Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Amores eu tenho - Amália Rodrigues e Natália Correia


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CatarinaR7


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-Clipe de poesia medieval,musicada e gravada por Amália Rodrigues,feito,pela grande editora de montagens incríveis de Amália,Catarina Rocha.
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Amália, Natália Correia e Ary dos Santos
Curiosidades - 20.10.2008


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O álbum chama-se "Cantigas de Amigos" e apresenta-nos, acompanhados à viola e à guitarra, Natália Correia, Amália Rodrigues e José Carlos Ary dos Santos...

Em jeito de homenagem, deixo-vos aqui cinco músicas daquele que eu considero um dos melhores álbuns dela e, porventura, o que é menos conhecido. O álbum chama-se "Cantigas de Amigos" e apresenta-nos, acompanhados à viola e à guitarra, Natália Correia, Amália Rodrigues e José Carlos Ary dos Santos (e a presença implícita de Maluda que desenhou a capa do disco). O que resulta desta reunião é absolutamente genial. A extraordinária capacidade vocal de Amália, a megalomania de Natália Correia e a genialidade de Ary dos Santos resultam numa harmonia perfeita... são minutos de puro deleite e prazer... cada palavra dita faz-nos vibrar que nem cordas de guitarra.
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Infelizmente este disco não conhece edição em CD, o que me parece incompreensível e, acima de tudo, um crime.
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Deixo-vos aqui o texto que Ary dos Santos escreveu a acompanhar a contra-capa do Vinil deste disco Cantigas de Amigos.
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«Era uma vez um livro muito bonito, que cheirava muito bem. Umas vezes a flores, outras vezes a urtigas. Mas a urtigas sadias. Tinha sido feito pela Natália Correia que o desenterrara de alfarrábios muito, muito velhos, com mãos de chama e de poeta. Escusado será, pois, dizer que o livro era de poemas. Eis senão quando, uma bela noite em casa da Amália, os tais poemas sairam das páginas e ganharam voz. Pareciam ervas dançando no meio da sala. O Fontes Rocha foi-os apanhando um a um e fez com eles um feixe de música. O Carlos, o Pedro e o Joel, ajudavam muito. E a Amália deu-lhes um nome como só ela sabe: Cantigas de Amigos. O resto? O resto foi apenas convivio e entendimento perfeitos. Às vezes, pela meia-noite, os poemas tinham fome e comiam sopa de coentros e arroz de bacalhau. O Rui e o João também apareceram e ficaram calados que nem ratos ao pé do Ribeiro, que é um mágico que sabe fazer música com luzes, enquanto este regia a orquestra. Depois, chegou a bruxa Maluda (que por sinal é bem bonita) a cavalo numa vassoura, com um pincel e uma tesoura. E zás, pôs-nos a todos na Idade Média. Parece uma história para meninos, é certo. Mas não é verdade que, no Natal, todos gostamos de nos sentirmos um pouco mais crianças? Ou anjos com caracóis de fios de ovos, como diz a Natália...»
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Os poemas que então escolhi são:


Amores eu Tenho, Cantiga de Amigo (Tenção) de Pero Meogo - Amália Rodrigues e Natália Correia

Vim Esperar o Meu Amigo, Cantiga de Amigo (Tenção) de Bernaldo de Bonaval - Ary dos Santos e Amália Rodrigues

Lá Vão as Flores, Cantiga de Amigo de Paio Gomes Charinho - Amália Rodrigues

E Pede-me Agora o Que Não Devia, Cantiga de Amigo de João Garcia de Guilhade - Amália Rodrigues

Ah, Quisesse Deus, Cantiga de Amigo d'El Rei D. Dinis - Amália Rodrigues


José Daniel Ferreira
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http://www.portaldofado.net/content/view/1049/233/

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Regresso às Crónicas: A Poesia Medieval Portuguesa

As Cantigas de Amor, de Amigo, de Escárnio e Mal-Dizer, da Idade Média, são no fundo, os primeiros textos de Canções ou baladas , que mais tarde, tiveram continuidade no Fado. Alain Oulman , percebendo que a essência poética do Fado, repousava nessas Cantigas, tomou a iniciativa de pesquisar as linguagens musicais da época, e compôs expressamente algumas musicas, inspiradas em estruturas musicológicas desses tempos imemoriais. Natália Correia, juntou-se à equipe, adaptando os poemas para o Português actual, e Amália Rodrigues deu voz a esse trabalho.

Um dos trabalhos que teve edição discográfica, foi esta Cantiga de Amor, do poeta e trovador JOÃO GARCIA DE GUILHADE, que pela sua graça e mordacidade, assumindo palavras de sua amada, valerá a pena recordar:
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..."E PEDE-ME AGORA O QUE NÃO DEVIA"
REPARASTES, DONAS, QUE NO OUTRO DIA
O MEU NAMORADO, COMIGO FALOU
COMO SE QUEIXAVA ? TANTO SE QUEIXOU
QUE LHE DEI O CINTO. DEI - LHE O QUE PODIA;
E PEDE-ME AGORA, O QUE NÃO DEVIA.
VISTES ( ANTES NUNCA TAL COISA SE VISSE ! )
QUE À FORÇA DE MUITO, MUITO SE QUEIXAR,
FEZ-ME DA CAMISA O CORDÃO TIRAR;
O CORDÃO LHE DEI ; NO QUE FIZ TOLICE;
E O QUE PEDE AGORA, ANTES NÃO PEDISSE.
DAS MINHAS OFERTAS, JOÃO DE GUILHADE,
ENQUANTO AS QUISER, NÃO O PRIVAREI,
QUE MUITAS E BOAS, JÁ DELE ALCANCEI;
NEM LHE NEGAREI, MINHA LEALDADE.
MAS... DE OUTRAS LOUCURAS, TEM ELE VONTADE !
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João Garcia de Guilhade
Poeta e Trovador Medieval Português
Deliciosa Cantiga, não acham ?
Publicado por Valéria Mendez em outubro 27, 2004 01:40 AM 
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