Discurso de Lula da Silva (excerto)

___diegophc

domingo, 16 de março de 2008

ALGUMAS LIVRARIAS SÃO NECROTÉRIOS

* Carlos Vaz

.

Segunda-feira, Março 10, 2008


livrarias, cemitérios ou jardins?

ainda há meses vos falava da falta de espaço dado às obras de autores portugueses, nas ditas "livrarias de massa". De um modo geral, os funcionários que trabalham nas livrarias de grandes superfícies, como a Bertrand ou a Fnac, etc., vendem os livros como mera cosmética, por isso não vêem os autores portugueses como um bom investimento, atribuindo-lhes espaços medíocres e dando pouco visibilidade à literatura contemporânea do nosso país.
.

Como se não bastasse, na maioria dos casos, nos escaparates atribuídos aos autores portugueses, encontramos, geralmente, todos os autores lusófonos; aos nacionais, apenas se dá ênfase aos escritores ditos mais mediáticos.
.

Nestas livrarias de grandes superfícies, depressa são despejados, dos escaparates para o armazém, autores de enorme referência, como Vergílio Ferreira, que parece estar cada vez mais esquecido. Como se não bastasse há, nalgumas livrarias portuguesas - como em tudo - a cultura literária do necrotério, um autor falecido é lhe imediato dado um espaço de protagonismo mórbido. Como nestes últimos anos, infelizmente, muitos dos grandes autores faleceram, os escaparates do cantinho dedicado à literatura portuguesa edificaram autênticos cemitérios: Mário Cesariny, Eugénio de Andrade, Fiama Hasse P. Brandão; Sophia M. B. Andresen, Luís Pacheco… e mais recentemente a minha querida Maria Gabriela Llansol. Ainda há algumas semanas, encontrar um livro de Llansol, numa "livraria de massa", era quase impossível e a visibilidade dada a autora era rara ou inexistente. Bastou a autora falecer e os escaparates foram ao baú, enchendo-se de títulos de obras como epitáfios , e dos livros fizeram as lápides de uma literatura que não morreu e nunca morrerá, encontrando-se cada vez mais viva entre os seus leitores.

.

Resta-nos, felizmente, um escape, as livrarias das esquinas, das ruas, das paixões que ainda existem, e que são muitas, são essas que frequento, criando amizades e cumplicidades com os verdadeiros promotores das obras portuguesas. Nessas livrarias, não há necrotério, mas sim a apologia da vida, dos autores vivos (mesmo alguns terem já falecido, não sei se me entendem). Os funcionários dessas livrarias, que recomendo, são gente séria, verdadeiros apaixonados, que não gostam de passear por cemitérios, mas por jardins de língua portuguesa. Para esta gente, um muito obrigado

.

.


in

Textuliano - o blog de carlosvaz - a visitar

.

Nota do editor

-


Poderia subscrever este texto, pelo que resolvi transcrevê-lo no Galeria & Photomaton, esperando que o seu autor se não importe.

.

Lembro-me que uma vez fui à Sá da Costa em busca de livros de teatro e descobri preciosidades e «antiguidades», empoleirado num escadote. Mas noutras livrarias como a Barata, a FNAC ou a Bertrand o teatro, p. ex., está nas prateleiras de baixo, forçando o interessado a desistir ou a ficar numa posição incómoda, porque a única aceesível seria estirar-se no chão.de barriga para baixo com quatro braços e mãos, dois para se apoiar e dois para pesquisar e folhear.

.

O mesmo sucede com a poesia, por vezes. Isto para não falar nas grandes superfícies, onde os livros são vendidos como batatas, por vezes mesmo ao kg, quando «antigos» e fora do prazo de validade. Dentro deste «brilham» pela casca e com um indíce de «envelhecimento» e descartabilidade impressionantes.
.

.

ADENDA

.

Carlos Vaz, editor do Textuliano, chamou-me a atenção para um lapso meu na denominação do seu blog.

.

«Só um apontamento, o meu espaço não se chama "tertualino", mas "textualino", uma palavra da escritora recentemente falecida, Maria Gabriela Llansol. Textualino dá-se, essencialmente no encontro do leitor com o texto. Não tem importância o engano, mas agradecia a correcção.

Obrigado mais uma vez

Carlos Vaz»

.

A correcção está feita nos dois posts. Claro que é evidente que o blog se chama Textuliano, nome que chama a atenção, está bem visível, mas por qualquer «traição» cerebral minha, houve uma transcrição errada, talvez provocada pela associação com tertúlias, como espaço de encontro e troca de ideias, como havia ainda nos longínquos tempos meus de estudante, que o seu post dedicado a Ana de Sousa Dias «reavivou».

.

Os cafés muitas vezes eram espaço de tertúlias que frequentemente«cederam» lugar para agências bancárias, e as pequenas livrarias que tentaram ressuscitá-las como em Évora (na Rua Serpa Pinto; não me lembro do nome mas o proprietário tinha vindo do Nazareth), ou Setúbal (Culsete, Hemus e UniVerso) acabaram por encher o espaço com mais prateleiras e mais livros. Talvez a Livraria Antecipação em Setúbal tenha continuado até há pouco a ser vagamente isso, mas tal acabou com a reforma do senhor Graça, tal como a UniVerso do Raposo ainda o será.

.

Claro que os «espaços» culturais da FNAC e da Barata, em Lisboa, p. exemplo, não são a meu ver lugares tertulianos, e o da Livraria nas caves dos cinemas King. onde vou muitas vezes e os livros de teatro estão acessíveis, também o não é, se é que alguma vez pretendeu sê-lo.

.

2 comentários:

Anónimo disse...

Só um apontamento, o meu espaço não se chama "tertualino", mas "textualino", uma palavra da escritora recentemente falecida, Maria Gabriela Llansol. Textualino dá-se, essencialmente no encontro do leitor com o texto. Não tem importância o engano, mas agradecia a correcção.
Obrigado mais uma vez

Victor Nogueira disse...

Caro amigo
A correcção está feita nos dois posts. Claro que é evidente que o blog se chama Texruliano, nome que chama a atenção, esrá bem visível, mas por qualquer «traição» cerebral minha, houve uma transcrição errada, talvez provocada pela associação com tertúlias, como espaço de encontro e troca de ideias, como havia ainda nos longínquos tempos meus de estudante, que seu post dedicado a Ana de Sousa Dias «reavivou»
Victor Nogueira