Entrevista
por Ana Rita Guerra, Publicado em 10 de Fevereiro de 2010 |
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A empresa garante que houve mais 20 multinacionais atacadas na China que não tiveram coragem de falar
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Horas antes de a Google anunciar que o Gmail vai ter integração com as redes sociais, a responsável europeia pela área de privacidade da empresa, Bárbara Navarro, esteve em Lisboa. Veio falar numa conferência sobre segurança e privacidade, para assinalar o dia da internet segura. E garantiu ao i que a gigante norte-americana não é o Big Brother que dizem ser.
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O que é que a Google faz com os dados dos seus utilizadores?
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Guarda-os durante um período de tempo limitado. Nada mais. Todas as informações que temos dos utilizadores estão disponíveis numa página de controlo [dashboard], que qualquer pessoa pode ir ver e controlar. Somos uma empresa pioneira em ter esta plataforma, dizendo aos utilizadores "aqui está tudo o que temos sobre si".
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Quanto tempo guarda os dados?
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Nove meses. No centro de segurança explicamos que dados são retidos e porquê. Duas razões: prevenir ataques aos nossos sistemas e permitir que o motor de busca aprenda (daí poder sugerir coisas). Não temos outro interesse em guardar dados.
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Porque continua então a ser acusada de usar mal os dados? Chegou a ser questionada pela Comissão Europeia...
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Isso já foi há algum tempo. Mudou muito nos últimos anos. As grandes empresas como a Google não querem uma internet em que aconteçam infracções. Queremos uma plataforma limpa, sã.
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Mas ainda há dias a Google anunciou que ia associar-se à National Security Agency (NSA) por causa dos ciberataques de que foi alvo e grupos de consumidores levantaram dúvidas.
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Há aqui várias coisas. A internet criou uma certa noção de insegurança em relação à privacidade do utilizador, no geral. Não é o Google. Todos sentimos insegurança na internet. As leis do comércio electrónico não estão bem desenvolvidas em certos países, não sabemos se o nosso cartão de crédito vai parar às mãos de outros. Isto produziu maior atenção sobre as maiores empresas que operam na internet, como a Google. A segunda parte é: o que fazem com os meus dados? Temos de repeti-lo: nada.
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As políticas são as mesmas em todo o mundo?
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Sim, já houve casos em que tivemos problemas com governos por recusarmos ceder dados. Só fornecemos os dados quando há uma ordem judicial. Nunca passamos daí. Somos muito restritivos.
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Mesmo na China?
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As mesmas. A questão na China é outra, tem a ver com os resultados que omitimos no motor de busca. Estamos em conversações com o governo chinês em relação às buscas, mas no que respeita à privacidade não.
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Se o governo chinês pedir a identidade de um cibernauta não dão?
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Temos as mesmas políticas em todo o mundo. A única diferença na China é o tema dos resultados. E não podia ser de outra maneira, somos uma empresa global. O caso da China demonstra como a Google é fiel às suas políticas.
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Os ataques ao Google na China podem fazer temer pela segurança dos dados?
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Mas que dados tem a Google? De mim não tem muitos. Sabe o que procuro? Não sabe que sou eu! Há empresas que sabem muito mais dos utilizadores. Cada vez que se faz uma compra online dão-se os números do cartão de crédito, o email, passaporte. Mais de 20 empresas foram atacadas na China, mas a Google foi a única com coragem de o revelar. Foram empresa estrangeiras atacadas e calaram-se por medo da reacção dos consumidores.
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Mas a Google não constrói perfis e estatísticas com base nos dados que tem?
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Podia fazê-lo, mas não o faz. Está fora de questão. Somos transparentes, as nossas políticas de privacidade são públicas. Não usamos os dados para coisa nenhuma, nem vender, nem dar, nada. Cumprimos a legislação. Somos uma empresa séria e transparente.
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A Google lançou um anúncio na Super Bowl sobre como é fácil reconstruir os passos de uma pessoa só com as pesquisas que faz. Porquê?
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Vamos dar a volta ao tema. A ferramenta que lançámos para seguir a gripe [flu trends] não identifica pessoas. São dados acumulados das buscas das pessoas. As pessoas procuram o que as preocupa. Há uma grande semelhança entre a vida real e o que se procura na internet. Medimos os dados sobre buscas da gripe e comparámos com os dados das autoridades sanitárias de cada país. Resultado: os dois gráficos são um decalque perfeito. As buscas em Janeiro e Fevereiro caíram completamente, porque já ninguém fala da gripe A. Mas isto não é o Big Brother. Ninguém sabe que tu e eu estamos à procura das palavras "dor de garganta" no Google. Isso é irrelevante.
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Deve ter-se cuidado com o "rasto" que deixamos nos motores de busca?
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Todos os navegadores têm a opção "apagar histórico da internet". Se o cibernauta está preocupado é só apagá-lo. Também pode activar a opção "navegar incógnito". Há ferramentas para proteger a privacidade. As pessoas têm é de as usar. Se quiser não me encontram numa rede social.
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Acredita que os fornecedores de internet e a Google devem ser neutros ou têm responsabilidade nos conteúdos?
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Se as operadoras tivessem responsabilidade acabava o negócio. Não podem filtrar o que aparece na internet, isso chocaria com outros temas, incluindo o da privacidade. Para evitar que haja cartas ameaçadoras abre-se todo o correio?
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Quais as preocupações da Google?
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Ter ferramentas de combate à pornografia, terrorismo, conteúdo inadequado. Temos filtros nos motores, YouTube, Orkut, Blogger. Alertar e divulgar informação.
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Que conselho deixa aos utilizadores?
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Todos temos capacidade para gerir a nossa privacidade e é importante que conheçamos os termos e condições das ferramentas que utilizamos. Pensar antes de agir na internet.
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O que é que a Google faz com os dados dos seus utilizadores?
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Guarda-os durante um período de tempo limitado. Nada mais. Todas as informações que temos dos utilizadores estão disponíveis numa página de controlo [dashboard], que qualquer pessoa pode ir ver e controlar. Somos uma empresa pioneira em ter esta plataforma, dizendo aos utilizadores "aqui está tudo o que temos sobre si".
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Quanto tempo guarda os dados?
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Nove meses. No centro de segurança explicamos que dados são retidos e porquê. Duas razões: prevenir ataques aos nossos sistemas e permitir que o motor de busca aprenda (daí poder sugerir coisas). Não temos outro interesse em guardar dados.
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Porque continua então a ser acusada de usar mal os dados? Chegou a ser questionada pela Comissão Europeia...
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Isso já foi há algum tempo. Mudou muito nos últimos anos. As grandes empresas como a Google não querem uma internet em que aconteçam infracções. Queremos uma plataforma limpa, sã.
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Mas ainda há dias a Google anunciou que ia associar-se à National Security Agency (NSA) por causa dos ciberataques de que foi alvo e grupos de consumidores levantaram dúvidas.
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Há aqui várias coisas. A internet criou uma certa noção de insegurança em relação à privacidade do utilizador, no geral. Não é o Google. Todos sentimos insegurança na internet. As leis do comércio electrónico não estão bem desenvolvidas em certos países, não sabemos se o nosso cartão de crédito vai parar às mãos de outros. Isto produziu maior atenção sobre as maiores empresas que operam na internet, como a Google. A segunda parte é: o que fazem com os meus dados? Temos de repeti-lo: nada.
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As políticas são as mesmas em todo o mundo?
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Sim, já houve casos em que tivemos problemas com governos por recusarmos ceder dados. Só fornecemos os dados quando há uma ordem judicial. Nunca passamos daí. Somos muito restritivos.
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Mesmo na China?
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As mesmas. A questão na China é outra, tem a ver com os resultados que omitimos no motor de busca. Estamos em conversações com o governo chinês em relação às buscas, mas no que respeita à privacidade não.
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Se o governo chinês pedir a identidade de um cibernauta não dão?
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Temos as mesmas políticas em todo o mundo. A única diferença na China é o tema dos resultados. E não podia ser de outra maneira, somos uma empresa global. O caso da China demonstra como a Google é fiel às suas políticas.
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Os ataques ao Google na China podem fazer temer pela segurança dos dados?
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Mas que dados tem a Google? De mim não tem muitos. Sabe o que procuro? Não sabe que sou eu! Há empresas que sabem muito mais dos utilizadores. Cada vez que se faz uma compra online dão-se os números do cartão de crédito, o email, passaporte. Mais de 20 empresas foram atacadas na China, mas a Google foi a única com coragem de o revelar. Foram empresa estrangeiras atacadas e calaram-se por medo da reacção dos consumidores.
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Mas a Google não constrói perfis e estatísticas com base nos dados que tem?
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Podia fazê-lo, mas não o faz. Está fora de questão. Somos transparentes, as nossas políticas de privacidade são públicas. Não usamos os dados para coisa nenhuma, nem vender, nem dar, nada. Cumprimos a legislação. Somos uma empresa séria e transparente.
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A Google lançou um anúncio na Super Bowl sobre como é fácil reconstruir os passos de uma pessoa só com as pesquisas que faz. Porquê?
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Vamos dar a volta ao tema. A ferramenta que lançámos para seguir a gripe [flu trends] não identifica pessoas. São dados acumulados das buscas das pessoas. As pessoas procuram o que as preocupa. Há uma grande semelhança entre a vida real e o que se procura na internet. Medimos os dados sobre buscas da gripe e comparámos com os dados das autoridades sanitárias de cada país. Resultado: os dois gráficos são um decalque perfeito. As buscas em Janeiro e Fevereiro caíram completamente, porque já ninguém fala da gripe A. Mas isto não é o Big Brother. Ninguém sabe que tu e eu estamos à procura das palavras "dor de garganta" no Google. Isso é irrelevante.
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Deve ter-se cuidado com o "rasto" que deixamos nos motores de busca?
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Todos os navegadores têm a opção "apagar histórico da internet". Se o cibernauta está preocupado é só apagá-lo. Também pode activar a opção "navegar incógnito". Há ferramentas para proteger a privacidade. As pessoas têm é de as usar. Se quiser não me encontram numa rede social.
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Acredita que os fornecedores de internet e a Google devem ser neutros ou têm responsabilidade nos conteúdos?
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Se as operadoras tivessem responsabilidade acabava o negócio. Não podem filtrar o que aparece na internet, isso chocaria com outros temas, incluindo o da privacidade. Para evitar que haja cartas ameaçadoras abre-se todo o correio?
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Quais as preocupações da Google?
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Ter ferramentas de combate à pornografia, terrorismo, conteúdo inadequado. Temos filtros nos motores, YouTube, Orkut, Blogger. Alertar e divulgar informação.
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Que conselho deixa aos utilizadores?
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Todos temos capacidade para gerir a nossa privacidade e é importante que conheçamos os termos e condições das ferramentas que utilizamos. Pensar antes de agir na internet.
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