“Sou pianista, chefe de orquestra, produtor musical e compositor, sendo esta última a minha actividade principal”, assim escreveu sobre si Pedro Osório na introdução do seu site oficial.
Pedro Osório nasceu no Porto a 17 de Julho de 1939. Estudou em simultâneo Música e Engenharia Mecânica, enveredando pela carreira de músico profissional quando estava já no último ano de engenharia. Aventurou-se no pop-rock mas passou rapidamente a dedicar-se à orquestração e direcção de orquestra.
Ao longo da sua carreira trabalhou com várias artistas do panorama nacional, como Sérgio Godinho, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Carlos do Carmo, Carlos Paredes, Rui Veloso, Carlos Mendes, Herman José, Rita Guerra, Lúcia Moniz ou Xutos e Pontapés.
Foi uma figura regular nos Festivais RTP da Canção, que venceu várias vezes como autor e orquestrador. Representou Portugal no Festival da Eurovisão em 1975 e 1982 como chefe de orquestra e em 1968 e 1996 como autor. Neste ano, com a canção “O Meu Coração Não Tem Cor”, interpretada por Lúcia Moniz, conseguiu a melhor pontuação de sempre de uma representação portuguesa no referido certame.
Para o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, desapareceu um homem “tão multifacetado quanto exigente e empenhado em cada projecto a que se dedicava”. “Pedro Osório imprimiu sempre uma marca de contemporaneidade e modernidade na música ligeira portuguesa”, disse Viegas em comunicado lembrando que “são inúmeros os músicos portugueses que devem ao maestro um pouco de tudo, desde canções a arranjos e composições, além da sua presença solidária e da sua amizade”.
Durante muitos anos, Pedro Osório foi também director musical do Casino Estoril e de vários espectáculos no Casino da Povoa de Varzim, tendo dirigido musicalmente palguns programas televisivos como "Curto Circuito", "O Tempo em que Você Nasceu" e "Noites de Gala".
A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), da qual Pedro Osório integrou a administração entre 2003 e 2010, destaca “o extraordinário exemplo de dedicação de Pedro Osório à cooperativa e à sua modernização”. “É uma grande perda para a vida cultura e artística portuguesa”, continua o comunicado destacando que na SPA o maestro foi “um elemento marcante no processo de modernização da cooperativa desenvolvido nos últimos anos”.
Agraciado em 1994 com a Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares, foi distinguido em 2011 pela então ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, com a Medalha de Mérito Cultural pelo seu contributo para a música portuguesa. Na altura, Canavilhas referiu-se a Pedro Osório como "um dos grandes impulsionadores da cultura". Meses depois, a 10 de Junho, o maestro foi condecorado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da Republica Cavaco Silva.
Entre outras distinções, em 1982, recebeu o Prémio da Crítica pela composição para a peça “Baal”, de Bertolt Brecht.
Em 2010 foi editado pela Câmara de Oeiras o livro "Memórias Irrisórias com Algumas Glórias", que reúne algumas dezenas de crónicas suas sobre música e que conta com o prefácio de José Jorge Letria. Uma verdadeira memória musical de cinco décadas da vida e do trabalho artístico de Pedro Osório.
A vasta discografia de Pedro Osório teve como remate a edição, em finais de 2011, do CD "Cantos da Babilónia", apresentado como o possível último trabalho do maestro. Este novo álbum, no qual Pedro Osório trabalhou nos últimos três anos, foi composto a partir de uma série de peças baseadas em excertos de cantos tradicionais de diversos lugares de todo o mundo.
O corpo de Pedro Osório estará em câmara ardente na sala-galeria Carlos Paredes da SPA a partir das 16h de hoje, saindo ao princípio da tarde de sábado, às 15 h, para o Cemitério do Alto de São João, onde será cremado.
Notícia actualizada no dia 6/01 às 11h18: acrescentadas referências biográficas e links para vídeos.
Música do novo álbum
"O Meu Coração Não Tem Cor"
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