Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 29 de setembro de 2013

Oceanário recebe exposição que mostra o planeta visto do céu


Fotografias estão expostas até 6 de Janeiro, com acesso gratuito, no Parque das Nações.


Impressionantes extensões de oceano, praias repletas de gente e chapéus-de-sol, glaciares à deriva, tudo visto do céu. Mas também peixes coloridos e baleias gigantes fotografados no fundo do mar. Estas são algumas das imagens que integram a exposição Planet Ocean, da fundação Good Planet, inaugurada nesta terça-feira no Oceanário de Lisboa.
As imagens aéreas foram recolhidas pelo fotógrafo, jornalista e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand que, aos 67 anos, tem no currículo diversos projectos relacionados com o planeta e a acção do Homem sobre a Natureza. Entre eles, o livro The Earth From Above (em português, A Terra Vista do Céu), que deu origem a uma exposição vista por mais de 200 milhões de pessoas em Paris.
A aventura de fotografar a terra a partir de aviões, balões de ar quente e helicópteros já levou Arthus-Bertrand aos vários cantos do mundo. Pelo caminho, foi encontrando alguns muros. Ao PÚBLICO, conta que o mais difícil é ter autorização para voar – na Argélia, por exemplo, a equipa nunca a conseguiu. Em alguns países, diz o fotógrafo, encontrar meios aéreos disponíveis e pilotos com experiência é como encontrar uma agulha num palheiro. Mas também se surpreendeu: “Por exemplo, no Panamá encontrámos um local fabuloso para fotografar que não estava nos planos e que surgiu quase por acaso.”
Captar imagens do mundo é também compreender quem somos. Essa foi, garante, a sua “verdadeira surpresa”. Afirma ainda que o trabalho, ou “a odisseia”, como lhe chama, proporcionou um “enriquecimento tremendo”.
O documentário, que dá origem à exposição, foi um desafio proposto pela Omega, o fabricante suíço de relógios. O projecto tem como objectivo retratar, por um lado, “a beleza inerente do nosso planeta”, e por outro lado documentar “o impacto que a nossa forma de viver tem nos oceanos e nos ecossistemas marinhos”, explica o fotógrafo. Mas Arthus-Bertrand admite que “não é possível mudar o mundo com uma exposição”.
Além das suas imagens aéreas, a exposição, de entrada livre, inclui imagens subaquáticas captadas por Brian Skerry, um fotógrafo norte-americano colaborador da revista National Geographic. Os visitantes podem apreciar as 35 fotografias aéreas e subaquáticas até 6 de Janeiro de 2014.
Na calha, o francês, que é também embaixador da Boa Vontade no Programa Ambiental das Nações Unidas, tem a realização do filme Human, sobre "a beleza do mundo", e outro projecto sobre o desaparecimento da vida animal selvagem devido à pressão da presença humana.

Leonard Bernstein esteve prestes a abandonar West Side Story

Público

Colectânea de cartas a editar em Outubro revela dificuldades nos bastidores de um dos mais importantes musicais de sempre. Espelha ainda as diferentes facetas da personalidade do compositor
Tony e Maria, os protagonistas da versão cinematográfica de "West Side Story" DR

Um dos mais celebrados e reencenados musicais de sempre podia não ter existido ou, pelo menos, não ter soado como os nossos ouvidos o reconhecem até hoje. Sem MariaTonight ou America, podia ter havido um West Side Story sem Leonard Bernstein? Durante a pré-produção do espectáculo a relação do compositor com o escritor e dramaturgo Arthur Laurents deteriorou-se ao ponto de Berstein ponderar abandonar o projecto, revelam cartas inéditas de Berstein a editar em livro em Outubro.
Yale University Press publicará uma compilação da correspondência do compositor norte-americano que colaborou com Laurents, Stephen Sondheim (letras) e com o coreógrafo Jerome Robbins na feitura de West Side Story, uma visão do clássico shakesperiano Romeu e Julieta passado na Manhattan dos anos 1950. Os seus imigrantes porto-riquenhos, os trabalhadores de ascendência polaca, os gangues rivais e os respectivos códigos de fidelidade com cor e sonoridade única chegaram aos palcos em 1957 – aliás, a estreia de Sondheim na Broadway. Depois, em 1961,West Side Story chegou ao cinema através dos realizadores Robert Wise e Jerome Robbins e dos protagonistas Natalie Wood, Rita Moreno e Richard Beymer, tornando-se num êxito que tocaria várias gerações
Tudo isto podia soar diferente ou mesmo não existir se a “hostilidade” entre o compositor e o dramaturgo tivesse mesmo feito com que Bernstein desistisse do projecto. Na colectânea de cartas, escreve este sábado o Guardian, está incluída uma missiva de 1949 (dois anos depois de o coreógrafo Jerome Robbins ter tido a ideia para a peça) endereçada pelo dramaturgo ao compositor em que é referida uma conversa anterior entre os dois sobre a vontade de Bernstein abandonar o projecto. “Lamento que tenha decidido não fazer o espectáculo”, escreve Laurents.
Note-se que a data da carta precede em muito a estreia da peça na Broadway, dando a entender que o tema foi alvo de querela durante algum tempo. Como escreve agora o diário britânico, foram os amigos de Bernstein que convenceram o músico a regressar àquele que se tornaria um marco na história do teatro musical. As cartas mostram que em 1955 Bernstein estava de novo a bordo.
As divergências entre Bernstein e Laurents terão surgido logo no primeiro esboço para a peça, então chamada East Side Story (o West Side e o East Side referem-se aos bairros da ilha de Manhattan), com o compositor a criticar alguns elementos da escrita e guião do dramaturgo e com diferentes opiniões sobre a abordagem musical à história (se deveria ser uma opereta ou uma peça lírica), por exemplo.
A colectânea de correspondência editada pelo musicólogo britânico Nigel Simeone, lançada no final de Outubro em inglês, contém 650 cartas que revelarão, como escreve o seu editor, a personalidade complexa de Bernstein, ora assertivo ora profundamente inseguro, as suas relações afectivas e problemas políticos. São cartas trocadas com os seus amigos compositores e colegas de trabalho, mas também com figuras como Jacqueline Kennedy, Bette Davis ou Boris Pasternak.
Das cartas emergem as suas relações com homens, nomeadamente com o compositor Aaron Copland, e o conhecimento que disso tinha a sua mulher e mãe dos seus filhos. Sabe-se agora também que foi vigiado pelo FBI e teve dificuldades em manter a cidadania norte-americana, tema sobre o qual escreveu ao seu irmão e ao compositor David Diamond. É ainda revelada a vontade que tinha de fazer um musical sobre Eva Perón, manifestada numa carta de 1952.
Após a sua morte em 1990, os arquivos de Bernstein estavam interditados ao acesso público por ordem da família. Mas quando o seu espólio transitou para a Biblioteca do Congresso norte-americano, há três anos, tornaram-se possíveis novos vislumbres sobre a vida pessoal do compositor.