Discurso de Lula da Silva (excerto)

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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sem Augusto Boal, o que fazer do Teatro do Oprimido?


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Representantes de 25 países — da Áustria ao Sudão, dos Estados Unidos ao Nepal, da Suécia à Palestina — começaram a desembarcar no Rio para realizar um sonho do diretor de teatro Augusto Boal, morto em maio de leucemia. A partir desta terça-feira (21), até segunda-feira, o Rio será a sede da 1ª Conferência Internacional do Teatro do Oprimido, para discutir o futuro do método criado por Boal nos anos 60, durante a ditadura militar. A apresentação das peças é aberta ao público.

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Hoje existem 150 núcleos do Teatro do Oprimido em 55 países. Por esse trabalho, Boal chegou a ser indicado ao Nobel da Paz, em 2008. Não ganhou, mas, em março deste ano, foi nomeado Embaixador Mundial do Teatro pela Unesco. “Temos um movimento forte no mundo. Chegou a hora de discutir qual o futuro do Teatro do Oprimido”, acredita Helen Sarapeck, coordenadora geral do Centro do Teatro do Oprimido e discípula de Boal há 19 anos.

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O método se baseia na crença de que qualquer pessoa pode fazer teatro. Mais do que isso. Acredita na força do teatro para mudar a vida dos oprimidos. As peças usam problemas reais de um determinado grupo e estimulam a discussão pública de qualquer tema.

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No Brasil discute-se, por exemplo, a luta pela posse da terra. Em Moçambique, o combate à aids. Na Palestina, a violência de Israel nos territórios ocupados. Na Alemanha, a força dos grupos neonazistas. Na França, o preconceito contra os imigrantes. Na Índia, os abusos contra mulheres. “Não faltam oprimidos no mundo. Por isso mesmo nossa luta é grande”, acredita o sociólogo Geo Britto, que acompanhou Boal por 19 anos.

A metodologia é a técnica do Teatro Fórum. O grupo apresenta uma cena curta, de uns 15 minutos, e termina com a pergunta: o que o espectador faria se estivesse no lugar daquele personagem? “É ele quem dá a resposta. Por exemplo, uma peça em que a mulher apanha do marido. O que você faria no lugar dela? Cada espectador encena a solução proposta e os outros atores reagem. A gente trava um grande debate com a plateia de temas que muitas vezes são tabus”, explica Helen.

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O encontro que ocupa dois teatros da Caixa Cultural, no centro do Rio, é, antes de tudo, uma homenagem ao criador do método. Boal, carioca do subúrbio da Penha, filho de um padeiro e de uma dona de casa, morreu desfrutando de mais prestígio no exterior do que no Brasil. “Na Inglaterra as escolas públicas ensinam o método nas aulas de teatro. Em São Francisco e em Nova York é comemorado o Dia do Teatro do Oprimido. A cada dois anos é realizado um festival na Áustria e na Escandinávia”, enumera Geo Britto.

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“No Brasil, conseguimos crescer — mas ainda estamos longe do que podemos”, diz Helen. Sem Boal, tudo fica mais difícil. “Ficamos mais tristes sem ele aqui. Mas vamos preenchidos das coisas que ele deixou para a gente. Não são apenas os livros, os textos, o método, mas um legado de cidadania, de fraternidade, de acreditar que o outro é seu irmão. Aprendemos tudo isso com ele.”

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Uma das definições mais precisas do método criado por Augusto Boal veio dos Estados Unidos. O autor é Richard Schechner, da New York University. “Boal conseguiu fazer aquilo com que Bertolt Brecht (diretor alemão) apenas sonhou e escreveu: um teatro alegre e instrutivo. Uma forma de terapia social.”

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Da Redação, com informações do O Estado de S. Paulo

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in Vermelho - 21 DE JULHO DE 2009 - 19h18
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