Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Trova do vento que passa ~Manuel Alegre


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Enviado por  em 27/01/2011
Música: Trova do vento que Passa

Intérprete: Adriano Correia de Oliveira


CANTAR A LIBERDADE
«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa notícias do meu paíse o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas ai rios do meu paísminha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas pede notícias e dizao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão.Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados.E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada ninguém diz nada de novo.Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró marcomo quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir(minha pátria à flor das águas)vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada e fale pátria em teu nome.Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada só o silêncio persiste.Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo se notícias vou pedindonas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro dos homens do meu país.Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraçahá sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste em tempo de servidãohá sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
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Manuel Alegre
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Este poema de Manuel Alegre simboliza a esperança pela Liberdade e foi cantado por  Adriano Correia de Oliveira. O cantor era um amigo do poeta e companheiro das lutas estudantis em Coimbra.Anos antes, o convívio entre os dois possibilitou a criação de um  poema-cantiga que ficou na história da resistência à Ditadura. *Conta-se que numa noite, em plena Praça da República em Coimbra, Manuel Alegre exprimia a sua revolta:«Mesmo na noite mais triste/ Em tempo de servidão/ Há sempre alguém que resiste/ Há sempre alguém que diz não».E Adriano Correia de Oliveira disse «mesmo que não fiquem mais versos, esses versos vão durar para sempre». Ficaram. António Portugal compôs a música .  «E depois o poema surgiu naturalmente». Tinha nascido a Trova do vento que passa. Três dias depois vieram para Lisboa, para uma festa de recepção aos alunos na Faculdade de Medicina. Manuel Alegre fez um discurso emocionado, depois Adriano Correia de Oliveira cantou e quando acabou de cantar:
«foi um delírio, teve de repetir três ou quatro vezes, depois cantou Zeca,depois cantaram os dois. Saímos todos para a rua a cantar. A Trova do vento que passa passou a ser um hino».
*Eduardo M. Raposo, Cantores de Abril – Entrevistas a cantores e outros protagonistas do Canto de Intervenção, Lisboa, Edições Colibri, 2000.




Para ouvir um curto excerto do poema «Trova do Vento que Passa», cantado por Adriano Correia de Oliveira:
 
Ao longo dos tempos, o cantor compôs as mais belas músicas para os poemas de Manuel Alegre, transformando cada  palavra num símbolo de esperança e de força para aqueles que resistiam, com persistência e sofrimento, à repressão que se vivia em Portugal antes do 25 de Abril.

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