Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Oficina dos Ovos-Moles de Aveiro - Conhecer, fazer e provar


Em barricas ou em hóstias, os ovos-moles de Aveiro querem-se docinhos e de cor bem amarela. Na Oficina do Doce revela-se a história e prova-se a iguaria conventual. A confecção chega ao visitante que pode participar no enchimento e no corte. Na descoberta deste atractivo da nossa doçaria exploramos, ainda, a importância da Indicação Geográfica Protegida e a indústria, crescente, das barricas de madeira.

Sara Pelicano | segunda-feira, 2 de Novembro de 2009
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Correm na Ria os moliceiros. Barcos de borda baixa, com proa e ré bem torneadas. Pintados de cores vivas, retratam quase sempre cenas caricatas do dia-a-dia. Desfilam pela ria de Aveiro, também nome de cidade, captando olhares curiosos. Nas margens, as atenções voltam-se para as barricas, pintadas com cenas do mar e pequenas formas marítimas, como búzios, amêijoas e conchas. Assim se apresentam os ovos-moles de Aveiro. Na cidade o doce conventual típico tornou-se atractivo turístico, existindo mesmo locais onde o visitante pode confeccionar ovos -moles. «Na visita à Oficina do Doce, o visitante terá oportunidade de conhecer todo o envolvimento histórico associado à origem desta especialidade da cidade de Aveiro, seguido de demonstração in loco da forma de fabrico dos ovos», explica Rui Miguel Almeida, da administração da Oficina do Doce, localizada no centro da cidade. É nesta área de confecção que os mais audazes podem meter mãos na massa. «Para os visitantes interessados, convidamo-los a participar no enchimento e corte, que representa a parte final da produção dos Ovos-Moles de Aveiro», conta Rui.
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A despedida deste local didáctico sobre os ovos-moles faz-se com uma prova. O doce da cidade à beira ria terá nascido nos conventos existentes na região até ao século XIX. Por essa altura os conventos foram extintos, mas a receita das freiras continuou viva nas mãos das jovens educadas nas instituições religiosas. A proximidade com a ria e com o mar deu ao doce formas de amêijoas, búzios e conchas. Nas estações de comboios, as doceiras, vestidas a preceito, tinham bancas de venda. Adoçavam a boca dos viajantes. Os ovos-moles de Aveiro foram assim sobrevivendo ao avanço do tempo e ainda hoje se confeccionam de acordo com a receita original. «A certificação de Indicação Geográfica Protegida (IGP) é uma grande mais-valia para o produto e seus produtores, uma vez que garante que daqui em diante, só poderão estar à venda os ovos-moles de Aveiro que respeitem integralmente a receita original, que envolve a qualidade das matérias-primas e, evidentemente, o saber fazer das doceiras que o confeccionam», afirma o também vice-presidente Associação de Produtores de Ovos Moles de Aveiro (APOMA).
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Na descoberta da Oficina do Doce, Rui Miguel Almeida levanta uma pontinha do véu que encobre o segredo desta iguaria aveirense. O segredo como nos diz, «está muito associado à qualidade das matérias-primas e à experiência das doceiras que o confeccionam».
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A riqueza dos ovos-moles
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O doce que se serve em hóstias com formas do mar e dentro de barricas ilustradas também elas com imagens marítimas tornou-se um atractivo turístico. Os ovos-moles ganham adeptos nas margens da ria de Aveiro do mesmo modo que os moliceiros captam atenções para os mesmos canais que serpenteiam a cidade. Rui Miguel Almeida confessa que tem havido um incremento da procura de ovos-moles e associa este crescimento ao trabalho de «divulgação que temos feito, quer a APOMA, quer os diversos produtores, pela qualidade do produto apresentado, quer pela participação em feiras do sector». O mesmo responsável deixa claro que «a doçaria ocupa uma posição muito importante na indústria da cidade e no seu crescimento, são muitas e boas as ofertas dentro da doçaria que o visitante encontra por cá». A par da riqueza directa que os ovos-moles geram, nasce uma indústria paralela, as barricas. «Existe apenas uma empresa na cidade que se dedica à produção das barricas de madeira pintadas à mão. Neste momento sabemos que o negócio das barricas de madeira tem tido algum crescimento e portanto perspectiva-se que vá continuar de boa saúde», comenta Rui Miguel Almeida, deixando um alerta «as barricas de madeira e porcelana, juntamente com a hóstia são as três forma possíveis de apresentação dos ovos-moles de Aveiro. Quaisquer outras formas de apresentação não são permitidas».
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