Discurso de Lula da Silva (excerto)

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sábado, 12 de fevereiro de 2011

A morte do multiculturalismo - Eduardo Bomfim

Colunas

Vermelho - 12 de Fevereiro de 2011 - 0h01

Eduardo Bomfim *

Na década de setenta passada surgia na Inglaterra e nos Estados Unidos o neoliberalismo. Algum tempo depois, em 1989, Francis Fukuyama, norte-americano, até então um obscuro professor de História e Filosofia, publica um artigo, em uma revista de circulação restrita, intitulado “O fim da História” e posteriormente, em 1992, o livro “O fim da História e o último homem”.

Estava lançada uma das bases da maior ofensiva conservadora em escala planetária depois da segunda guerra mundial. Na verdade, Fukuyama era uma das figuras chaves do governo do presidente dos EUA Ronald Reagan.

Mas faltava algo que associado às teses neoliberais na economia e às ideias do “fim da História” completasse o arcabouço de uma doutrina de caráter estratégico que permitisse a construção de uma hegemonia em dimensão planetária.

Assim é que toma corpo definitivo, nos EUA e Inglaterra, um conjunto de políticas institucionais amplamente conhecidas como o multiculturalismo.

Tal foi o investimento midiático e a aceitação acrítica dessas ideias que elas se espalharam pelo planeta como algo incontestável, consagradas pelo termo imperativo do “politicamente correto”.

De acordo com muitos jornalistas, intelectuais, artistas de expressão nacional, etc., o “politicamente correto” é uma expressão utilizada para se exercer um novo tipo de censura, a “censura envergonhada”.

Todos esses fenômenos possuem origem na nova ordem mundial, em um mundo desenhado na hegemonia unipolar dos EUA.

O que se instalou foi uma época regressiva, ou contra-revolucionária, pobre de espírito, mesquinha, intolerante, de fragmentação social.

Portanto o que estamos vivendo é uma crise de civilização, associada a uma crise sistêmica da atual ordem econômica mundial, com a resistência dos povos a essa hegemonia, como ocorre atualmente no Egito e mundo árabe.

Esse multiculturalismo global transformou falsos conceitos em política de Estado. Assim foi no Brasil, nos últimos dezesseis anos, em duas gestões presidenciais distintas, com consequências perniciosas ao pensamento avançado no País.

Na semana passada o premiê inglês Cameron e a chanceler alemã Merkel em entrevista coletiva disseram que o multiculturalismo perdeu a sua utilidade e decretaram a sua falência. A criatura já não é mais útil aos seus criadores. Essa morte anunciada, sinal dos tempos, provocará um terremoto cultural no mundo. Ainda bem.

* Advogado, membro do Comitê Central do PCdoB
* Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.
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  • Multiculturalismo...Já vai tarde

    13/02/2011 19h15 Adeus neoliberalismo, 3º via, pós-modernismo, fim da história, politicamente correto, para nunca mais voltar. Espero que o mundo daqui pra frente seja mais influenciado pelos anos 50 a 80.
    Filipe
    Ipatinga - MG
  • Filho do Neoliberalismo

    12/02/2011 19h58 Concordo com você Luiz, este artigo bota o dedo na ferida desta tese pobre, dissimulada que atende pelo nome de multiculturalismo,ela rebaixa o debate considera tudo certo mas não respeita as diferenças, o politicamente correto é simbolo de itolerancia, tenta esconder o papel da historia, e minimiza a ação politica dos povos, no Brasil tem provocado muitas duvidas entre a população mais joven, é uma das faces "oculta"do neoliberalismo.
    hilario leal
    salvador - BA
  • Dedo na ferida

    12/02/2011 7h35
    Muito oportuno seu artigo, Bonfim. É preciso meter o dedo na ferida dessa cretinice do multicultiralismo e do não menos cretino politicamente correto. Até porque tais conceitos ganharam influência na esquerda brasileira, gerando um certo - e insuportável - fundamentalismo que a eles submete todo e qualquer projeto estratégico. No fundo, ao contrário do que pregam, tais conceitos dividem a sociedade, isolam seus atores sociais em guetos culturais,procuram destruir qualquer idéia mais totalizante. Diante disso, obviamente o "status quo" é todo agradecimentos.
    Luiz Manfredini
    Curitiba - PR
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