Património: Polícia protege painéis de Almada Negreiros
Azulejos nas mãos da Câmara
Caracterizados pelo arquitecto José de Almada Negreiros, filho do artista plástico falecido em 1970, como "dos maiores conjuntos de painéis cerâmicos alguma vez feitos em Portugal durante o modernismo", os referidos azulejos integram a lista do Inventário Municipal. Além disso, declarou Helena Roseta ao CM, "a obra feita na quinta-feira não tem licença", pelo que "quem fez os estragos vai ter de responder por eles".
A acção de operários que removeram azulejos na quinta-feira foi travada após iniciativas de José Almada Negreiros e da vereadora eleita pelo movimento ‘Cidadãos por Lisboa’.
Dos 12 painéis de azulejos, três já haviam sido removidos ou destruídos totalmente e outros dois parcialmente quando a Polícia Municipal chegou. Por determinação do vereador Manuel Salgado, a obra foi embargada. O pedido de demolição total da moradia deu entrada na autarquia a 29 de Janeiro, apresentado pela empresa Soindol, que o CM não conseguiu contactar.
Uma primeira tentativa de extracção dos painéis deu-se nos anos 60, por iniciativa de um estrangeiro que comprou o imóvel. "A Câmara interveio e impediu-o", recorda José de Almada Negreiros.
DETALHES
SIGNIFICADO CULTURAL
A construção da moradia da rua de Alcolena foi demorada, tendo terminado em 1954. Segundo José de Almada Negreiros, filho de um dos nomes maiores do modernismo português, "esta casa teve um enorme significado cultural".
COINCIDÊNCIA ESTRANHA
Precisamente na véspera do início de extracção dos azulejos, Helena Roseta tentou agendar, em vão, a classificação da moradia na Câmara. "Que estranha coincidência!", diz a vereadora.
COM E SEM AZULEJOS
Segundo relatos, a tentativa de extracção dos azulejos terá sido feita pelo penúltimo proprietário da moradia, que a vendeu "sem azulejos". Tanto Helena Roseta como José Almada Negreiros ouviram esta história, mas não dispõem de elementos que a confirmem.
.in Correio da Manhã 2009.02.21
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