Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Historiadores repensam papel chave dos soviéticos na derrota do Japão


QUINTA-FEIRA, 21 DE OUTUBRO DE 2010

Um novo olhar sobre a rendição do Japão

Segue um artigo traduzido do inglês por mim, falando sobre a relevância da União Soviética em forçar a rendição do Japão militarista na Segunda Guerra Mundial.

Historiadores repensam papel chave dos soviéticos na derrota do Japão 

   
Stálin, Truman e Churchill em Potsdam

Enquanto os Estados Unidos lançavam suas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki em Agosto de 1945, 1.6 milhões de soviéticos lançaram-se em um ataque surpresa contra o exército japonês que ocupava a Ásia oriental. Em alguns dias, o exército de um milhão de homens do Imperador Hiroshito havia desmoronado. 

Fora uma virada importantíssima no campo de batalha do Pacífico da Segunda Guerra Mundial, todavia ela seria largamente eclipsada nos livros de história pelas bombas lançadas na mesma semana em Hiroshima e Nagasaki, 65 anos atrás. Porém recentemente alguns historiadores argumentaram que a ação soviética foi tão efetiva – ou possivelmente mais efetiva – que as bombas-A em terminar a guerra. 

Agora uma nova história escrita por um professor da Universidade da Califórina busca reforçar este ponto de vista, argumentando que o medo da invasão soviética persuadiu os japoneses a optarem pela rendição aos americanos, os quais eles acreditavam que os tratariam mais generosamente que os soviéticos. 

Forças japonesas no noroeste da Ásia combateram os russos pela primeira vez em 1939, quando o exército japonês tentou invadir a Mongólia. A derrota desastrosa na batalha de Khalkin Gol induziu Tóquio a assinar um pacto de neutralidade que manteve a URSS fora da guerra do Pacífico. 

Tóquio mudou seu foco para o confronto com tropas americanas, britânicas e holandesas, o que levou ao ataque de Pearl Harbor em 7 de Dezembro de 1941. 

Porém após a rendição da Alemanha em 8 de Maio de 1945, e ao sofrer uma série de derrotas nas Filipinas, em Okinawa e em Iwo Jima, o Japão voltou-se à Moscou para mediar um fim para a guerra do Pacífico. 

No entanto, o líder soviético Josif Stálin já havia prometido secretamente à Washington e Londres que ele atacaria o Japão após três meses da derrota alemã. Portanto ele ignorou os pedidos de Tóquio, mobilizando mais de um milhão de tropas nas fronteiras da Manchúria. 

A Operação Tempestade de Agosto foi iniciada em 9 de Agosto de 1945, enquanto a bomba de Nagasaki era lançada. Ela tirou a vida de 84.000 soldados japoneses e 12.000 soviéticos em duas semanas de combate. Os soviéticos chegaram a apenas 50km da ilha principal do norte do Japão, Hokkaido. 

“A entrada dos soviéticos na guerra foi muito mais importante que as bombas atômicas em induzir o Japão à rendição, porque acabou com qualquer esperança do Japão em terminar a guerra através da mediação de Moscou,” disse Tsuyoshi Hasegawa, que em sua obra recentemente publicada “Racing the Enemy”, examina a conclusão da guerra do Pacífico baseado em arquivos soviéticos recentemente liberados, além dos documentos japoneses e americanos. 

“O imperador e a facção da paz (dentro do governo) aceleraram o fim da guerra esperando que os americanos lidariam com o Japão mais generosamente que os soviéticos,” disse Hasegawa, um acadêmico americano que fala russo, em uma entrevista. 

Apesar do número de mortos pelas bombas atômicas – 140.000 em Hiroshima e 80.000 em Nagasaki, o Comando Militar Imperial acreditava que poderia segurar uma invasão Aliada se mantivesse o controle sobre a Manchúria e a Coréia, locais que proviam os japoneses com recursos para guerra, de acordo com Hasegawa e Terry Charman, um historiador da Segunda Guerra Mundial no Museu Imperial da Guerra, em Londres. 

“O ataque soviético mudou tudo isso,” disse Charman. “A liderança em Tóquio percebeu que não havia mais esperanças, e, neste sentido, a Tempestade de Agosto teve um efeito muito maior na decisão do Japão em se render do que os ataques nucleares.” 

Nos EUA, os ataques nucleares ainda são vistos como uma decisão de última instância contra um inimigo que parecia determinado a lutar até a morte. O presidente Harry S. Truman e os líderes militares dos EUA acreditavam que uma invasão ao Japão custaria a vida de centenas de milhares de soldados americanos. 

O historiador americano Richard B. Frank argumentou que por mais terrível que os ataques nucleares sejam, eles salvaram a vida de milhares de soldados americanos e de milhões de combatentes e civis japoneses que teriam morrido se o conflito continuasse até 1946. 

“Nas famosas palavras do Secretário de Guerra Henry Stimson, (as bombas) foram a ‘menos aterradora escolha’ de uma sinistra gama de opções encaradas pelos líderes americanos,” disse ele em uma entrevista. “Alternativas às bombas atômicas não apresentavam garantia em quando elas terminariam a guerra e carregavam um preço muito maior em mortes e sofrimento humano.” 

Frank, que está escrevendo uma história de três volumes acerca da Guerra do Pacífico, disse que continua a discordar de Hasegawa na importância relativa da intervenção soviética e das bombas-A em forçar a rendição japonesa. 

Mas ele disse que concorda que a responsabilidade pelo o que ocorreu é do governo japonês e de Hirohito, o qual decidira em Junho recrutar quase a população inteira, homens e principalmente mulheres, para lutar até a morte. 

“Já que nenhuma provisão fora tomada para colocar estas pessoas em uniformes, tropas invasoras Aliadas não seriam capazes de distinguir entre combatentes e não-combatentes, tornando efetivamente cada vila japonesa em alvo militar,” disse Frank. 

O impacto do avanço relâmpago dos soviéticos é percebido nas palavras do primeiro ministro japonês, Kantaro Suzuki, incitando seu gabinete à rendição. 

Ele é citado no livro de Hasegawa dizendo, “Se perdermos (a chance) hoje, a União Soviética tomará não só a Manchúria, a Coréia e Sakhalin, mas também Hokkaido. Nós precisamos terminar a guerra enquanto ainda podemos lidar com os Estados Unidos.” 

O dia V-J, o dia em que o Japão cessou de lutar, foi em 15 de Agosto (14 de Agosto nos EUA), e a rendição formal do Japão ocorreu em 2 de Setembro. 

Dominic Lieven, professor de governo russo na Escola de Economia de Londres, disse que o sentimento anti-soviético no Ocidente tende a minimizar as conquistas militares soviéticas. 

Também, “Poucos Anglo-americanos viram com seus próprios olhos a ofensiva soviética no Extremo Oriente, e os arquivos soviéticos não foram abertos para historiadores ocidentais subsequëntemente.”, ele disse. 

Mais surpreendentemente, até na Rússia a campanha foi largamente ignorada. Apesar da escala da vitória soviética ser sem precedentes. 12.000 mortos contra o Japão dificilmente podem ser comparados com a luta de vida ou morte contra a Alemanha Nazista, a qual 27 milhões de soviéticos morreram. 

“A importância da operação foi enorme,” disse o aposentado General Makhmut Gareyev, presidente da Academia Russa de Ciências Militares, que tomou parte da campanha em 1945. “Ao entrar na guerra contra o Japão militarista... A União Soviética precipitou o fim da Segunda Guerra Mundial.”

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