Discurso de Lula da Silva (excerto)

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ventura Terra em Lisboa - A caminho da demolição

 

12.1.10


A caminho da demolição

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Estes três prédios da autoria do Arquitecto Ventura Terra (1866-1919), no cruzamento entre a Av. da República e a Av. Elias Garcia, estão a caminho da demolição integral de interiores e fachadas posteriores. Toda a história aqui e aqui. Mais um passo a caminho da total destruição desta zona da cidade...
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Publicada por jt em 09:54
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5 de Jan de 2010


Att. Presidências da CML, AML, IGESPAR e Ordem dos Arquitectos


A CML “comemora” os 100 anos da República com a demolição de prédios emblemáticos da Avenida da República, construídos pelo seu primeiro vereador republicano, Arq. Ventura Terra!

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A Assembleia da República organizou, e bem, entre 26 de Março e 31 de Julho de 2009, uma exposição sobre a vida e obra do eminente Arquitecto Ventura Terra (1866-1919) autor do projecto original daquele hemiciclo.
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Nessa exposição foram expressamente mencionados 3 prédios de rendimento de luxo construídos na Avenida da República (Nº 46-46-A e Av. Elias Garcia, Nº 60-62), símbolos por excelência da “imagem de marca” da jovem República.
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Paradoxalmente, contudo, a essa exposição e a quem a organizou foi, e é, completamente indiferente a CML, senão veja-se:
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Em 29 de Maio de 2005, a CML, através da sua vereadora Eduarda Napoleão (e sem que o seu presidente, Santana Lopes, a tivesse contradito), aprovou a demolição integral dos ricos interiores daqueles três edifícios, bem como as suas fachadas a tardoz. Motivo: esventramento do subsolo para estacionamento e construção/ampliação de novos edifícios para habitação e escritórios. Restarão as fachadas principais, sabe-se lá como.
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Em 10 de Dezembro de 2008, em reunião de executivo, a CML aprovou por maioria (Favor: PS, PSD e LCC; Contra: PCP; Abstenção: CPL e BE) o licenciamento das obras.
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Tudo aprovado sem que a CML alguma vez tenha feito aplicar a lei a um proprietário que, paulatinamente, deixou que os telhados daqueles edifícios se deteriorassem, arrancou portadas e janelas e destruiu varandas de cantaria e ferro.
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Tudo aprovado no desrespeito pelo facto daqueles imóveis estarem incluídos na Carta do Património Municipal.
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Curioso o interesse dos turistas que por ali passam e vão fotografando estes edifícios de Ventura Terra, bem como os do lado de lá da Avenida da República, na outra esquina com a Av. Elias Garcia, construídos por outro eminente arquitecto das primeiras décadas da República, Arq. Norte Júnior, e que se arriscam a ter igual destino.
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Curioso o interesse do endinheirado americano que há poucas semanas tentou comprar e levar para a América o fabuloso elevador do prédio de gaveto.
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Curioso este país, curiosa esta cidade.
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A 9 meses do 5 de Outubro de 2010 aqui fica o nosso protesto, o nosso lamento.


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Paulo Ferrero, Fernando Jorge e Júlio Amorim

Anexo: Fotos e breve descritivo dos prédios em apreço.


Publicada por CIDADANIA LX em 8:31:00 AM
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5 de Jan de 2010


Vamos demolir um "Ventura Terra" na Av. da República e no Centenário da República!?

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Estes três prédios de rendimento foram destacados na recente exposição dedicada ao Arquitecto Ventura Terra (1866-1919) que esteve patente na Assembleia da República entre 26 de Março e 31 de Julho de 2009.
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A exposição foi «uma homenagem da Assembleia da República ao autor do projecto original do Hemiciclo inaugurado em 1903». De facto, este será sem dúvida um dos mais importantes criadores de arquitectura para a jovem República Portuguesa, nomeadamente para a capital.
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Afinal, Ventura Terra foi candidato, e eleito, Vereador Republicano para a Câmara de Lisboa em 1908.
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Os edifícios que projectou para Lisboa foram verdadeiros modelos, pois fundaram um padrão de qualidade que faltava à capital. Muitos construtores civis copiaram elementos da sua arquitectura ajudando assim a criar uma determinada imagem de prédios de rendimento nas primeiras duas décadas do séc. XX.
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Lisboa já demoliu várias obras suas (ex: Av. António Augusto de Aguiar e Rua Duque de Palmela 35-37) mas ainda sobrevivem cerca de 26. Destas, algumas estão em sério risco de demolição como a Casa de Júlio Gualberto Costa Neves na Rua Rosa Araújo 37 e o conjunto de três prédios erguidos pelo republicano Joaquim dos Santos Lima na Av. da República 46 / Av. Elias Garcia 62.
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A 11 de Julho de 2005 a CML, mais precisamente a Vereadora Eduarda Napoleão, aprovou a demolição integral dos interiores. Apenas ficam as fachadas principais pois as posteriores serão também demolidas.
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Obras com projecto de 1906, constituiem exemplos raros dos prédios de rendimento de luxo da Av. da República. Os interiores, perfeitamente recuperáveis, são de grande qualidade espacial e construtiva. Apresentam tectos de estuques artísticos, paineis de azulejo Arte Nova e portas de madeiras exóticas. A entrada do prédio de gaveto, marcada com um grande arco de cantaria, é um trabalho notável. Após transposto o átrio circular (que se repete em todos os pisos), uma elegante escadaria elíptica ainda mantém o elevador de origem (que já teve oferta de compra da parte de estrangeiros!). Na fachada podemos observar barras de azulejos Arte Nova da famosa Fábrica das Devezas.
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Vergonhosamente, e em vésperas do centenário da primeira vereação republicana, a CML aprovou a demolição destes imóveis de autor. A sua qualidade aquitectónica e construtiva foram ignoradas apesar da sua protecção estar consagrada na Carta Municipal do Património anexa ao PDM. Estes não são meros prédios de pato-bravo do princípio do séc. XX. São testemunhos do que melhor se fazia na capital da jovem República Portuguesa. São obras de Arquitectura criadas por Ventura Terra.
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Mais do que lançar foguetes e tocar a banda, celebrar o centenário da República é salvaguardar testemunhos arquitectónicos notáveis, como este, para as próximas gerações.
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Mas será que Lisboa vai passar pela vergonha extrema de assistir à demolição deste conjunto arquitectonico de Ventura Terra na Av. da República e no ano do centenário da República?
Fórum Cidadania Lx
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NOTA: A Av. da República faz parte do primeiro edital de alteração de toponímia da vereação republicana datado de 5 de Novembro de 1910. A Câmara republicana alterou a toponímia de 10 arruamentos, substituindo os nomes das individualidades demasiado comprometidas com o regime anterior e os topónimos de cariz religioso por outros evocativos dos novos ideais republicanos. Da lista do primeiro edital fazia parte a Av. da República (para substituir a artéria até aí designada por Av. Ressano Garcia) e a Av. Elias Garcia (propagandista e jornalista republicano, para substituir a artéria até aí designada por Av. José Luciano).
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FOTO: Os três prédios de luxo levantados pelo republicano Joaquim de Santos Lima numa fotografia de c. 1910. Arquivo Fotográfico Municipal
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Publicada por FJorge em 8:30:00 AM
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