Bill Watterson - Calvin e Hobbes

DIGESTIVOS >>> Notas >>> Artes Segunda-feira, 18/2/2008 O Mundo é Mágico, por Bill Watterson Julio Daio Borges Digestivo nº 355 >>> Calvin e Haroldo voltaram aos holofotes com o documentário que atualmente se prepara sobre seu criador, Bill Watterson. Calvin, além de personagem insubordinado, é um daqueles casos em que a criatura se volta contra o criador — ficou tão famoso, foi tão bem-sucedido, se consagrou tanto que Watterson não suportou a pressão e se isolou. Seu comportamento eremita tem evocado a comparação com J.D. Salinger, cujo sucesso de O Apanhador no Campo de Centeio se revelou tão incômodo que ele se isolou no campo. Correm boatos de que continua escrevendo e de que suas obras vão aparecer quando morrer (já tem mais de oitenta anos). E Watterson, o que andará fazendo? Reza a lenda que suas tentativas de fazer Calvin crescer foram todas frustradas. Como não queria se repetir ad nauseam — à maneira dos Simpsons ou do Dilbert —, abandonou sua criação. Quem quiser entender o fenômeno — ou simplesmente matar as saudades da dupla Calvin & Haroldo — têm à mão, desde o ano passado, o álbum O Mundo é Mágico, pela editora Conrad. Nele, Calvin antecipa algumas tendências que, dos anos 90 pra cá, se tornaram lugar-comum no comportamento das crianças: o horror à escola (cada vez mais desinteressante); o potencial insuspeitado para o consumo (no caso dele, de lança-chamas e outros bibelôs); e um certo amadurecimento precoce à la Mafalda (numa época em que as crianças não estão mais "preservadas"). E, por mais que Watterson não quisesse na ficção, seu Calvin cresceu junto com a sua geração, a chamada "Millennial", dos que nasceram depois da internet. São melhores ou são piores do que nós? Como vão deixar o planeta e a sociedade? Talvez o documentário, só com fãs de Calvin, possa ter a resposta. . >>> O Mundo é Mágico Julio Daio Borges Editor CALVIN E HAROLDO - O MUNDO E MAGICO AS AVENTURAS DE CALVIN E HAROLDO . Autor: WATTERSON, BILL . SINOPSE . Criada em 1985, a tirinha 'Calvin & Haroldo' foi publicada diariamente, durante dez anos, em mais de 2.400 jornais ao redor do mundo. Os álbuns publicados por Bill Waterson, criador da dupla, venderam mais de 30 milhões de cópias. A tirinha conta a história de Calvin, um garoto hiperativo de seis anos cujo maior amigo é o tigre de pelúcia Haroldo - que ganha vida quando não existe nenhum adulto por perto. Ao lado das fantasias e brincadeiras da dupla, surgem questões sobre política, cultura, sociedade e a relação de Calvin com seus pais, colegas e professores, com a sabedoria que os adultos só conseguem traduzir como ingenuidade. . Saiu na Imprensa: O Estado de S. Paulo / Data: 10/4/2007 Olha aí quem está de volta. Mas quem disse que eles partiram? . Sai no Brasil o primeiro de uma série de álbuns com toda a produção de Bill Waterson para Calvin & Haroldo Patrícia Villalba Eles foram embora há quase 12 anos, mas parece que os fãs não estão nem um pouco a fim de registrar isso. Calvin e Haroldo mantêm o fôlego mesmo depois de sua tira ter sido cancelada pelo criador, o americano Bill Waterson, em dezembro de 1995 e, mais, seguem conquistando jovens leitores. Agora, num alento para os que sentem saudades do pensador de 6 anos de idade e seu tigre de pelúcia - mesmo com a publicação diária das tiras no Caderno 2 -, a Editora Conrad lança O Mundo É Mágico - As Aventuras de Calvin & Haroldo , álbum inédito no Brasil (168 páginas). É o primeiro de uma série de livros que a editora vai lançar com toda a produção de Waterson para a dupla de personagens, criada em 1985. Waterson não é de falar muito, tanto é que nem escreveu um prefácio para o livro. E é tão cuidadoso com seus personagens, que jamais aceitou as propostas de licenciamento da marca, evitando que Calvin e Haroldo fossem estampados em lancheiras, álbuns de figurinhas e tranqueiras de todo o tipo. Não quis prejudicar a personalidade rebelde e contestatória dos personagens transformando-os em mais um produto de marketing. Waterson também não dá entrevistas. Mas no lançamento das obras completas nos Estados Unidos, em 2005, topou responder algumas perguntas de fãs no site da editora Andrews McMeel Publishing. Ele negou, por exemplo, que tenha se baseado nas próprias experiências da infância para criar Calvin, embora reconheça que o personagem carrega algo de sua personalidade. 'Eu nunca tive amigos imaginários, sempre me mantive afastado de problemas e fui um bom aluno, então, não posso dizer que a tirinha seja autobiográfica', respondeu ele a um fã. Waterson observa ainda que não vivemos um grande momento das tiras de jornal. 'Eu tento, mas agora não leio mais quadrinhos como a maioria das pessoas normais, mas me divirto com algumas tiras', revelou. O Mundo É Mágico traz algumas tirinhas memoráveis dos pequenos filósofos - no original, eles são Calvin e Hobbes, nomes inspirados no teólogo francês Jean Calvin e no filósofo inglês Thomas Hobbes. O destaque é a série em que a dupla está às voltas com extraterrestres - Calvin como o incrível astronauta Spiff, contra as engraçadíssimas criaturas-inseto do planeta Zarton-9. Há ainda uma seqüência generosa de tiras de domingo, coloridas. Tudo admiravelmente atual. 'Eu optei por não ancorar a tira no tempo. Os brinquedos de Calvin, por exemplo, poderiam ser usados em qualquer época', teorizou Waterson. 'Suponho que se fosse fazer o Calvin hoje, ele seria diferente daquele de dez anos atrás, não porque estamos numa era diferente, mas porque eu penso de maneira diferente neste estágio da minha vida.' Veja mais . O que a imprensa diz sobre: CALVIN E HAROLDO - O MUNDO E MAGICO O Estado de S. Paulo / Data: 10/4/2007 Olha aí quem está de volta. Mas quem disse que eles partiram? Sai no Brasil o primeiro de uma série de álbuns com toda a produção de Bill Waterson para Calvin & Haroldo Patrícia Villalba Eles foram embora há quase 12 anos, mas parece que os fãs não estão nem um pouco a fim de registrar isso. Calvin e Haroldo mantêm o fôlego mesmo depois de sua tira ter sido cancelada pelo criador, o americano Bill Waterson, em dezembro de 1995 e, mais, seguem conquistando jovens leitores. Agora, num alento para os que sentem saudades do pensador de 6 anos de idade e seu tigre de pelúcia - mesmo com a publicação diária das tiras no Caderno 2 -, a Editora Conrad lança O Mundo É Mágico - As Aventuras de Calvin & Haroldo , álbum inédito no Brasil (168 páginas). É o primeiro de uma série de livros que a editora vai lançar com toda a produção de Waterson para a dupla de personagens, criada em 1985. Waterson não é de falar muito, tanto é que nem escreveu um prefácio para o livro. E é tão cuidadoso com seus personagens, que jamais aceitou as propostas de licenciamento da marca, evitando que Calvin e Haroldo fossem estampados em lancheiras, álbuns de figurinhas e tranqueiras de todo o tipo. Não quis prejudicar a personalidade rebelde e contestatória dos personagens transformando-os em mais um produto de marketing. Waterson também não dá entrevistas. Mas no lançamento das obras completas nos Estados Unidos, em 2005, topou responder algumas perguntas de fãs no site da editora Andrews McMeel Publishing. Ele negou, por exemplo, que tenha se baseado nas próprias experiências da infância para criar Calvin, embora reconheça que o personagem carrega algo de sua personalidade. 'Eu nunca tive amigos imaginários, sempre me mantive afastado de problemas e fui um bom aluno, então, não posso dizer que a tirinha seja autobiográfica', respondeu ele a um fã. Waterson observa ainda que não vivemos um grande momento das tiras de jornal. 'Eu tento, mas agora não leio mais quadrinhos como a maioria das pessoas normais, mas me divirto com algumas tiras', revelou. O Mundo É Mágico traz algumas tirinhas memoráveis dos pequenos filósofos - no original, eles são Calvin e Hobbes, nomes inspirados no teólogo francês Jean Calvin e no filósofo inglês Thomas Hobbes. O destaque é a série em que a dupla está às voltas com extraterrestres - Calvin como o incrível astronauta Spiff, contra as engraçadíssimas criaturas-inseto do planeta Zarton-9. Há ainda uma seqüência generosa de tiras de domingo, coloridas. Tudo admiravelmente atual. 'Eu optei por não ancorar a tira no tempo. Os brinquedos de Calvin, por exemplo, poderiam ser usados em qualquer época', teorizou Waterson. 'Suponho que se fosse fazer o Calvin hoje, ele seria diferente daquele de dez anos atrás, não porque estamos numa era diferente, mas porque eu penso de maneira diferente neste estágio da minha vida.' O Globo / Data: 3/3/2007 Uma criança, um tigre e um afiado olhar crítico sobre a cultura de massa As saudosas tirinhas de Calvin e Haroldo estão em 'O mundo é mágico' Por Eduardo Fradkin Numa das 168 páginas do livro que encabeça a lista dos mais vendi­dos na categoria infan­to-juvenil, o garoto Calvin, de 6 anos, discursa - 'O público da TV hoje é moderno e sofisticado. Sabemos separar a ficção da realidade. Entendemos a sátira e a ironia. Somos espectadores imparciais e calejados! Não nos deixamos influenciar pelo que vemos na TV'. É a deixa para que seu tigre de pelúcia falante, Haroldo, comente - 'Acho que estou ouvindo anunciantes gargalhando', enquanto Calvin se abaixa - 'Peraí, preciso inflar os meus tênis de basquete'. O irônico diálogo, como de hábito em Calvin e Haroldo, não é lá muito 'infanto-juvenil', e as críticas à televisão e ao marketing pode­riam soar hipócritas numa his­tória em quadrinhos, meio de onde costumam migrar personagens para a TV e para quin­quilharias que inundam as lojas. Mas aí entra em cena o alter-ego de Calvin, o super-herói anticon­sumista Bill Watterson, sob o disfarce de arredio cartunista. No recém-lançado 'O mundo é mágico', o primeiro de seis li­vros nos quais a editora Conrad compilará as tirinhas de Watter­son, infelizmente, não há informações sobre o autor ou sua criação. A melhor fonte para quem as procura ainda é a edi­ção comemorativa de dez anos 'The Calvin and Hobbes tenth anniversary book', lançada em 1995 nos Estados Unidos (e iné­dita no Brasil). No dia 31 de de­zembro daquele ano, aliás, saiu a tirinha derradeira. Por que o cartunista não vendeu os direi­tos para que outros a perpetuassem? É aí que ele mostra seus poderes - seu trabalho é autoral, feito solitariamente, e intransferível, sob pena de corrupção. Na edição de aniversário, ele escreveu que não tinha uma equipe porque 'aprovar o traba­lho de outros não é igual a você mesmo fazê-lo'. Seus persona­gens são veículos para ele ex­pressar sua visão de mundo. E acrescentou - 'o mundo de uma tira cômica é frágil. Persona­gens críveis são difíceis de criar e fáceis de destruir. Quando um cartunista os comercializa, sua voz é cooptada pelos interesses de fabricantes de brinquedos, produtores de TV e anuncian­tes. O cartunista perde sua fun­ção como um pensador original; seu trabalho é manter os personagens lucrativos. Eles se tor­nam 'celebridades', endorsam empresas e produtos, evitam controvérsia e dizem o que lhes pagam para dizer. Nesse ponto, a tira deixa de ter alma.' Autor recusou milhões de dólares para vender Calvin Sim, todos os produtos que estampam Calvin e Haroldo são piratas - Para manter a integri­dade de sua arte, Watterson re­cusou 'pilhas de dinheiro; mi­lhões de dólares em troca da assinatura de alguns contratos' e sofreu enorme pressão de seu sindicato (Universal Press), contra o qual lutou por quase cinco anos. Além da questão da integridade, ele acha que o mer­cado de consumo viola o espírito das tiras, e que o público se cansa de personagens retrata­dos em inúmeros produtos. Co­mo diz Haroldo numa tirinha - 'Se as coisas boas durassem pra sempre, saberíamos dar o valor que elas têm?' Correio Braziliense / Data: 25/2/2007 A essência do que vale na vida Lançamento em livro das tirinhas de Calvin e Haroldo celebra a alegria e a simplicidade. Pela mesma editora, sai o quinto volume de Adolf Danielle Romani O ano começa com bons ventos soprando para os fãs das histórias em qua­drinhos. E as boas novas vêm de todas as áreas. Para os apreciadores de roteiros inteligentes e bem-humorados, a Con­rad traz uma belíssima surpresa: acaba de lançar O mundo é mági­co - As aventuras de Calvin e Ha­roldo (Conrad, 168 páginas), de Bill Watterson. Gostou? Mas o melhor vem agora: não se trata de um título isolado. É apenas o primeiro da reedição das obras completas da dupla, que tem como protagonistas o menino lourinho e endiabrado e seu tigre de pelúcia, companheiros inseparáveis. São muitos os motivos para comemorar o lançamento. O pri­meiro deles é simples: Calvin e Haroldo é puro prazer e bom humor. É o que se pode chamar de patrimônio de homens e mulhe­res de todas as idades. Presta-se às crianças pequenas, que se afi­nam com as idéias e propostas da duplinha endiabrada, mas tam­bém aos marmanjos de muitos anos e andanças. O motivo para tanta empatia com o público pode ser definido com simplicidade. Por intermédio de um garoto com uma imaginação fértil- como é a maioria das crianças -, o autor questiona os valores da sociedade e ainda nos obriga a conectar com os sonhos e fantasias mais viscerais. Calvin e o tigrinho Haroldo, portanto, tra­zem, em si, a essência da alegria, da simplicidade, do que vale a pe­na, realmente, na vida. E essa empatia com o público pode ser medida em números bem palpáveis: durante os 10 anos em que foi veiculada, a tirinha chegou a ser publicada, simultaneamente, em 2.400 jornais ao re­dor do mundo. Criado em 1985, foi editado até dezembro de 1995, com o nome original em inglês de Calvin and Hobbes (em alusão ao teólogo Jean Calvin e ao filósofo Thomas Hobbes, ambos ingleses). Se cum­prir a promessa de relançar todo o trabalho, a Conrad nos brindará com alguns milhares de tirinhas da dupla. Este primeiro exemplar reúne as últimas publicadas, e pe­la primeira vez agregadas em livro no Brasil. Um conselho? Corra pa­ra ler o seu. É garantia de prazer, poesia e boas risadas.