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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Grandes momentos do cinema - Eric Rohmer (1920-2010)





Diário Catarinense - 13 de janeiro de 2010 | N° 8682

CINEMA

Eric Rohmer foi pioneiro da nouvelle vague

Cineasta que morreu na segunda-feira, aos 89 anos, deixou legado de filmes autorais, de caráter intimista, sempre focado em relações amorosas e com forte viés filosófico

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A morte do cineasta francês Eric Rohmer, na segunda-feira, em Paris, aos 89 anos, encerra um importante capítulo da história do cinema.
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Nascido Jean-Marie Maurice Schérer em 21 de março de 1920, em Tulle (França), Rohmer foi um dos maiores nomes do cinema e figura central da nouvelle vague – “nova onda”, movimento do final dos anos 1950 criado por jovens críticos como Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e François Truffaut (1932-84) que questionava o cinema clássico francês.
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Rohmer era conhecido por seu estilo intimista, com filmes sobre desencontros amorosos que colocavam a palavra no centro da ação cinematográfica. Seus diálogos tomavam a forma de divagações filosóficas.
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Em artigo publicado em sua edição eletrônica, o jornal Le Monde classificou a obra de Rohmer como uma “concepção muito francesa da arte”.
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“Clássico e romântico, inteligente e iconoclasta, leve e sério, sentimental e moralista, ele criou o ‘estilo Rohmer’, que sobreviverá a ele”, disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em nota oficial, acrescentando que Rohmer foi um “grande autor, que continuará dialogando conosco e nos inspirando por anos e anos”.
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– Cada um de seus filmes era um jogo compartilhado, com regras próprias, em que cada ator fazia sua parte – disse Serge Toubiana, diretor da Cinemateca Francesa.
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Camus e Renoir foram influências
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Rohmer venceu o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra no Festival de Veneza, em 2001, e foi indicado ao mesmo prêmio pelo filme Os Amores de Astrée e Céladon em 2007, ainda inédito no Brasil. O diretor foi indicado uma vez ao Oscar, por melhor roteiro, em 1971, por Minha Noite com Ela. Venceu também o Urso de Prata, no Festival de Berlim, pelo filme A Colecionadora, em 1967.
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Em texto publicado segunda-feira, o Le Monde lembra ainda sua “sutileza espiritual, seu gosto pela impertinência e pela liberdade”, classificando o diretor como “representante do cânone do cinema francês” e, ao mesmo tempo, um “clássico contrariado”.
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Antes de se dedicar à direção de filmes, Rohmer foi crítico de cinema e comandou a revista Cahiers du Cinéma de 1957 a 1963. Rohmer era considerado o mais conservador do grupo.
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Nas críticas que escreveu, defendia o cinema clássico de Hollywood e foi um dos primeiros a reconhecer a importância do britânico Alfred Hitchcock.
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–Há em todos os meus filmes algo que não é leve – afirmou Rohmer em entrevista de 2007.
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Cita entre suas influências o norte-americano Howard Hawks, o francês Jean Renoir e o italiano Roberto Rossellini. Na literatura, enumera entre seus preferidos o escocês Robert Louis Stevenson e o norte-americano Herman Melville.
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Diretor fez filmes que não passaram no Brasil
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Lembra-se também de O Estrangeiro (1942), de Albert Camus, livro que inspirou sua ideia de um “presente no passado”.
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– É um pretérito simples, só que no presente. Não marca a continuidade da ação, mas o momento da ação – disse.
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Rohmer tem três principais ciclos: os Contos Morais; Comédias e Provérbios (ambos com seis filmes cada um); e Contos das Quatro Estações.
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São inéditos no Brasil seus três últimos filmes:Triple Agent (2004), Le Canapé Rouge (2005) e Os Amores de Astrée e Céladon (2007).
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.Multimídia

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Grandes momentos do cinema - Eric Rohmer (1920-2010)

Rápida e modesta homenagem a um dos grandes do cinema francês  contemporâneo (pós-nouvelle vague), vai abaixo um extrato de Amor à Tarde, filme que Eric Rohmer lançou em 1972, logo após o festejado O Joelho de Claire (1970).
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Rohmer morreu esta semana, aos 89 anos, deixando uma obra significativa, composta por filmes em sua maioria dedicados a investigar os paradoxos das relações amorosas e invariavelmente divididos em séries como a dos Seis Contos Morais ou a dos Contos das Quatro Estações. Esta última, composta por quatro longas-metragens, cada um com o nome de uma estação do ano, foi exibida integralmente em Porto Alegre num ciclo da Sala P.F. Gastal na virada dos anos 1990 para os 2000 - se minha memória de cinéfilo não estiver me traindo.
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No total, foram 24 longas, entre os quais Minha Noite com Ela (1969) e O Raio Verde (1985), homenagem a Julio Verne que lhe rendeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, maior prêmio de toda a sua carreira.
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Amor à Tarde, último de seus Seis Contos Morais, como você pode ver abaixo, vê com uma fina e significativa ironia as inquietações masculinas em relação ao desejo - e à fantasia de possuir todas as mulheres possíveis. O pequeno burguês insaciável e um tanto ridículo é interpretado por Bernard Verley. O trechinho tem legendas em inglês e também em espanhol.
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Depois, na sequência, vai também uma compilação de todos os filmes de Rohmer disponíveis em DVD no Brasil (lançados pela distribuidora Europa).
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Rohmer em DVD no país:
O Signo de Leão (1959)
A Padeira do Bairro (1963)
A Carreira de Suzanne (1963)
A Colecionadora (1967)
Minha Noite com Ela (1969)
O Joelho de Claire (1970)
Amor à Tarde (1972)
A Marquesa D’O (1976)
A Mulher do Aviador (1981)
O Casamento Perfeito (1982)
Pauline na Praia (1983)
Noites de Lua Cheia (1984)
O Raio Verde (1986)
As Quatro Aventuras de Reinette e Mirabelle (1987)
O Amigo de Minha Amiga (1987)
Conto de Primavera (1990)
Conto de Inverno (1992)
Conto de Verão (1996)
Conto de Outono (1998)
A Inglesa e o Duque (2001)
Os Amores de Astrée e Céladon (2007)
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Postado por daniel_feix, às 12:19 - Blog Cineclube
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