A Fortaleza da Torre Velha, também designada Torre de São Sebastião da Caparica, localizada em Porto Brandão, no concelho de Almada, foi hoje classificada como Monumento Nacional pelo Governo.
A decisão foi tomada no Conselho de Ministros desta manhã.
De acordo com informação do Igespar, a Torre Velha é um dos "mais importantes exemplares da arquitectura militar renascentista portuguesa. Foi dos primeiros sistemas integrados de artilharia para defesa da barra de um estuário desenvolvidos em Portugal nos finais do século XV". A torre formava uma "defesa tripartida" da barra do Tejo em conjunto com a Torre de Belém - classificada desde 1907 - e o baluarte de Cascais - classificado como Imóvel de Interesse Municipal.
Inicialmente, a estrutura, mandada construir por D. João II na segunda metade do séc XV, seria composta por uma torre e um baluarte, construídos no lugar do antigo Forte da Caparica, que fora erigido no reinado de D. João I.
Coube a D. Sebastião, adianta o Igespar, mandar ampliar a construção, em 1571, transformando-a na Fortaleza de São Sebastião da Caparica. Durante a ocupação filipina, ficou conhecida como Torre dos Castelhanos e sofreu algumas mudanças na estrutura.
Desactivada em 1801, a fortaleza passou a ter outra função de defesa: servia para acolher viajantes de barco de precisassem de ficar de quarentena após o desembarque. Voltou a ser reaproveitada para fins militares em 1832, mas algumas décadas depois já só servia para depósito e alojamento.
O que hoje resta "mantém as partes fundamentais existentes em meados do séc. XVII", cuja planta se desenvolvia em U, com três corpos e outros tantos baluartes com casernas.
Fortaleza da Torre Velha teve como núcleo primitivo uma torre fortificada mandada erigir por D. João II no final do século XV com o objetivo de defender a barra do Tejo, cruzando fogo com uma fortificação que se projectava edificar em Belém. É Garcia de Resende, na sua Crónica de D. João II quem dá "(...) o relato mais coerente e circunstanciado do projecto de D. João II para a defesa da barra (...)" de Lisboa, descrevendo com precisão a fortaleza que o Príncipe Perfeito mandou edificar na "Caparica defronte de Belem" (CID, 1998, p. 196). O modelo projectado, uma maciça torre quadrangular com baluarte, serviu de protótipo à tipologia desenvolvida alguns anos depois na Roqueta de Viana do Castelo, e naquela que é o único exemplar que nos chegou aos dias de hoje, a Torre de Belém.
A torre assegurou a defesa do estuário e dos portos de Lisboa ao longo de mais de sessenta anos, até que em 1566 a ilha da Madeira foi saqueada por corsários franceses, deixando exposta "a extrema fragilidade das posições portuguesas" (MOREIRA, 1986, p. 146). Em consequência, D. Sebastião ordenou um levantamento cartográfico dos locais mais ameaçados e o desenho de novas fortificações para a defesa dos mesmos. O debuxo da reforma da Torre Velha da Caparica foi entregue ao arquitecto Afonso Álvares, num projecto que ampliou as suas dimensões. Terminada em 1575, passou a ser designada por Fortaleza de São Sebastião da Caparica.
Durante a dinastia filipina, novamente as questões da defesa costeira portuguesa se tornaram prementes, pelo que a Torre Velha voltaria a ser alargada e modernizada. Durante este período ficava conhecida como Torre dos Castelhanos.
A fortaleza que chegou aos dias de hoje mantém as partes fundamentais existentes em meados do século XVII, como comprova uma planta desenhada em 1692 (IAN/TT, Col. Casa de Cadaval). A planta da fortificação desenvolve-se em U, composta por três corpos, e três baluartes com casernas. Uma das extremidades do forte é prolongado por um baluarte e pela torre de vigia. Junto à porta de armas foi edificada a capela, dedicada a São Sebastião. O corpo central da Torre Velha é de planta quadrangular, rebaixada, à qual foi adossada a casa do governador. A antiga porta da praça, junto à torre, ostenta escudo com as armas de Portugal.
No final do século XVIII a fortaleza voltava a receber obras, possivelmente de consolidação da estrutura, dirigidas pelo coronel Francisco D'Alincourt (SOUSA,Raul,1997). Em 1801 as fortalezas da margem sul do Tejo eram desactivadas, e alguns anos depois a Torre Velha da Caparica foi transformada em lazareto, destinado a abrigar passageiros e tripulantes que, ao aportarem em Lisboa, necessitassem ficar em quarentena.
No ano de 1832 a torre voltava a ser remodelada e reactivada para uso militar, mas no final do século XIX servia apenas como depósito e alojamento.
A Fortaleza da Torre Velha é um dos mais importantes exemplares da arquitectura militar renascentista portuguesa, uma vez que foi dos primeiros sistemas integrados de artilharia para defesa da barra de um estuário desenvolvidos em Portugal nos finais do século XV, inícios do século XVI, formando uma "defesa tripartida" da barra do Tejo juntamente com o baluarte de Cascais e a Torre de Belém
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Catarina Oliveira
IGESPAR, I.P./ Maio de 2012
http://www.igespar.pt/en/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70145/
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http://historiapatrimonio.blogspot.pt/2012/05/torre-velha-da-caparica-e-monumento.html
("Velha Torre - Trafaria", Aguarela de Manuel Tavares datada de 1955)
Publicada na capa de Almada na História, n.º 17-18 e por Diamantino Vasconcelos em http://galeria-lambertini.blogspot.com/2011/02/ermida-de-n-s-da-conceicao-trafaria-por.html
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