicamp, Paulo Franchetti, autor do livro Haikai – antologia e história, editado pela Unicamp, em 1989.
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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Morre o poeta palestino Mahmoud Darwish


Vermelho

14 DE AGOSTO DE 2008 - 18h32
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por Lejeune Mirhan*

O fato político da semana é uma proposta de paz que Olmert faz aos palestinos. Mas, não temos como não comentar a morte do grande poeta palestino da resistência, Mahmoud Darwish, ao qual publicamos algumas de suas melhores poesias. Faço a coluna de hoje uma compilação de artigos dos sites Arabesq (www.arabesq.com.br) e Sanaud (http://sanaud-voltaremos.blogspot.com).



Mahmoud Darwish

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Faleceu neste sábado, 9 de agosto, o grande poeta palestino Mahmoud Darwish, após uma cirurgia no coração realizada no estado de Texas nos Estados Unidos. O Presidente Palestino Mahmoud Abbas declarou luto oficial na Palestina por três dias. Velas foram acessas em Ramallah, na Cisjordânia, homenageando o poeta que dedicava lindas poesias à sua terra natal, a Palestina, onde foi enterrado.

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Darwish é um dos poetas mais importantes que deram voz à causa palestina no mundo, e um dos poetas que contribuíram para construir a identidade da poesia árabe moderna. Nasceu em 1941 na aldeia palestina de Barue, que foi destruída por Israel em 1948 para construir em seu lugar uma aldeia agrícola judaica com o nome de Ahihud. Depois da Catástrofe “Al-Nakba” (15 de maio de 1948), sua família se refugiou no sul do Líbano por um ano. Um tempo depois, ele e sua família voltaram para a Palestina clandestinamente.

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Morou na pequena aldeia chamada Der Al-Assad na região de Al-Jalil, tendo se mudado em seguida com sua família para a aldeia Al Jadida, próxima à sua terra natal. Darwish se locomoveu por entre as aldeias de Al-Jalil para estudar o ensino médio, em seguida, viveu na cidade de Haifa onde aderiu ao Partido Comunista, então composto por judeus e árabes.

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Trabalhou no Jornal Al-Etihad e na revista Al-Jadid, vinculadas ao Partido na cidade de Haifa. Neste período começou a escrever poesias e ficou conhecido na Palestina como “um poeta da resistência”. Sua poesia irritava os Israelenses, por isso a policia passou a cercar qualquer aldeia que lhe organiza uma noite de poesias. Uma de suas poesias de nome Atravessando as palavras andantes? levantou um forte debate no Parlamento Israelense.

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Darwish foi muito perseguido e preso três vezes pelos israelenses nos anos 1961, 1965 e 1967 antes de ser submetido à prisão domiciliar devido as suas declarações e atividades políticas. Ele foi o primeiro entre um grupo de poetas palestinos que escreveram morando em Israel. Era a época em que a Primeira-Ministra Golda Meir dizia que: “Não há nenhum povo palestino”. Em 1972, deixou Haifa e foi para o Egito, onde ingressou na Organização de Libertação da Palestina, e de lá se mudou para Beirute. Após a invasão israelense ao Líbano em 1982, e a saída de militantes palestinos do Líbano, ele foi para o Cairo, depois para a Tunísia e em seguida a Paris.

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Em 1988 foi o autor da Declaração de Independência da Palestina, juntamente com Edward Said, o que lhe valeu o título de “Poeta da resistência”. Em toda sua obra Darwish expressa a defesa da liberdade e de sua terra, mas também soube cantar a vida e o amor.

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Em 1993 Darwish se demitiu do Comitê Executivo da OLP, em protesto contra o acordo de Oslo, dizendo que: "não é justo (o acordo), pois não prevê o mínimo de identidade aos palestinos”. Em meados da década de 1990, Mahmoud Darwish retornou à Faixa de Gaza, optando depois por permanecer em Ramallah na Cisjordânia e criticou os combates entre os palestinos no poema, Você agora é outro, que foi publicado em junho de 2007.

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Darwish obteve vários prêmios, incluindo o Prêmio Lótus em 1969, o Premio do Mar Mediterrâneo em 1980; o Troféu Revolução Palestina em 1981, o prêmio da Europa para a poesia em 1981; o premio Ibn Sina na União Soviética em 1982; o prêmio Lênin na União Soviética em 1983; o premio da Fundação Lann da liberdade cultural em 2001; o Prêmio Príncipe Claus (Holanda) em 2004; o prêmio Al Owais Cultural que foi dividido com o poeta Sírio Adônis, em 2004.

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Em 1997 foi produzido um documentário sobre ele na TV francesa, dirigido pela conhecida diretora franco-israelense Simone Bitton e recebeu a medalha de Cavalheiro das Artes e Letras da França e tornou-se membro comendador da Ordem de França das Letras e Artes. É membro honorário do Centro Sakakini.

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Darwish publicou diversos livros de poesia entre eles: Carteira de identidade, Pássaros sem asas, Folhas da Azeitona, Meus amigos não morram, Apaixonado da Palestina, As aves morrem na Galiléia, Elogio da sombra superior, Palco de Estado de Sitio e Você agora é outro.

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Publicou em 1998 a coletânea poética Sareer El Ghariba (Leito do Estrangeiro), sua primeira coleção de poemas de amor. Em 2000 publicou Jidariyya (Mural), livro que consiste de um poema sobre sua experiência pró¬xima da morte em 1997. Publicou seu livro de poesias Palco de Estado de Sítio em 2002.

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Mahmoud Darwish dedicou muitos poemas à causa palestina, à resistência e ao seu povo refugiado e injustiçado. Mesmo tendo uma vida difícil ao lado dos outros palestinos, conseguiu escrever sobre o amor, a esperança, o ser humano e a vida.

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Escreveu também sobre a palestina, suas cidades e aldeias, sobre a oliveira e sobre a Laranja de Jafah.

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Darwish derrotou a morte por duas vezes com as duas operações graves no coração, mas não resistiu a terceira, porém não permitiu que a morte o vencesse. Mahmoud Darwish permanecerá vivo nos corações e lembranças de todos os palestinos e os árabes.

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Publicamos a seguir uma pequena e singela matéria sobre Darwish de autoria da jornalista Elaine Tavares.

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Mahmoud: imortal!
Por Elaine Tavares - jornalista

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“Venham companheiros de correntes e tristezas
Caminhemos para a mais bela margem
Nós não nos submeteremos
Só podemos perder
O ataúde”.
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Ele era assim. Essa voz poderosa chamando para a revolução. Queria ver seu povo livre, soberano, feliz. Queria de volta a sua Palestina, não como concessão de algum político bonzinho, mas porque esse é o direito do povo, usurpado em 1948 pela criação do Estado de Israel. Mahmoud Darwish, poeta, guerreiro, anjo, criança, renitente, insistente. Encantou no último sábado (dia 9) quando seu coração, pesado de tanta dor, deixou de bater. Mas, enganam-se aqueles que pensam que Mahmoud vivia por conta de seu coração. Não. Ele vivia pelas palavras que criava, pelas construções poéticas que erguia e, estas, nunca haverão de morrer.
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Ninguém disse nada, mas quando os olhos de Mahmoud apagaram para este mundo, abriram-se para a velha aldeia onde nasceu, Al Barwua, de onde sua família foi expulsa pelas armas de Israel. Um lugar que não existe mais, a não ser nos sonhos do menino que nunca a esqueceu. Encravado no coração da Galiléia, o povoado é hoje um acampamento judeu. Mas, para Mahmoud sempre foi seu torrão natal, seu ninho. E é possivelmente lá que agora ele passeia, entre as oliveiras.
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“Registra-me
Sou árabe
O número de minha identidade é cinqüenta mil
Tenho oito filhos
E o nono... virá logo depois do verão
Vais te irritar por acaso?”

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Mahmoud foi o poeta palestino que de forma mais radical imortalizou a dor e a luta de seu povo. Até porque nunca se limitou a ser apenas um escrevinhador. Era um animal político, absolutamente conectado com as ações e com a vida real. Seu canto poético brotava das vísceras à mostra, do homem pé-no-chão, do palestino encarcerado, do humano grávido de esperanças. Suas palavras nunca foram criações estéticas. Eram o gume cortante de uma vida real, expressa em sangue e lágrimas. Seu poema nos arranca da apatia e nos convida a lutar, concretamente.

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“Ainda verte a fonte do crime.
Obstruam-na!
E permaneçam vigilantes
Prontos para o combate”

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Pois agora a mão que rasgava em fogo o papel com o grito da Palestina ocupada já não escreverá mais. Mas precisa? Seu canto de liberdade está cravado na terra fértil dos corações que sonham com o ainda-não, e dali nunca fugirão. Mahmoud passeia em Al Barwa. Mahmoud passeia nas terras antigas, onde vivia uma gente livre. Mahmoud passeia nas cabeças das gentes e grita, com elas. Mahmoud imortal, imenso, menino, homem, pura vontade de ser aquilo que sempre foi: palestino, livre, soberano. Porque a liberdade, afinal, vive lá dentro, no profundo do humano. Mahmoud! Presente! Sua alma imortal dançará no dia da vitória!

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“selvagens... árabes”
sim! Árabes
e estamos orgulhosos
e sabemos como empunhar a foice
como resistir
inclusive sem armas
e sabemos como construir a fábrica moderna
a casa
o hospital
a escola
a bomba”

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Por fim, brindamos nossos leitores com a, talvez, mais bela de todas as poesias da resistência palestina, desse magnífico e grande poeta Mahmoud Darwish, que honra todos os povos, patriotas e comunistas de todo o mundo, onde ele fala com orgulho de sua identidade árabe e palestina.

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Carteira de identidade
Mahmoud Darwish

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Registra-me!
Sou árabe
número de minha identidade é cinqüenta mil
tenho oito filhos
e o nono... virá logo depois do verão!
Vais te irritar por acaso?
Registra-me!
Sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em tua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?

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Registra-me!
Sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes...
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai... da família do arado
e não dos senhores do Nujub
e meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum

.

Registra-me
sou árabe
sou árabe
cabelos... negros
olhos... castanhos
sinais particulares
um keffiah e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amo acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de um povoado perdido... esquecido
de ruas sem nome
e todos os seus homens... no campo e na pedreira
amam o comunismo
vais te irritar por acaso?

.

Registra-me
sou árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da terra que cultivava
com meus filhos
e não os deixastes
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz
vamos!
Escreve
bem no alto da primeira página
que não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas... se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e cuidado...cuida-te
de minha fome
e minha cólera.

.

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Registro de pesar

Em clima de morte, quero registrar com pesar o falecimento de um primo árabe de minha família. Trata-se de Ricardo Seror Mirhan, de 54 anos, a quem, na minha infância e adolescência, fomos muito amigos. Diferente de mim, Ricardo era descendente de árabes por parte de pai (sírios, meu tio Amil) e de mãe (tia Lili, libaneses). Ricardo orgulhava-se de sua origem e ancestralidade árabe e era muito ligado aos tios árabes de nossa família. Ricardo deixará muitas saudades. Deixa três filhas, todas orgulhosas do pai, de sua origem árabe, que são a Mayra, Fernanda e Paula, a quem, de público, deixo minhas condolências pessoais.




*Lejeune Mirhan, Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Escritor, Arabista e Professor Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa, Membro da International Sociological



* Opiniões aqui expressas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
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in Vermelho
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Vermelho

13 DE AGOSTO DE 2008 - 20h14

Aos milhares, palestinos se despedem do grande poeta Darwich


No maior funeral registrado desde o de Yasser Arafat, em 2004, milhares de palestinos deram o último adeus ao poeta nacional Mahmud Darwish, nesta quarta-feira (13), na cidade de Ramallah, Cisjordânia. Os restos mortais do escritor saíram dos Estados Unidos e foram levados de Amã por um helicóptero militar jordaniano que aterrissou no pátio da Muqata, a sede presidencial do líder palestino Mahmud Abbas.


No local — onde também foi erguido o mausoléu de Arafat —, o caixão de Darwish foi alvo de uma recepção oficial geralmente reservada a chefes de Estado, na qual Mahmoud Abbas o qualificou de "mestre da palavra e da sabedoria". Parentes do autor, líderes religiosos e políticos e intelectuais assistiram ao ato. Posteriormente, milhares de pessoas formaram o cortejo fúnebre pelas ruas de Ramallah, decoradas com bandeiras palestinas e cartazes com versos e imagens do poeta palestino mais traduzido e premiado em vida.

Após passar pela praça central da cidade, Al-Manara, o caixão chegou ao Palácio Cultural, junto ao qual foi sepultado com 21 tiros para o alto. O Palácio Cultural, o maior centro de espetáculos de Gaza e da Cisjordânia e onde ele recitou sua obra, em julho, chama-se a partir deste momento Palácio Cultural Darwish.

As forças de segurança tiveram que conter a multidão que se amontoava para ver o ataúde, coberto com a bandeira palestina. O corpo de Darwish repousa em uma cova cercada de gramado, palmeiras e pequenas oliveiras que, durante enterro, ficou coberta por coroas de flores.

O poeta faleceu no sábado passado, aos 67 anos de idade, após uma operação a coração aberto num hospital do Texas (EUA). "Darwich morreu às 13h35 local", disse, sem apresentar detalhes, Ann Brimberry, porta-voz do memorial Hermann-Texas Medical Center em Houston onde estava internado. Ele estava em estado crítico depois de uma intervenção cirúrgica, disse mais cedo um outro responsável do hospital.

Com uma obra de grande lirismo marcada por dramas do exílio e da ocupação vividos pelo povo palestino, Darwich foi um dos maiores poetas contemporâneos de língua árabe. Adquiriu notoriedade internacional com cerca de 30 obras traduzidas em 40 línguas. Seu célebre poema de 1964, Identidade (Sajjel: Ana arabi), sobre um formulário israelense de preenchimento obrigatório, tornou-se um hino em todo o mundo árabe.

A unanimidade entre os palestinos em torno da figura de Darwish se deve a que foi muito mais que um simples escritor político — mas "um poeta", o que melhor conseguiu transformar em palavras a saudade da terra e do orgulho perdidos perante a ocupação israelense. Sua obra e seu compromisso político estiveram marcados por seu exílio forçado dos territórios palestinos com apenas sete anos de idade.

Outros de seus poemas, como Estado de Sítio, também são hoje um tipo de hinos literários palestinos conhecidos e apreciados no mundo árabe. "Foi o poeta do exílio e dos refugiados, cuja linguagem universal de deslocamento e alienação será ouvida no discurso — político e poético — durante muitos anos", ressaltou em comunicado a diretora da agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos (UNRWA), Karen Abuzayd.

Perfil

Mahmud Darwish nasceu em 1941 em Al-Birwa, um povoado da Galiléia, então na Palestina sob mandato britânico — e hoje norte de Israel. Em 1948, depois de arrasarem a cidade, as tropas israelenses obrigam Darwich a partir com a família para o exílio. "Venho de lá e tenho lembranças / Nascidos como mortais somos, tenho uma mãe / e uma casa com muitas janelas / tenho irmãos, amigos / e a cela de uma prisão com uma fria janela", começa um de seus textos mais famosos.

Darwish acabou regressando clandestinamente, um ano depois. Cinco vezes preso, entre 1961 e 1967, refugiou-se, em 1970, no Cairo e, em 1972, em Beirute, no Líbano, o qual abandonou, entretanto, em 1982, durante a invasão do país pelas forças judaicas. Após a guerra israelense no Líbano de 1982, que forçou a direção da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), da qual fazia parte, a se refugiar na Tunísia, Darwich retomou a rota do exílio: Cairo, Tunísia e depois Paris.

Em 1988, Darwish redigiu a chamada Declaração de Independência Palestina, o que lhe valeu, junto com sua obra em defesa da liberdade e de sua terra, o codinome de "poeta da resistência". Ele publicou mais de 20 livros de poesia e cinco de prosa, mas — como diria Gabriel Celaya — também tomou "partido até se manchar" e foi várias vezes preso em Israel por sua atividade política.

Em 1993, afastou-se da OLP para protestar contra os acordos de Oslo, estimando que não representariam uma "paz justa" para os palestinos. Já em maio de 1996, foi autorizado a pisar no solo de Israel pela primeira vez desde o exílio, para assistir aos funerais do escritor árabe-israelense Emile Habibi.

Sua vida dividia-se, até recentemente, entre Amã, na Jordânia, e Ramallah, na Cisjordânia. Considerado um dos mais importantes poetas árabes contemporâneos, Mahmud Darwich é autor de uma extensa e complexa obra, caracterizada ora por um tom revolucionário e patriótico, ora por um sopro épico e lírico.

Foi também autor de diversas obras em prosa, onde estão reunidos os numerosos artigos publicados na imprensa, designadamente na revista literária al-Karmil, que fundou em Beirute e que dirigia a partir de Ramallah. Laureado com o prêmio Lênin da extinta-União Soviética, cavaleiro das Artes e das Letras (na França), recebeu em Haia o famoso prêmio Príncipe Claus pelo "conjunto de sua obra".

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