Discurso de Lula da Silva (excerto)

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

“Diários de Motocicleta”, de Walter Salles Jr.,

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Segunda-feira, 12/10/2009
Cinema
Julio Daio Borges





Digestivo nº 175 >>> Fuser
“Diários de Motocicleta”, de Walter Salles Jr., é o filme da estação. Não adianta: você vai cansar de ler sobre ele. Isso porque o filme é bom, com um tema de apelo universal, direção cuidadosa, atuação exemplar, e locações esplendorosas da América Latina. Há uma meia dúzia de “senãos”, claro, como o “Momento Sebastião Salgado”, ao final, mas nada que comprometa o conjunto. Walter Salles já foi muito mais político, e tinha tudo para ser bastante político nesse filme, mas não foi. O que é um paradoxo. A grande razão de ser de “Diários de Motocicleta” é o fato de ele tratar da juventude de Che Guevara, que foi um líder revolucionário. Ocorre, porém, que o grande apelo do filme reside no fato do humanismo, puro e simples, superar quaisquer considerações comunistas, socialistas ou de esquerda. O “engajamento” posterior fica sugerido – afinal essa foi a “viagem de formação” do Che –, mas a pregação não é ostensiva, apesar do tom de documentário, em algumas passagens, como se o personagem colhesse depoimentos. E Gael Garcia Bernal é o ator latino da vez. Já tinha dado as caras por aqui no fraco “O Crime do Padre Amaro” (2002). E quem prestou bastante atenção na aparição de Caetano Veloso no Oscar no ano passado, lembra-se de Bernal apresentando o intérprete de “Burn it Blue” (“Frida”, 2003) como “um amigo”. (Dado que o ator também está no último de Almodóvar, pode-se imaginar as conexões.) De qualquer forma, é um grande passo para o cinema brasileiro que agora tem um diretor que não pertence só ao Brasil mas ao mundo. Nem Glauber Rocha alcançou tal prestígio; Fernando Meirelles talvez um dia alcance. A “latinidad” está “de moda” no cinema mundial; assim como um certo “orientalismo” para as massas. Gente que nunca ouviu falar de Che Guevara pode agora admirá-lo na sua inocência pré-militância, pois sua “obra” posterior – se considerarmos um balanço até os dias atuais – ficou inacabada, ou falhou vergonhosamente, por conta de figuras hoje lamentáveis como Fidel Castro. E o livro, para quem se empolgou com a sessão, não é bom; embora pareça, Che não foi grande coisa como escritor (fora a mão do “Ministério da Desinformação” cubano nos escritos, que deformou o pouco que havia de autenticidade original). Enfim, “Diários de Motocicleta” é um feito importante, mas nada que transcenda as salas de exibição.
>>> Diários de Motocicleta

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