Discurso de Lula da Silva (excerto)

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terça-feira, 24 de março de 2015

HISTÓRIA DA CIDADE DE LUANDA



Foi a história que fez de Luanda aquilo que ela é hoje e se todas as Historias têm um começo, esta tem as suas raízes num solo quente, fértil e belo.

Luanda começou por ser um pedaço de terra que cabia no sonho de uma caravela. Depois, cresceu com a imaginação dos homens que nela viveram e por ela lutaram e as páginas da sua história estão repletas de episódios e Figuras que construirão ruas, jardins, monumentos e igrejas, a que por vezes emprestarão seu nome.
Banhada pela baía, ergue-se majestosa a bela
cidade de Luanda, cidade sensual e verdadeira
manta de retalhos composta por etnias.
Outrora terra do rei do Congo, onde se extraem búzios chamados zimbos, a sua fundação teve início em Fevereiro de 1575, quando o português Paulo Dia de Novais se estabeleceu na ilha frente a baia de Luanda. Fundada a há mais de quatro séculos. Segundo a interpretação etimológica, apalavra Luanda ou Luwanda, na grafia de língua Kimbundo, significa “tributo”.
Luanda é uma cidade que foi inventada a si própria. Corpo vivo de um mistério passado nasceu da vontade dos homens que sonharam com olhos abertos com feitos grandiosos de conquistas ou libertação. O forte atracão exercida pela cidade, onde vivam reis e escravos pescadores e marinheiros, aventureiros e missionários, locais e europeus, revelou-se desde o início da sua história. Primeira capitania, depôs vila e mas tarde cidade, as paginas da historias de Luanda foram se escrevendo por muitas mãos. Cidade vasta e panorâmica, edificada em forma de anfiteatro, Luanda caracteriza-se por justaposição do
modelo autóctone local e o modelo metropolitano dos colonizadores. A combinação de todas estas construções, antigas e modernas, foram dando a cidade um aspecto característico e próprio, nas duas partes bem distintas que organizavam a cidade: a cidade alta e a cidade baixa.


Foi em 1575, quase um século depôs do navegador português Diogo Cão ter assinalado com os seus padrões toda a costa de Angola, entre 1482 e 1486 e do Zaire do Cabo Negro, que Paulo dia de Novais, futuro Capitão-Mor das conquistas do reino de Angola, desembarcou na ilha de Luanda. Habilitado com a carta donatária de 19 de Setembro de 1571, de EI-Rei D. Sebastião, que o instituía como primeiro Governador e conquistador do reino de Angola, Paulo dia de Novais, partira de Lisboa, em 23 de Outubro de 1574, em sete navio com a armada que o acompanhava. Chegou a ilha de Luanda a 11 de Fevereiro de 1575, com seca de 700 pessoas, 350 das quais, homens de armas, padres mercadores e servidores, estabelecendo o primeiro núcleo de portugueses, disposto a efectuarem a conquista temporal e espiritual da terra.

 

Aqui encontrou, além de alguns compatriotas, muita gente que nela vivia, no dizer dos cronistas, “ muito bem-dispostos ao cristianismo”, Um ano depois, reconhecer que a ilha era pequena e por isso não constituir “ o Lugar acomodado ideal para a capital da conquista”, Paulo Dias de Novas avançou para terra firme e fundou, no porto que se localizava em frente da ilha, a vila de são Paulo de Luanda. 

Logo de seguida lançou a primeira pedra para a edificação da igreja de São Sebastião, por ordem expressas do rei D. Sebastião e Criou os cargos e ofícios necessário ao governo da nova colónia. Fundação da capitania a apropriação pelos portugueses de espaços destinados a militares, religiosos e traficantes, com a finalidade de assegurar a sua autonomia especial e politica, os núcleos costeiros tenham como função estratégica primordial proteger as operações comercias ligadas ao tráfico negreiro.


O novo burgo Limitava-se ao largo da feira, actual praça do palácio, onde os jesuítas do Séquito de Paulo Dias de Novais desde logo edificaram a sua Igreja, as construções do Monte de São Paulo e a algum casario da praia, locas preferidos pelo primeiros colonos, conquistadores e antigos mareantes. A sua população constituída pela comitiva de Paulo Dias de Novais e da qual faziam parte também sapateiros, alfaiates, pedreiros, cabouqueiros, taipeiros, um físico e um barbeiro, sentiu dificuldades de adaptação devido a inclemência do clima e a carência de condições favoráveis para sua fixação.

Assim, 1621 e decorridos 45 anos, a população era ainda limitada acerca de «400 vizinhos», conforme carta de Garcia Mendes Castelo Branco, esta situação mereceu sempre o maior cuidado e interesse do estado e em 1657, a Rainha D. Leonor ordenou o embarque para Luanda de 15 Mulheres convertidas da casa pia de Lisboa, a fim de casarem com pessoas beneméritas.

A uma primeira fase, de persistência da histórica e tradicional ocupação costeira com lenta e fragmentada penetração para o interior, fruto de iniciativas pontuais, de tipo Proto Urbano, sucedeu-se uma segunda instrução assente nas povoações comerciais. A estrutura inspirava-se no modelo tradicional da cidade portuguesa da expansão, numa implantação litoral, em baía resguardada, com carácter basicamente defensivo e comercial.

Durante este tempo, as condições económicas dos habitantes da capitania dependiam, quase exclusivamente do comércio de escravos, isenta
das sanções do direito e da moral, proporcionava aos habitantes avultados lucros e um elevado nível de vida. Apenas a construção de igrejas na parte alta da cidade, como a igreja da misericórdia, 1576; a Sé Episcopal, em1583, a igreja dos jesuítas, em 1593; O convento de S. José, em 1604; do palácio do governadores, em 1607 e da casa da comera, em 1623, contrariam afirmação de que a cidade pouco beneficiou dessa época de opulência.


O século XVII foi decisivo para a afirmação de Luanda como ponto estratégico no comércio entre África, Europa e América. As disputas territoriais pelas terras africanas envolviam Países económica e militarmente mas forte que Portugal, como a França, Inglaterra e Alemanha, o que constituía motivo de grande preocupação para um domínio mas eficaz do terreno conquistado. As primeiras perturbações acusadas pelas investidas holandesas tiveram lugar em 1624 e em 1633. Armam-se em Luanda 5 navios de guerra para combater as naus que ameaçavam o comércio em Benguela. Em 24 de Agosto de 1641, apareceu na baía a grande armada, sob o comando do almirante Pedro Houtbeen. Alarmados, o povo e o governo abandonaram a cidade, que caiu em poder dos holandeses. Salvador Correia de Sá e Benevides, que tinha realizado no Brasil uma notável obra de Governação, quer em terra ou em mar, foi encarregado pelo rei D. João IV de promover a restauração de Angola. Acompanhado de 1200 homens de armas de uma frota de 12 navios, faz-se ao mar em 12 de Maio de 1648, fundeando em 12 de Agosto na baía de Quicombo.


A inclemência do mar faz perder uma nau com 300 homens, mas mesmo sem eles, Salvador Correia de Sá chegou a baía de Luanda, perante admiração do Holandeses, convencidos tratar-se apenas de simples guarda avançada de uma grande esquadra. Apressadamente se refugiaram na fortaleza S. Miguel, mas após o desembarque feito na manha seguinte, a 15 de Agosto e em assalto bem conduzido, o inimigo rendeu-se dominado por menos metade dos homens portugueses. O nome da cidade foi mudado após a sua reconquista passando a designar-se São Paulo de Assunção de Loanda, em homenagem a virgem, por ser aquele o dia da sua assunção.


À sua volta foi crescendo e irradiando a vila, que mas tarde ganharia o contorno e o estatuto de cidade tendo-se iniciado um período onde são notáveis os esforços para a restauração do que avia sido destruído pela invasão holandesa, algumas edificações da época, como as fortaleza de S. Miguel, do penedo se Santa Cruz, varias igrejas algumas já desaparecidas, os conventos dos jesuítas dos Terceiros Franciscanos, O Hospital da Misericórdia e casario diversos, principalmente na baixa de Luanda, foram assim restaurados.

Em 1662, Luanda foi elevada á condição da cidade, tendo os seus moradores privilegio iguais aos cidadãos do porto, em reconhecimento do papel decisivo dos seus habitantes na reconquista de Angola por Alves Régios de 28 de Setembro e 9 de Dezembro de 1662, foram concedidos aos oficias da câmara a cidade Luanda e seus moradores os mesmos privilégio dos cidadãos da cidade do porto. E se 16621 documentos da época referiam “ 400 vizinhos” a Luanda, em 1800 essa população era calculada em mas de 6 mil habitantes. 


O aumento da população de Luanda e o crescimento da rede comercial encontravam-se em estreita relação. O volume de exportações de alfândega de Luanda representava cerca de um quarto do valor total das colónias, sendo as principais mercadorias o café, algodão, couro, arroz e cera. O trabalho de restauração levado a cabo prolongou-se cerca de 100 anos entre as maiores dificuldades, como enfermidades, inércia e maus hábitos, entre as construções mas notáveis do fim do mesmo século, existe ainda muito bem conservadas, a Igreja da Nossa Senhora de Nazaré, que o governador André Vidal de Negreiros iniciou em 1644; a igreja dos Carmelitas, de 1663 e ainda a fortaleza de São Miguel, co recinto fechado, de terra batida e alvenaria. Datam do século XVIII o acabamento da fortaleza de S. Pedro da Barra, de S. Francisco, no antigo lugar do forte do penedo e de outras obras de vulto como o quartel de infantaria (1754), agora demolido, o palácio do Governo (1761), o terreiro público (1771). 

A situação apenas se modificou em 1764, quando ascendeu à suprema magistratura de Angola um dos mas qualificados representantes da administração pombalina, D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho. Ficou para a história com a glória de ter determinado e levado a cabo alguns dos mais belos edifícios da cidade, como a fortaleza de S. Francisco do Penedo ao fim de quase dois séculos contados.

Ao fim de quase dois séculos contados desde a sua fundação, mercê das lutas de extermínio travadas com os holandeses, da incompreensão dos homens e do resultado do descalabro Financeiro da província, Luanda tinha uma escassa população que mal se desenvolvia e apresentava-se muito aquém do alto destino a que podia aspirar, pelas suas excepcionais condições naturais e económicas. Duas partes bem distintas organizavam a cidade: a cidade alta e a cidade baixa. 



A separação entre duas cidades era marcada por um penhasco de desnível acentuado. Na cidade alta estavam estalados os principais representantes militares, civis e religiosos, como a fortaleza de S. Miguel o palácio dos governadores ou tribunal e junto a fazenda Real ou o hospital D. Maira Pia. A cidade baixa totalmente comercial, era organizado em Largos, praças e terreiros. Os comerciantes de marfim, cera tecidos, doçarias e vinhos reinavam em todas as classes. Os homens de negócios eram fazendeiros no sertão e fazendários no serrão e proprietários de extensas plantações de café, mandioca e cana-de-açúcar.

Durante centenas de ano Angola assistiu a saída forçada para o Brasil de milhares de seus naturais. O negócio da escravatura era de tal forma rentável que o estado tinha nele o seu principal esteio financeiro. Poucas eram porém as casas da cidade ainda nos meios do século XIX. As construções mas importantes desse período são o mercado da quitanda (1818), o primeiro cemitério (1806) e, já no fim do século, o hospital D. Maria Pia, notável ainda hoje pelo seu plano e grandezas e que as obras de vulto de anos recentes melhoram consideravelmente. O aumento da população e o desenvolvimento da cidade foram, como é natural, os principais factores do seu engrandecimento em Janeiro de 1800 a população era já de 6500 almas.


As características da urbanização de Luanda foram tomando aspectos diferentes, conforme a civilização e os conhecimentos de cada época. Ate meados do século XVIII a urbanização ficou subordinada as razões de ordem políticas, económica e geográficas após esta época aperfeiçoam-se as práticas urbanísticas como resultado da expansão colonial. Entraram em função outros factores urbanos, com o saneamento e a estética, melhoram-se os meios decisivos colónias e o abastecimento e distribuição de alimentos.


No século XIX produziram-se extraordinárias mutações no destino de Angola. Durante Muito Tempo, a economia de Luanda girou entorno de comércio de escravo e da exploração de marfim, perfil este que foi alterado com a conquista de novas terras no interior com a construção do caminho-de-ferro ate Malange, abrindo novas possibilidades para o comércio. Com abolição do comércio de escravatura, a necessidade de reformular os processos comercias, a estrutura económica e social e as tendências humanitárias impuseram-se. A terra foi habitada por gente déspotas a fixar raízes profundas no solo Angolano, para promoção do progresso e da civilização. No segundo quartel do século XIX, a urbanização de Luanda avançou mas um grande passo e conheceu o progresso urbano.


Entre os meados do século XIX para o século XX, melhoram todas as vias de acesso a cidade, tal como a pavimentação das ruas e qualidades de edificações. A tudo isto não foi alheio o contributo imensurável dos caminhos-de-ferro, determinantes no desenvolvimento desta província.


Entre os anos 30 e 70, Luanda não mas parou de se desenvolver, multiplicando pontos de referência. A esse grande crescimento da área urbanizada seguiu-se um período de estagnação logo a independência, ao contrário da área suburbana da capital que cresceu para mas do triplo da dimensão de 60 sec. XX, a cidade conheceu ma explosão demográfica e em pouco mais de 10 anos atingiu a cerca de 880 mil Habitantes e actualmente conta com aproximadamente oito milhões de Habitantes: no século XX, Luanda experimentou duas situações bem distintas: a prosperidade e a estagnação.

Se em meado da década de 1960 a cidade era uma das mas belas e desenvolvidas do continente Africano, após a independência e a sangrenta guerra civil, a situação mudou radicalmente. Com o fim da guerra, no início de 2002, Até hoje, Luanda buscou retomar o caminho do progresso e do desenvolvimento. 

http://www.gpl.gv.ao/publica/HistoriaDeLuanda.aspx

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