Discurso de Lula da Silva (excerto)

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domingo, 29 de agosto de 2010

A mídia e o "novo analfabetismo" Venicio A. de Lima *


Colunas

Vermelho - 27 de Agosto de 2010 - 0h45

A mídia e o "novo analfabetismo"

Venicio A. de Lima *

Faz tempo que os estudiosos chamam a atenção para o problema do excesso de informação nas sociedades contemporâneas. Em precioso artigo intitulado "O novo analfabetismo", publicado no Jornal do Brasil, há exatos seis anos, Emir Sader lembrava que:

"Até um certo momento, a capacidade de compreensão do mundo, e de nós dentro do mundo, esbarrava na falta de informações. Mais recentemente, passamos a sofrer o fenômeno oposto: excesso de informações. Nos dois casos, o que sofre é a capacidade de compreensão, de apreensão dos fenômenos que nos rodeiam, que produzem e reproduzem o mundo tal qual é e nós dentro dele. (...) A informação contemporânea, massificada, fragmentada, atenta contra a capacidade de compreensão da realidade como uma totalidade. Os noticiários de televisão enunciam uma enorme quantidade de informação, sem capacitar para sua compreensão, com um ritmo e uma velocidade que impedem sua assimilação e o questionamento do sentido proposto" (íntegra aqui).
Já tive a oportunidade de argumentar neste OI que informação não é conhecimento e que o excesso de informação passou a ser sinônimo de desinformação [cf. "Internet, informação e conhecimento" in OI nº. 297 de 5/10/2004]. Além disso, o principal problema provocado pelo excesso de informação tem sido identificado como a incapacidade do cidadão comum de "compreensão da realidade como uma totalidade".
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Há, todavia, outro aspecto pouco lembrado: a informação que está disponível "em excesso" nem sempre é aquela que permite a "compreensão da realidade como uma totalidade". Ou ainda: não é nem mesmo a informação correta sobre fatos e dados de grande interesse público.
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Presidente muçulmano em país antimuçulmano?
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Parte dos resultados de uma pesquisa nacional realizada nos Estados Unidos pelo conceituado Pew Research Center, agora divulgados, dramatiza essa nova realidade.
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O número de americanos que acredita que o seu presidente é muçulmano tem aumentado ano a ano e chegou a 18% da população, em agosto de 2010. Se somados àqueles que declaram "não saber" ou que ele é de "outra religião" que não a sua, 63% dos americanos desconhecem que Barack Obama, na verdade, é cristão [ver quadro].


Quando perguntados como souberam qual a religião de Obama, 60% daqueles que acreditam que ele é muçulmano citam a mídia. Dezesseis por cento mencionam a televisão como sua fonte.
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Alguns ainda podem acreditar que não se deva atribuir maior significado aos dados revelados pelo Pew Center. No entanto, bastaria lembrar a crescente onda anti-islâmica que varre os Estados Unidos [por exemplo, "The US blogger on a mission to halt `Islamic takeover´"], ou mencionar a manchete de capa da revista Time desta semana [vol. 176, nº. 9] que pergunta "A América é islamofóbica?" e publica os assustadores resultados de outra pesquisa nacional:
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** 25% consideram os muçulmanos americanos não patriotas;
** 28% dos americanos afirmam ser contra um muçulmano integrar a Suprema Corte (nunca houve nenhum); e
** 33% se opõem a um muçulmano concorrendo à presidência.
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E o dever de informar?
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É imperativo, portanto, perguntar: se o grau de informação (desinformação?) dos americanos em relação à crença religiosa do seu próprio presidente expressa a qualidade da informação sendo oferecida pela grande mídia – sobretudo, a televisão –, estaria ela cumprindo sua missão fundamental na democracia que é informar corretamente ao cidadão?
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A lição para nós, brasileiros, é a reiterada necessidade de se estar atento às muitas contradições das posições públicas assumidas pela grande mídia e suas entidades representativas.
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A defesa da liberdade de imprensa em nome do direito de informar – que, na verdade, é o corolário do direito básico do cidadão de ser informado – não significa que a informação necessária e correta esteja disponível. Mesmo em sociedades onde, eventualmente, possa existir "excesso de informação".


* é professor de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010
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* Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.
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  • OS PIGs SÃO COMO TRAFICANTES DE DROGAS

    28/08/2010 20h13
    Este artigo é mais um alerta para todos nós, que os "comedores de luz" entendam que a mídia tem a sua lógica fundamentada na mercantilização da informação, sem se importar qual o tamanho efeito nocivo aos incautos que o absorve como verdade absoluta. Com a intensidade cada vez maior, para que não haja tempo nem para se analisar a origem dassas dessas des-informações, sua utilidade para a sociedade e o porque foi passada naquele momento, daquela forma.Liberdade nunca deve ser comfundida com o abuso e irresponsabilidade de tão poderoso instrumento da atualidade: o uso da concessão pública para um interresse privado.E como ser livre, para vender droga sem sem ao menos pagar nenhum tributo à sociedade.
    JOSÉ EVANGELISTA RIOS DA SILVA
    SALVADOR - BA
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