Discurso de Lula da Silva (excerto)

___diegophc

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Braga discute o que fazer com a herança romana


Bracara Augusta

21.11.2010 - 15:15 Por Samuel Silva
A herança romana está por todo o lado. Achados de Bracara Augusta vão ser integrados num novo centro comercial, uma opção cada vez mais comum na cidade. Arqueólogos querem maior articulação entre as instituições para valorizar a história.
 
 (Foto: Luís Efigénio/nFactos)

Cinco século de presença romana valem a Braga o epíteto de Roma portuguesa. A herança do Império está um pouco por toda a cidade, que tem tentado aprender o que fazer com ela. No final deste mês é inaugurado um novo centro comercial que vai integrar dois núcleos de achados arqueológicos, uma solução que tem vindo a ser adoptada por cada vez mais investidores. Mas os romanos ainda não são uma arma turística, e podiam ser, alertam os especialistas, que defendem uma maior articulação entre as instituições.

Para captar visitantes, há sete anos, a autarquia criou a Braga Romana, uma feira de época que se realiza na Primavera e, no ano passado, lançou os guias móveis, um dispositivo informático que orienta os turistas pelas ruas da cidade, onde incluiu um roteiro romano por espaços emblemáticos como as Termas da Cividade ou a Fonte do Ídolo. O Barroco continua, porém, a ser o seu principal cartão-de-visita.

"Objectivamente, Braga não tem sabido aproveitar a presença romana", critica Luís Fontes, um dos responsáveis da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM), uma espécie de guardiã da herança do Império na cidade. "Não é admissível que as visitas em alguns locais aconteçam apenas por marcação prévia. Um turista quer chegar, entrar e ver", sustenta. "Falta uma maior articulação entre as instituições", reitera o investigador.

Em Julho do ano passado, Luís Fontes foi um dos promotores da proposta de criação de um Parque Arqueológico no concelho que integrasse os principais sítios bracarenses associados à era romana, criando para isso uma estrutura de gestão partilhada que envolvesse a autarquia, a Universidade do Minho, a Igreja Católica e os dois principais museus da cidade, o Pio XII e o D. Diogo de Sousa.

À espera de verbas

A ideia mereceu o apoio do presidente da câmara, Mesquita Machado, que a incluiu no seu programa eleitoral, mas, quase um ano e meio volvidos, ainda não avançou. "Não vamos deixar cair o projecto", assegura fonte do gabinete do autarca. No entanto, o cenário de crise, que implicou um corte de 30 por cento dos investimentos municipais para o próximo ano, obrigou a um congelamento dos investimentos na arqueologia, incluindo a verba destinada à preservação da ínsula das Carvalheiras.

Mesmo em época de vacas magras, a câmara investe no património, garante o vice-presidente, Vítor Sousa. "Temos valorizado o passado de Bracara Augusta nos vários suportes de promoção turística, especialmente na Galiza, que é o nosso principal mercado", assegura o vereador. A cidade aderiu no ano passado à rede das cidades romanas do Arco Atlântico - que integra, entre outras, Saragoça, Sevilha e Lisboa - e deverá acolher, em 2011, o primeiro congresso dessa associação. Sinal "do relevo e importância" dada à herança romana, comenta Vítor Sousa.

O papel da Câmara de Braga na preservação da presença do Império de Roma na cidade estende-se também à reabilitação urbana. O gabinete municipal de arqueologia avalia todos os pedidos de licenciamento de obras no centro da cidade antes da equipa técnica do Urbanismo. Essa primeira apreciação permite antecipar problemas suscitados por eventuais achados. Mas esta não é uma ciência exacta e as sondagens prévias - que nesta zona são obrigatórias para todas as intervenções - às vezes trazem surpresas, como no caso da recuperação da antiga escola primária da Sé, transformada em sede de junta de freguesia há um ano. As obras permitiram identificar um edifício privado do século I, que manteve ocupação até ao século V, bem como restos dos alicerces da muralha medieval da cidade. Os vestígios foram preservados e podem agora ser visitados, criando um novo local de interesse em Braga.

João Carvalho também teve uma surpresa. O director do grupo Regojo, que no final do mês inaugura o centro comercial Liberdade Street Fashion, na principal avenida da cidade, pensava que as escavações no quarteirão do antigo edifício dos CTT, agora transformado em espaço comercial, "iam ser apenas um trabalho de levantamento". "Afinal tivemos que atrasar o projecto durante um ano", conta.A responsabilidade foi dos arqueólogos da UAUM, que descobriram vestígios de um antiga necrópole (ver caixa) de tal forma raros que não havia outra solução que não a sua preservação in situ. "São dois sítios absolutamente únicos e fomos incapazes de desmontar aquele tipo de ruínas", explica o arqueólogo Luís Fontes.

Os dois núcleos detectados estão agora preservados, à espera de serem musealizados. O público vai, a partir de então, poder visitar um conjunto de sepulturas, onde se incluiu um caixão de chumbo, único em Portugal, com entrada pela fachada da Rua Gonçalo Sampaio, junto ao Theatro Circo. Na fachada oposta, na Rua do Raio, bem em frente ao santuário romano da Fonte do Ídolo, um outra entrada dá acesso ao outro núcleo, onde será mantido um edifício romano construído na época da fundação de Bracara Augusta.

Prejuízos inesperados

Apesar de perder dinheiro, a empresa responsável decidiu aceder à sugestão de musealização feita pela UAUM. "É um contributo que damos à cidade", afirma João Carvalho. "Depois daquilo que os arqueólogos nos explicaram que estava em causa, decidimos jogar o jogo", sublinha. No total, o "jogo" representou um prejuízo de três milhões de euros para o empreendimento, entre alterações ao projecto, trabalhos a mais e rendas perdidas, garante.

José Alberto Pereira não precisou de gastar tanto dinheiro para integrar parte de um muro romano e de um criptopórtico no espaço que será o bar do hotel de design Passeio do Burgo, na Rua D. Afonso Henriques. "Investimos cerca de 100 mil euros, mas pode ser um bom investimento", garante o gerente da Atrito, a empresa de engenharia que promove a construção daquela unidade hoteleira, com abertura prevista para o segundo semestre do próximo ano. "Estamos a desenvolver um hotel temático, que mistura o design e a cultura e presta homenagem às grandes figuras da história de Braga. Preservar os achados fazia todo o sentido", sublinha.

O investimento na integração de elementos históricos em espaços comerciais pode revelar-se uma mais-valia. Foi assim com as Frigideiras do Cantinho, o café que vende os famosos pastéis de carne e massa folhada "made in Braga", fundado no século XVIII. Quase tão famoso como o pastel é o seu piso transparente, em vidro reforçado, através do qual se pode observar parte de uma casa romana e do balneário privado que lhe pertencia. É assim desde 1997 e há clientes "que vêm de propósito para ver o sítio", garante o gerente Fernando Areia. "Não era esse o primeiro objectivo, mas foi bom para o negócio", sublinha.
.
.

Ricardo Freitas . 22.11.2010 18:24
Via Facebook

no fim de contas...

A Soluçao da Câmara de Braga vai ser a do costume: constroi-se uma urbanizaçao por cima! e quem resmungar perde o subsídio da câmara. De resto, gostava de perceber porque a CMB e os sucessivos governos desde 1910 têm apostado tanto em fazer desaparecer todos os símbolos que exisitiam ou aínda restam da cultura celta, a verdadeira identidade cultural de Braga! Será por obediência à Igreja que prefere a "Braga romana"??? Quantos edificios, monumentos, obras, vestígios, foram apagados do mapa nos ultimos 100 anos?? A quem incomoda tanto o facto de Braga ser celta e nao ter muito que ver com a lusitania?
.
Paula Ramos , Braga, Portugal. 23.11.2010

RE: no fim de contas...

Ricardo Freitas: Os celtiberos estiveram por todo o território nacional. Para além do mais, muitas outras tribos, muitos outros povos habitaram no território português. O artigo trata dos vestígios romanos que, seguramente serão em maior número e melhor qualidade. Talvez isso ajude a compreender e a comprovar uma vez mais porque a Língua Portuguesa tem como língua mãe o Latim. Ao Sr. Ricardo interessará porventura privilegiar uma tribo ou um povo, mas note que isso não é correto. Afinal o povo português está consolidado pelos séculos, fruto de uma miscigenação, de migrações constantes dentro do seu território nas mais diversas direcções.
.

Francisco Sande Lemos , Lisboa. 23.11.2010 11:01

A riqueza arqueológica do subsolo de Braga

Em Braga, como aliás em Lisboa, conservam-se testemunhos das sucessivas épocas, embora a presença fenícia esteja comprovada na segunda cidade e até à data nada tenha sido encontrado desse período na urbe minhota. Dos tempos proto-históricos (Bracari) conservam-se os banhos da estação e o santuário da Fonte do Ídolo de origem autóctone, embora mais tarde tenha sido "romanizado". São numerosos os testemunhos da época romana, devido à circunstância de ter sido escolhida pelo Imperador Augusto como sede da Galécia meridional. Mais tarde no século IV foi capital de uma vasta província, a Callaecia que incluía não só o Noroeste Peninsular mas que se estendia à Cantábria. Como referi em anterior comentário os vestígios materiais dos períodos suevo e visigótico são de uma importância excepcional à escala europeia. Quanto à expressão Roma portuguesa diga-se que a Igreja bracarense, uma das mais relevantes da Hispania sempre procurou sublinhar a sua ligação com a ilustre época romana em textos ou no reaproveitamento das epígrafes. Numa das paredes da Sé de Braga está uma inscrição a Augusto.
.

valmar , França. 23.11.2010

RE: A riqueza arqueológica do subsolo de Braga

Gostaria que o Sr Sande Lemos me explicasse como é que caiu na Sé uma divindade egipcia, Isis e porque è que exitem na Europa varios sitios cujo radical é Braga, como Poncione di Braga na Suiça, Bracciano perto de Roma, Bragassargues na França ou Brake na Suécia. Também seria importante de saber as razões que levaram os celtas, oriundos não se sabe de onde, a erguer no Algarve as "pedras fitas" ou ménirs mais antigos do mundo.Como referi no comentario precedente o termo "bragati" ou bracaro não define um povo, mas os povos que vestiam "bragas" ou calças, por oposição aos "togati" que usavam togas. Conclusão, somos os calçudos.
.

Nuno Lívio , Almada, Portugal. 23.11.2010 02:11

Dão-lhes olhos mas não vêem nada!

Nós não somos celtas, nem árabes, nem, nem visigodos: soms tudo isso um pouco genéticamente. mas somos também romanos numa maior proporção. em termos culturais foram os romanos que deixaram a maior marca, na lingua, religião, sociedade. A lingua em que vos escrevo é o latim, claro, já algo descontinuado. portanto é de grande importância a protecção destes achados na Bracara Augusta, tal como a preservação de todos os vestígios dos povos que por cá passaram. Agora, dizer que é tudo conspiração para apagar os vestígios celtas, ou lá o que for, é pura parvoíce, mais uma teoria da conspiração sobre algo inconsequente. E já agora: o maior grupo genético a que pertencemos é aos Iberos, povo indígena que precede até os celtas. Os Celtas deixaram poucos vestígio físicos da sua presença, e foram totalmente aculturados pelos romanos, ao ponto de a determinada altura não haver diferença entre as vilae romanas da Hispânia e de Roma.
.

Pedro , Santarém. 22.11.2010 20:22

povos

É preciso não esquecer que os Mouros toleravam a existência de outras formas culturais e religiosas e apesar de dominarem a penisula no seu todo, excepto as Asturias, não impuseram a religião aos povos que já habitavam estas terras. Por isso a sua presença foi menos sentida no Norte e mais no Sul onde as caracteristas climáticas tinham mais similaridades com aquilo a que estavam habituados isto para além do Sul ser muito menos populoso do que o Norte. Mas... e dos fenicíos e dos hebreus ninguém fala ? - é que eses estavam aqui muito antes dos romanos chegarem e uma boa parte da população portuguesa tem origem nesses dois povos.
.
Fernando Costa , Porto, Portugal. 23.11.2010

RE: povos

Nós não somos descendentes dos Fenicíos . Como muitos outros povos que contactaram com o território que é agora Portugal, os Fenícios tiveram uma presença inequívoca e contribuiram certamente com elementos culturais importantes. Mas eram comerciantes, povo de passagem, com apenas muito pequenas comunidades a localizar-se nos territórios com que comercializavam. Pelo menos fora do Mediterrâneo foi certamente assim. No Mediterrâneo a história é outra, claro. Alguns havemos de ser descendentes dos Fenícios. Mas também dos Vikings e de muitos outros.
.

Comentários 11 a 16 de 16

  1. Valentim , França. 22.11.2010 20:10

    Braga Romana?

    A regra absoluta é que o conquistador introduza a propria religião. Encotraram algum local de culto romano? As minorias que se implantaram longe dos paises de origem, mantêm viva a lingua materna, commo os Boers, de origem holandesa ou os portugueses de Malaca. Hà algum vestigio suevo ou germanico em Braga?A cidade teria sido criada em 17 antes A.C. O que encontramos mais são vestigios e idolos muito anteriores a esta data.O proprio nome de "bracaro" era utilisado para distinguir os mediterranicos que usavam togas "togati", dos calçudos ou "bragati". Os gauleses também eram "bragati". Aquilo que temos de mais seguro é o culto da divindade negra de Guadalupe, que é comum a toda a Europa. Foi para esquecê-la que foi criada a Sra a Branca.Os arabes que invadiram a Peninsula em 711 eram 200, o resto do exercito, 15 000 h era berbere. Nem nos adoptamos o berbere, nem os berberes de Ceuta ou Tanger o arabe ou o português.Braga também é a cidade das P... patranhas.
  2. Francisco Sande Lemos , Lisboa. 22.11.2010 15:29

    Informações complemenrares

    Gostava de esclarecer que os testemunhos da herança sueva e visigótica em Braga são muito relevantes. No Monte de Santa Marta das Cortiças (Falperra) conservam-se os vestígios de um conjunto palatino (palácio) e alicerces de uma basílica anexa, provavelmente defendidos por uma espessa muralha, de que ainda sobreviveram diversos sectores. Trata-se de um conjunto único em Portugal que merecia um outro cuidado por parte da Câmara Municipal de Braga e do Ministério da Cultura. Deviam ter sido valorizado no âmbito do POC. Porque motivo foram esquecidos? Não sei. Somente foi estudada e valorizada a basílica de Dume, o que já é importante. Quanto ao período visigótico será necessário estudar em profundidade o templo de S. Frutuoso e a zona envolvente, protegendo-a de modo corajoso. De resto não faltam em Portugal outros preciosos elementos da época, como as ruínas de S. Gião da Nazaré, sobre a qual foi inquirido o Secretário de Estado da Cultura na mais recente ida ao Parlamento. O Dr. Sumavielle nada acrescentou de concreto. No que diz respeito à presença islâmica em Braga os dados são muito escassos. Talvez a sua dominação a Norte do Douro tenha sido transitória.
  3. Miguel Ângelo de Almeida , Braga, Portugal. 22.11.2010 11:28

    Bem pensado mas pouco visto!

    Reparo que alguns comentários que aqui são postos revelam, o que acho bem, um bom conhecimento da Historia de Braga mas esquecem um ponto fulcral que explica a razão de ser do esquecimento da era Visigótica e Sueva. Braga foi a capital do Reino dos Ostrogodos aderindo pouco depois à fé cristã daí que logo no final do século III depois de Cristo ser nomeado o 1º Arcebispo de Braga S. Pedro de Rates (supostamente nomeado pelo próprio São Tiago). Passados anos os dois reinos que compunham a Península (Ostrogodos e Visigodos) uniram-se na mesma coroa só que aconteceu um facto que explica os poucos indícios encontrados da desta era em Braga que foi a invasão Muçulmana que destruiu a Braga desse tempo, segundo dizem cheia de edifícios de corte romano do qual é bem visível no único exemplar que resto que pode ser visto no edifício da Biblioteca Publica de Braga junto ao Jardim de Sta. Barbara. Daí a pouca visibilidade da época visigótica de Braga a qual tem como expoente máximo na Igreja de S. Frutuoso (na época haviam dois templos importantes (Sé e Igreja de S. Frutuoso). Mas há toda a razão da questão toponímica que devia valorizar mais estas épocas através da atribuição às ruas de ...
  4. José Gonçalves Cravinho , Holanda. 22.11.2010 08:53

    opinando a propósito

    Então os mouros e árabes que correram com os visigodos e que ocuparam o território durante quatro séculos,não são mencionados?Certamente que êles àlem de mais de uma centena de palavras que ficaram no idioma luso,apesar de ser latino,também deixaram semente genealógica
  5. C. Valença , Braga. 21.11.2010 22:59

    Bracara Augusta e Braga Sueva

    Ao contrário de Mérida Braga não aprendeu a orgulhar-se de ter sido uma capital Romana Enquanto Mérida expoe muto a sua captalidade da Lustania Braga não lembra aos nossos irmãos Galegos que foi esta a capital da GaléciaA despropósito n Renascença inventou-se para Portugal O nome de Lusitanea. quando o território de origem era o sul da Galécia e o seu centro e sede religiosa era Braga.Na toponíamia bracarense nenhuma prça ou avenida honra o seu refundador Augusto. Não existe nenhuma estátua do imperador . A maior parte dos habitantes da região sabem certamente o nome do treinador e dos jogadores do club de futebol da cidade e ficam-se por aí.Também a época Sueva devia ser lembrada e novamente a capitalidade de Braga e ao menos o Rei Recaredo.Até os Alemães tratarim os primos com mais consideração Secção Toponímica arrebitem as orelhas.
  6. Amadis , Setúbal. 21.11.2010 15:25

    só os Romanos ?

    e os Suevos e Visigodos ? Ficaram esquecidos?
    • Anónimo , lo, lu. 21.11.2010

      RE: só os Romanos ?

      Não têm relevância em Braga. (...)
      .
      .

Sem comentários: