Os meus heróis de BD
"O Sortilégio do Bosque das Brumas"
de François Bourgeon
François Bourgeon nasceu em Paris em 1945.Faz os estudos clássicos, aperfeiçoa o seu desenho em diversos ateliers e faz exame de admissão à École dés Metiers d’Art de onde sai após três anos de estudos com um diploma de Mestre vidreiro.Bourgeon foi educado originalmente para ser um artista de vidro, mas as dificuldades em encontrar o emprego e uma paixão para o desenho alterou o seu curso que dirigiu para um rumo diferente.
."A violência no século XIV"
.
Nascido em 1333 e falecido por volta de 1400, Froissart tem exactamente a mesma idade de Mariotte. A descrição que ele faz da “Jacquerie” nas suas “Chroniques”, poderá ajudar a situar as acções do Cavaleiro no contexto da época.
Nota: A Jacquerie foi uma revolta camponesa que ocorreu no Norte de França, entre 28 de Maio e 24 de Junho de 1358 durante a Guerra dos Cem Anos. A designação deriva de Jacques Bonhomme, o nome com conotação paternalista dado genericamente a um camponês da região. A revolta iniciou-se de forma espontânea, reflectindo a sensação de desespero em que viviam as camadas mais pobres da sociedade, depois da Peste Negra, numa altura em que a França se encontrava num vazio de poder e à mercê das companhias livres, bandos de mercenários renegados que vagueavam pelo país.
"(…) E todos deziam: “He verdade” he verdade! Amaldiçoado seja aquelle por quem os gentis homéis da morte se escusé!” Entonces se reuniram e partiram, sem outro comselho e nenhumas armas, mais que nam fora que paos ferrados e facas pera a casa de um cavalleiro que a breve espaço dalli residia. De guisa que destruíram a morada e mataram ai cavalleiro, aa molher e filhos pequenos e grandes e cuidaram de queimar a casa. Depois foram a outro bello castelo e peor inda fezeram: pois tomaram o cavalleiro e o ataram a húa fforte estaca e violaram sua molher que estava prenha de hum filho e a filha e todallas creanças e depois o dito cavalleiro com gramdes martírios e queimaram e destroiram o castello. Assi fezeram cô muitos castellos e booas moradas. E tanto se multiplicaram que em breve eram seis mil, e por toda a parte onde hiam o seu numero crescia, pois todollos da sua laia hos seguiam. De guisa que todollos cavalleiros e escudeiros, suas molheres e filhos deante delles fugiam e levavam as damas e donzelas seus filhos pêra dez ou vinte légoas, pêra se garantirem, e deixavam suas moradas vazias e seus teres adentro; e aquella maa gente, reunida sem maioral nem armas, roubava e queimava tudo e matava e fforçava e violava todallas damas e mancebas sem doo nem merçee commo se cãaes raivosos forem. Nuúca fúria assi houvera entre Christans e Sarracenos… "
Extracto das Chroniques de Froissart
O texto que ficou escrito compõe a primeira página de "O Sortilégio do Bosque das Brumas", o primeiro volume de "Os Companheiros do Crepúsculo", de François Bourgeon.
Nota: A Jacquerie foi uma revolta camponesa que ocorreu no Norte de França, entre 28 de Maio e 24 de Junho de 1358 durante a Guerra dos Cem Anos. A designação deriva de Jacques Bonhomme, o nome com conotação paternalista dado genericamente a um camponês da região. A revolta iniciou-se de forma espontânea, reflectindo a sensação de desespero em que viviam as camadas mais pobres da sociedade, depois da Peste Negra, numa altura em que a França se encontrava num vazio de poder e à mercê das companhias livres, bandos de mercenários renegados que vagueavam pelo país.
"(…) E todos deziam: “He verdade” he verdade! Amaldiçoado seja aquelle por quem os gentis homéis da morte se escusé!” Entonces se reuniram e partiram, sem outro comselho e nenhumas armas, mais que nam fora que paos ferrados e facas pera a casa de um cavalleiro que a breve espaço dalli residia. De guisa que destruíram a morada e mataram ai cavalleiro, aa molher e filhos pequenos e grandes e cuidaram de queimar a casa. Depois foram a outro bello castelo e peor inda fezeram: pois tomaram o cavalleiro e o ataram a húa fforte estaca e violaram sua molher que estava prenha de hum filho e a filha e todallas creanças e depois o dito cavalleiro com gramdes martírios e queimaram e destroiram o castello. Assi fezeram cô muitos castellos e booas moradas. E tanto se multiplicaram que em breve eram seis mil, e por toda a parte onde hiam o seu numero crescia, pois todollos da sua laia hos seguiam. De guisa que todollos cavalleiros e escudeiros, suas molheres e filhos deante delles fugiam e levavam as damas e donzelas seus filhos pêra dez ou vinte légoas, pêra se garantirem, e deixavam suas moradas vazias e seus teres adentro; e aquella maa gente, reunida sem maioral nem armas, roubava e queimava tudo e matava e fforçava e violava todallas damas e mancebas sem doo nem merçee commo se cãaes raivosos forem. Nuúca fúria assi houvera entre Christans e Sarracenos… "
Extracto das Chroniques de Froissart
O texto que ficou escrito compõe a primeira página de "O Sortilégio do Bosque das Brumas", o primeiro volume de "Os Companheiros do Crepúsculo", de François Bourgeon.
A capa do álbum "O Sortilégio do Bosque das Brumas"
.
Mariotte e Anicet
.
A selvajaria da "Jacquerie"
.
Anicet, em maus lençóis, e Mariotte . Anicet e a espada do "cavaleiro"
.
Na página seguinte, Bourgeon refere-se a outros dados da História da Arqueologia aludindo a "O Animal de Tollund"..
"Datam de 1937 as primeiras descobertas feitas pelo arqueólogo Karl Heinrich Rubinstein, em Tollund. É dele a seguinte descrição:
.
"À primeira vista Primata ou Lemuriano de uma raça desconhecida, é impossível classificá-lo numa destas famílias. O pequeno ser mede, em pé, 52 cm, e parece colocar-se verticalmente. O corpo é desprovido de pêlos, excepto no crânio. Os quatro membros são compridos comparados com o torso e desproporcionados entre o antebraço e o braço e entre a perna e a coxa. As patas dianteiras são dotadas de mãos com quatro dedos, sendo o polegar oponível; as patas traseiras terminam por um pé semelhante ao nosso, mas muito maior, com quatro dedos. A cabeça é pequena, do tamanho de um punho fechado de uma criança de dez anos e o alto do crânio está revestido de cabelos. O focinho é curto e largo, com narinas de grande mobilidade. Apresenta dois grandes incisivos e dois caninos aguçados. De cada lado da cabeça surge uma orelha de forma ovóide..."
Novas ossadas, descobertas em 1955 no coração da Floresta Negra e em 1973 na Bretanha, levam um matemático a compará-las à narração feita anteriormente. A conclusão é irrefutável: trata-se do mesmo animal!
É ainda na Bretanha que Pierre Cauteller traz à luz do dia um conjunto de estruturas de forma semiesférica, adquirindo a convicção de não se tratar de fornos mas sim de habitações a uma escala reduzida, possuindo uma chaminé central.
Teria, então, uma espécie de animal totalmente desconhecida existido na mais alta antiguidade, sobrevivido na Europa até ao fim da Idade Média, sem deixar vestígios nos textos e na memória das gentes?!!!
Graças à consulta de numerosos documentos relativos a este fenómeno, Bourgeon consegue fazer reviver, através da gente pequena do Bosque das Brumas,aquilo que poderá ter sido a vida destes pequenos habitantes."
."Datam de 1937 as primeiras descobertas feitas pelo arqueólogo Karl Heinrich Rubinstein, em Tollund. É dele a seguinte descrição:
.
"À primeira vista Primata ou Lemuriano de uma raça desconhecida, é impossível classificá-lo numa destas famílias. O pequeno ser mede, em pé, 52 cm, e parece colocar-se verticalmente. O corpo é desprovido de pêlos, excepto no crânio. Os quatro membros são compridos comparados com o torso e desproporcionados entre o antebraço e o braço e entre a perna e a coxa. As patas dianteiras são dotadas de mãos com quatro dedos, sendo o polegar oponível; as patas traseiras terminam por um pé semelhante ao nosso, mas muito maior, com quatro dedos. A cabeça é pequena, do tamanho de um punho fechado de uma criança de dez anos e o alto do crânio está revestido de cabelos. O focinho é curto e largo, com narinas de grande mobilidade. Apresenta dois grandes incisivos e dois caninos aguçados. De cada lado da cabeça surge uma orelha de forma ovóide..."
Novas ossadas, descobertas em 1955 no coração da Floresta Negra e em 1973 na Bretanha, levam um matemático a compará-las à narração feita anteriormente. A conclusão é irrefutável: trata-se do mesmo animal!
É ainda na Bretanha que Pierre Cauteller traz à luz do dia um conjunto de estruturas de forma semiesférica, adquirindo a convicção de não se tratar de fornos mas sim de habitações a uma escala reduzida, possuindo uma chaminé central.
Teria, então, uma espécie de animal totalmente desconhecida existido na mais alta antiguidade, sobrevivido na Europa até ao fim da Idade Média, sem deixar vestígios nos textos e na memória das gentes?!!!
Graças à consulta de numerosos documentos relativos a este fenómeno, Bourgeon consegue fazer reviver, através da gente pequena do Bosque das Brumas,aquilo que poderá ter sido a vida destes pequenos habitantes."
Uma "mulher" de Tollund
.
As "estruturas semiesféricas" com uma chamié central
.
Cemitério dos "Tollund" ou uma carnificina?
.
É o toque do "despontar do dia"...Estás a ouvir, Mariotte?!
Vão cortar-nos em postas!
Vão cortar-nos em postas!
.
Maldito seja aquele cavaleiro! Maldita seja a ruiva! Malditos os jovenzitos portadores da desgraça!
.
___________
François Bourgeon - Wikipédia
Principales œuvres:
Le Cycle de Cyann
Les Compagnons du crépuscule
Les Passagers du vent
Brunelle et Colin
..
Sem comentários:
Enviar um comentário